Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - APRENDENDO A DISCERNIR - 8
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APRENDENDO A DISCERNIR - 8
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Mateus 7:21.
Um belo discurso teológico não significa um bom curso de vida cristã. Há uma galeria de gente ilustre, que fala bonito da boa teologia, mas que jamais passou por uma conversão; tem boa conversa e convincente, embora não produza frutos espirituais.
Não estou falando de resultado em crescimento da estrutura eclesiástica, pois os tais "profetas" ou líderes são bem produtivos. Falo - de frutos de vida eterna. Ter êxito no ministério terreno, não significa ser exitoso na vida espiritual. Há muita gente, na igreja, que granjeia grande prestígio, mas, que, nada significa para o reino de Deus.
Por exemplo, esses ministros que Jesus se refere são bem sucedidos. Porém, inúteis aos propósitos do Pai. Muitos, naquele dia, vão me dizer: Senhor, Senhor! Não é verdade, que temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expulsamos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi com toda clareza: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós, os praticantesda iniquidade.Mateus 7:22-23. Essa turma aqui fala bem e faz muita coisa, mas Jesus não a conhece.
O curso da vida deles discrepa do discurso e Jesus referiu-se aos seus ensinos como corretos, mas incoerentes: Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem.Mateus 23:3.
Já foi dito: "hipócrita é o pessoa que faz com que a sua luz brilhe de tal forma diante dos outros, que eles não possam saber o que está acontecendo por trás dela". Pura ilusão de gente "ilustre"! É papo demais no cardápio e papa de menos no prato.
Parece estranho isso o que vos faço compreender, que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.1 Coríntios 12:3. Como conciliar os textos?
Se ninguém pode dizer: Senhor Jesus, senão pelo Espírito, como é que pode o sujeito dizer: Senhor, Senhor e não entrar no Reino dos céus? Uma coisa é a fala, outra é a confissão. Alguns discursam até bem e dizem: Senhor, Senhor, embora, não confessem a Jesus como Senhor. Sim, convencem os outros que Jesus é Senhor, só não confessam Jesus como o seu Senhor. Falam bem e certo, todavia não creem nem vivem o que falam.
Vamos procurar expor o texto, usando o significado dos verbos traduzidos aqui, por dizer: o que vos faço compreender,é que ninguém ao falar pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode afirmar o senhorio de Jesus, confessando: Senhor Jesus!, a não ser pelo Espírito Santo. A confissão da fé é muito diferente da declaração de uma crença. A primeira gera martírio, a outra, só um ministério.
Os ministros, na passarela, exibem a aparência; os mártires, no seu calvário, a vida de Cristo. Não é o que eu falo, nem mesmo como falo, mas como vivo, se é que pela fé, vivo segundo a vontade de Deus. Jesus disse que só entra no Reino dos céus aquele que faz a vontade do Seu Pai que está no céu. O que vale é o curso e não o discurso.
Uma boa pregação não significa que o pregador seja regenerado. Ele pode ser um bom pregador e ter uma boa pregação e, mesmo assim, não ser uma nova criatura. O fato de pregar bem, não quer dizer que ele seja salvo. Deus pode usar qualquer um para realizar alguns dos seus propósitos. Por isso, precisamos entender que não é o pregador, mas a Palavra de Deus que salva o Seu povo. A jumenta de Balaão pregou certo.
Todos nós precisamos aprender a discernir. Há um episódio na Bíblia, em que um profeta novo, com uma revelação de Deus, se deixou enganar pela astúcia do profeta velho, que queria levar vantagem com a sua experiência. (1Reis 13:11-32).
A nossa bússola, rumo à Nova Jerusalém, é a vontade de Deus. Jesus atirou no alvo: Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou.João 5:30. O Filho, antes de tudo, é obediente. A rebeldia nos desqualifica como seguidores dAquele que tinha como identidade, fazer a vontade do Seu Pai.
Todavia, o discípulo de Cristo é aquele que faz a vontade do Pai. Se quisermos saber a autenticidade de nossa experiência, devemos examinar o prazer que nos envolve em fazer a vontade de Aba. O salmista entende isto: - agrada-me fazer a tua vontade, ó Deus meu; dentro do meu coração, está a tua lei.Salmos 40:8.
Se o objetivo de Jesus era fazer a vontade do Pai, o prazer dos seus discípulos é, também, o mesmo. Ainda que a nossa vontade seja fraca, como a nossa carne, é o Pai quem nos habilita a querer com o seu querer. Se fomos alcançados pela Sua vontade e a nossa vontade se conformar com a Sua, então, podemos orar: seja feita a tua vontade.
Quando a nossa vontade que não quer Deus, for vencida pela vontade de Deus que nos quer, então a nossa vontade, conquistada pela vontade de Deus, tem o prazer de fazer a vontade do Pai, com toda a boa vontade.
Fazer a vontade de Deus por mera obrigação é uma tirania. Fazê-la, por medo, é outro suplício. Muitos, constrangidos pela culpa, tentam, de algum modo, executar a boa vontade de Deus, mas se veem exaustos. Ainda têm aqueles que querem fazê-la como se fosse troca de favores, por puro interesse, enquanto, outros se empenham, por vergonha.
Nada disso faz sentido, pois todo o céu está esperando para ajudar aquele que pela graça, descobriu que a vontade de Deus é o centro da verdadeira felicidade e a quer vivê-la, mediante a graça.Porque esta é a vontade de Deus, em Cristo Jesus.
Gosto do que François Fenelon disse: “Faça desta regra simples o guia de sua vida: não ter vontades, a não ser a vontade de Deus.” Se for esta a nossa vontade, então, a vontade de Deus que nos alcançou se encarregará de fazer com que façamos a vontade dEle, de boa vontade. Não haverá nenhuma dificuldade de nossa parte.
Volto ao início. Ser um ministro importante e ter o ministério bem sucedido não são garantias de que tal pessoa seja uma nova criatura. Uma das coisas que dá evidência de que fomos regenerados pela graça, é nossa vontade, querendo fazer a boa vontade de Deus, de boa vontade. A família de Jesus é aquela movida à vontade de Deus. Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe. Marcos 3:35.
Sucesso, prosperidade e importância não são sinais de vida espiritual autêntica ou atestado de que Deus esteja nesse negócio. Muitas vezes são fraquezas que revelam a nossa dependência de Deus e a autenticidade de nossa confiança. Abraham Wright foi preciso ao definir a vida de fé: "Sou abençoado por minhas enfermidades, enriquecido por minha pobreza e fortalecido por minha fraqueza".
Também, moralidade em si, não significa vida espiritual autêntica, muito menos, vida cristã. Um sujeito irrepreensível, moralmente, não quer dizer que já tenha nascido do alto. Todavia, se alguém for nascido do novo terá uma vida moral com o caráter de Cristo.
Segundo Horace Bushnell, "a moralidade considerada separadamente da vida e caráter de Cristo, é simplesmente outro nome para a decência no pecado". Assim, todo cuidado é pouco com os pecados nobres. Poucas coisas evidenciam maior presunção, do que uma moral ilibada, sem a manifestação da vida zoê, isto é, a vida de Cristo.
Precisamos da ética de Cristo para expressar a vida cristã, contudo, não é pelo fato, apenas, de ter uma vivência moral impoluta que expressamos a vida cristã. Há muita gente ética que jamais experimentou o novo nascimento. Uma vida moralmente digna, ou sem escândalos, não é sinônimo de uma vida regenerada por Jesus Cristo.
O centurião romano, Cornelio, foi descrito como homem reto, piedoso, temente a Deus e de bom conceito perante o povo judeu, mas precisava nascer de novo. A justiça própria pode ser o maior impedimento para se depender da graça.
O apóstolo Paulo, um religioso de primeira classe, renunciou à sua justiça para ser achado nele, (em Cristo) - não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé. Fil 3:9.
A fé tem duas mãos; com uma,renuncia à justiça própria e a joga fora... com a outra, ela se reveste da justiça de Cristo. O verdadeiro cristão é alguém que foi justificado e que jamais precisa se justificar, uma vez que, a justiça de Cristo garante, inteiramente, o perdão dos pecados e o poder da santificação pela graça. Aleluia. Amém.