Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - Com a Versão da Conversão
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Com a Versão da Conversão
A conversão é um processo instaurado pela graça de Deus na experiência humana e administrado pelo poder do Espírito Santo, mas envolvendo uma decisão pessoal responsável. Somente Deus pode nos converter. Ninguém que foi convertido de verdade tem a consciência de que se converteu. Não há qualquer iniciativa do homem no projeto da conversão. Se estamos convertidos é porque fomos convertidos. Não há conversão autárquica e com autodinamia. Entretanto, ninguém pode negar a responsabilidade moral, que cada pessoa tem na deliberação individual.
A conversão é uma obra de Deus que envolve escolha deliberada. Sabemos, pelas Escrituras, que o ser humano, no seu pecado, não tem o menor interesse em buscar a Deus. Do céu, olha Deus para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Não há justo nem se quer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus. Salmo 53:2 e Romanos 3:10,11. Não há cogitação de Deus na intenção natural do homem. Deus não faz parte da diligência inata e do empenho espontâneo de qualquer criança. Todo enfoque de Deus na realidade humana é induzido pelo sistema religioso, apesar das evidências irrefutáveis da criação. Deus não é lógico ao raciocínio ingênito e é um disparate ao pensamento egoísta do pecado; por isso, todo esforço em buscá-lo, antes de sermos buscados, é irrelevante e antipático.
A Bíblia mostra, que desde o princípio, quando o homem pecou, a iniciativa da busca é divina. Foi Deus quem veio ao encontro dos nossos pais camuflados e escondidos, propondo uma salvação. E chamou o Senhor Deus ao homem, e lhe perguntou: Onde estás? Então o Senhor Deus disse à serpente... Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar. Gênesis 3:9,14a,15. A história da salvação é uma sucessão de atitudes de Deus a procura do ser humano, com o propósito de libertá-lo do pecado. Todo empenho do encontro fica por conta da insistência celestial. Jesus veio dos céus a fim de buscar os pecadores: Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido. Lucas 19:10. O assunto da salvação foi agendado por Deus e agenciado pelo Espírito Santo, enviando Jesus Cristo como único agen-te desta empreitada. Nunca estamos mais perto de Cristo do que quando nos encontramos perdidos, mara-vilhados com seu amor indizível.
Se Deus alguma vez apareceu na terra, visivelmente, foi na pessoa de Jesus Cristo, para promover a reconciliação do homem com Ele. Assim sendo, a conversão é um projeto de Deus, inaugurado por Deus, realizado em Cristo e levado a efeito pelo Espírito Santo, mediante o convencimento do pecador. Em face da resistência do pecado e da rebeldia do pecador contra Deus, o próprio Deus, em sua graça, convence o homem do seu estado de incredulidade e o leva, através da pregação do Evangelho, a querer o que antes era sua indisposição. Quando o Espírito vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo; do pecado, porque não crêem em mim. João 16:8-9. O pecador só passa a se interessar por Deus, quando é convencido pelo Espírito Santo, por meio da pregação da Palavra. Porque Deus nos buscou pela sua graça, nós podemos nos voltar a Ele, movidos por sua misericórdia. Nós amamos porque Ele nos amou primeiro. 1 João 4:19. Porque Ele me buscou com seu amor incondicional, meu coração foi conquis-tado pelo seu favor imerecido. A graça me convenceu; a graça me conquistou; a graça me levou a escolher a conversão, como uma decisão responsável.
A conversão é um processo de origem divina que culmina com uma preferência persuadida pela suficiência da graça. Não há coação nem imposição constrangedora. Nem uma pessoa é salva fora de sua resolução volitiva, mesmo sabendo que ninguém por si mesmo ambiciona esta deliberação. Se um homem pudesse desejar ele mesmo ser salvo, com a mesma facilidade poderia mudar de idéia e desejar perder a salvação. Mas somos capacitados pela graça a concluir a necessidade da decisão pessoal, apesar de verificar, que a vontade do homem no pecado não é livre, pois é escrava dos desejos e instintos depravados. Mesmo assim, Deus não violenta a decisão humana, mas con-vence o coração de tal modo, que deliberadamente resolve assumir a gra-ça da decisão comprometida. Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças... Não é um esforço do homem para conseguir a conversão, mas uma determinação proveniente de uma capacidade oriunda do poder de Deus.
A conversão é um milagre e uma realização. É um processo soberano da graça divina e uma decisão persuadida da responsabilidade humana. É Deus quem nos converte, mas também somos convertidos e nos convertemos. Não sejais como vossos pais, a quem clamavam os primeiros profetas, dizendo: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Convertei-vos agora dos vossos maus caminhos e das vossas más obras; mas não ouviram, nem me atenderam, diz o Senhor. Zacarias 1:4. O imperativo verbal não é exigência impossível. Quando Jesus ordenou ao paralítico: Levanta-te, toma o teu leito e anda, não estava requerendo o impossível de um aleijado. Ao mesmo tempo que ordenava, habilitava. Convertei-vos, não é impor-tunação de implicância, mas requisito da competência concedida por Deus.
A conversão tem toda uma motivação e operação divina, contudo tem um consentimento pessoal determinado pela graça de Deus. O grande poder de Deus na conversão de um pecador é a mais misteriosa de todas as suas obras, pois efetua tanto o querer como o realizar da sua boa vontade, sem jamais coagir a responsabilidade moral de cada pessoa. Nenhum homem pode ser convertido se Deus não o converter. Nenhum homem pode ser convertido se não se converter. Nenhum homem se converte se não quiser. Nenhum homem pode querer se Deus não agir mediante a sua graça, convencendo a sua vontade. Porquanto, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por minha causa, achá-la-á. Mateus 16:25.
É Deus o causador de todo o processo de conversão, mas nunca podemos permitir que nossa teologia nos roube nossa responsabilidade. Somos moralmente responsáveis diante de Deus porque somos feitos à imagem de uma Divindade moral. A verdadeira conversão requer decisão ante a realização divina. A fé é um dom de Deus, mas também é uma posição do homem em face da graça operante. O arrependimento é uma dádiva da bondade de Deus, mas também é uma atitude humana em relação ao seu estado de pecado. O homem natural nunca deseja Deus, mas precisa, pela operação da graça divina, querer de modo efetivo a sua conversão, a fim de ser convertido. O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve diga: Vem! Aquele que tem sede, venha,
e quem quiser receba de graça a água da vida. A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor. Apocalipse 22:17, Atos 11:21. Não há conversão sem que Deus tenha convertido. Não há convertido que não se converteu. Converte-me, e serei convertido, porque tu és o Senhor, meu Deus. Na verdade, depois que me converti, arrependi-me; depois que fui instruído, bati no peito. Jeremias 31:18c, 19a.