Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - A Conversa da Conversão
![](../content/imgsite/separador-ib.jpg)
A Conversa da Conversão
Matthew Henry aponta: A reflexão é o primeiro passo em direção à conversão. E a exposição da Palavra de Deus é o primeiro passo para a reflexão. A conversão é um processo que se inicia com a revelação do amor de Deus e da natureza humana apresentados pelas Escrituras. A conversão é um seguimento que principia com a reflexão, de acordo com a revelação da mensagem bíblica, e que culmina com a regeneração, mediante a obra plena de Cristo Jesus. A conversão é uma obra progressiva e profunda, até chegar na completa rendição. Sem a pregação da Palavra de Deus não pode haver a reflexão necessária. Sem a reflexão não se instaura a marcha da conversão. Sem que haja a conclusão do processo de conversão, que redunde na total submissão, não teremos regeneração. Sem o ato consumado do renascimento, não existe possibilidade de principiar a evolutiva santificação. E sem santificação não haverá glorificação, e, conseqüentemente, nunca houve salvação. Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio de sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que crêem por meio da loucura da pregação de sua Palavra. 1 Coríntios 1:21. A partida está na pregação.
A conversão é um processo que tem o seu início com a reflexão e que termina com a total renúncia do nosso ser. Ela pode ser longa ou curta, branda ou intensa, mas será sempre um processo que envolve a rendição do ego, até a renúncia total. O holocausto só será aceito, quando tudo estiver sobre o altar. O coração consagrado integralmente é a marca incontestável de uma conversão ultimada. Jamais podemos afirmar que esta obra está completa se houver reservas em nossos corações. Talvez por isso, Dr. Stanley Jones foi muito forte: Dois terços dos membros das igrejas pouco ou nada sabem acerca da conversão como uma experiência pessoal. Creio que não é exagero. A situação, hoje em dia, é ainda mais grave do que no tempo referido pelo escritor. A conversão realizada é muito mais do que aceitação inconformada. Não se tra-ta de acordo diplomático nem de nego-ciação comercial. A verdadeira conver-são implica no abandono de todas as nossas prerrogativas, na desistência dos nossos direitos, na rejeição de nossa re-putação e na negação de todo o nosso egoísmo. Se, amando a mim mesmo, me perdi, é renunciando a mim mesmo que devo ganhar-me, ensinava Sto. Agostinho.
Converte-me e serei convertido. Este é o programa da conversão autêntica. Muitas vezes ouvimos pessoas dizerem. Quando eu me converti! Certamente aqui está a tragédia desta história. Ninguém pode se converter. Nós podemos nos render diante da graça de Deus. A conversão é um processo divino que envolve o dom da fé, através da Palavra; a convicção de pecado, por meio do Espírito Santo; e o arrepen-dimento, fruto da bondade de Deus, culminado na graça de nossa renúncia. O homem está escravizado a tudo aquilo que ele não pode abandonar, a menos que abandone a si mesmo. E ninguém pode renunciar-se a si mesmo, fora do desespero patológico, se não for mediante a graça operante de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, a conver-são é algo divino que culmina com esta disposição de William Penn: Nenhuma dor; nenhuma palma; nenhum espinho; nenhum trono; nenhuma amargura; nenhuma glória; nenhuma coroa! Nenhuma ambição pela importância. Nenhum medo da humilhação. Quem se conhece melhor, desconsidera-se a si mesmo e não se deleita nos louvores que os outros divulgam.
Por isso, a conversão é arrematada na certeza de que a coisa central no cristianismo é a submissão final e total do ego, a sua renúncia, a rejeição inteira da vida à vontade e ao caminho de Deus. Quando alguém chega a esta condição, então chegou ao ponto final de sua luta, a fim de poder iniciar sua nova caminhada em direção à santidade. Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Mateus 16:24. Renunciar-se a si mesmo é o apogeu da obra graciosa da conversão. Tomar a sua cruz é aceitar a sua morte juntamente com Cristo, para que a vida de Cristo na ressurreição, o torne capaz de trilhar o caminho da santidade. Ninguém consegue andar na estrada viva da santificação, sem coação nem constrangimento, se não houver passado primeiro pela morte compartilhada com Cristo. Não há coisa mais enfadonha do que a tentativa de santificação do homem velho. A chamada de Deus é o apelo para uma vida pura. Só a podem atender aqueles que estão dispostos a renunciar toda falsidade, imundícia e superficialidade. Ninguém quer experimentar a sua morte juntamente com Cristo, se não estiver disposto a negar-se a si mesmo. Ninguém adquire a consciência de sua renúncia, se não tiver uma revelação bíblica de sua real natureza. Ninguém pode ter uma visão profunda de sua natureza, se não conhecer a grandiosidade do amor de Deus, revelado em Cristo Jesus.
O fim da conversão leva o homem a abandonar-se a si mesmo e entregar-se totalmente ao Senhor Jesus Cristo. A conversão é o completo esvaziamento da vida do homem, enquanto a regeneração é o seu pleno enchimento, com a vida de Cristo. A semente morre para que surja uma nova vida; o mesmo ocorre com o homem na conversão. Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer.
1 Coríntios 15:36. Assim, a conversão termina com a morte do velho homem, ao passo que a regeneração começa com a nova vida em Cristo. A conversão é a gestação da morte do velho homem na cruz. A regeneração é o parto do novo homem na ressurreição. A conversão termina com o antigo script. A regeneração enceta um novo roteiro. Quando alguém está unido com Cristo, é uma nova pessoa; acabou-se o que é velho, e o que é novo já veio. 2Coríntios 5:17. A conversão não se conforma apenas com uma reforma humana, mas se fundamenta na obra que transforma perfeitamente o caráter.
Muitos confundem a conversão com convenção. O convertido com convencido. Muitos membros de igrejas nunca foram convertidos; foram apenas convencidos a um sistema convencional. Os homens podem estar correndo para a perdição com o nome de Jesus em seus lábios. Equivoca-se freqüentemente, quem supõe que a conversão significa ser batizado numa igreja. Temos ouvido com repetição: Ele era desviado, agora se reconciliou. Desviado de quem? Reconciliou com quem? Este é um problema antigo. Mistura-se a salvação em Cristo com participação na igreja. A velha tese que sustentava que a salvação está na igreja, é falsa. A salvação está unicamente em Cristo, e de Cristo não há desviados. Todos estaríamos constantemente desviando-nos, se não fosse a graça de Deus. Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora. João 6:37. Apostasia é assunto ligado à fé religiosa e não à experiência pessoal de fé em Cristo. Nós podemos nos desviar da igreja, nunca de Cristo. A apostasia é sempre fruto de uma decepção, vinculada aos interesses vantajosos, depois de uma aparente conversão. A apostasia é causada por vida religiosa sem o experimento da conversão. Santos sem conversão, conversão sem regeneração, regenera-ção sem santidade são a grande tragédia do cristianismo. Para alguns de nós, a maior habilidade parece ser, em parecer o que realmente não somos. Por este motivo, a grande necessidade da igreja dos nossos dias se concentra na súplica: Converte-me, e serei convertido, porque Tu és o Senhor, meu Deus!