Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - AS TRÊS PARÁBOLAS DOS PERDIDOS II - O PAI
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AS TRÊS PARÁBOLAS DOS PERDIDOS II - O PAI
Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. O filho mais jovem disse ao pai: ‘Quero a minha parte da herança’, e o pai dividiu seus bens entre os filhos. Lucas 15:11-12.
Esta é a 3ª parábola, que Jesus contou, que fala da Trindade se envolvendo na salvação dos perdidos. Já vimos as duas primeiras, que apontam para o Filho e o Espírito Santo, nesta ordem, pela obra da redenção. Agora vamos abordar a história do Pai.
Deus, o Pai, é descrito aqui como um homem que teve dois filhos. O filho mais novo, chamado de pródigo, tipifica o pecador rebelde que um dia se arrepende, enquanto o filho mais velho ilustra o pecador que se acha digno, como os escribas e fariseus. Estes se acham filhos de Deus por criação, mas eles não são filhos de Deus por redenção.
“Um pródigo é aquele que é imprudentemente extravagante, que gasta dinheiro desperdiçando tudo. Esse filho ficou cansado da casa de seu pai e decidiu que queria sair. Ele mal podia esperar que seu pai morresse e, portanto, pediu sua parte da herança antes do tempo. O pai distribuiu a seus filhos a parte apropriada”. Este pai é sui generis.
Alguns dias depois, o filho mais jovem arrumou suas coisas e se mudou para uma terra distante, onde desperdiçou tudo que tinha por viver de forma desregrada. Quando seu dinheiro acabou, uma grande fome se espalhou pela terra, e ele começou a passar necessidade. Lucas 15:13-14.
Logo depois, este filho mais novo partiu para um país distante e gastou todo seu dinheiro livremente em prazeres vinculados ao pecado. Assim que seus fundos acabaram, uma depressão severa tomou conta da terra, e ele se viu como indigente. O único emprego que conseguiu foi como alimentador de suínos - um trabalho dos mais desagradáveis para o judeu comum da época. Tornou-se um pária, um excluído para a sociedade de então.
Convenceu um fazendeiro da região a empregá-lo, e esse homem o mandou a seus campos para cuidar dos porcos. Embora quisesse saciar a fome com as vagens dadas aos porcos, ninguém lhe dava coisa alguma. Lucas 15:15-16.
Enquanto observava os porcos comendo suas vagens e lavagens ele os invejava. Os porcos tinham mais para comer do que ele, e ninguém parecia disposto a ajudá-lo. Os amigos que tinha antes, quando gastava dinheiro livremente, desapareceram. Muitos dos amigos da bonança desaparecem nos tempos da escassez.
Alguém disse: “Na prosperidade, nossos amigos nos conhecem; na adversidade, nós conhecemos quem são os nossos amigos.” E Horatius Bonar vai mais além: “No dia da prosperidade temos muitos refúgios aos quais recorrer; no dia da adversidade, somente a um.” Parece que podemos concluir - somente quem nos ama de verdade pode nos aparar, além do que, o fim de nós mesmos pode ser o início de nossa redenção.
Quando finalmente caiu em si, disse: ‘Até os empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu estou aqui, morrendo de fome. Vou retornar à casa de meu pai e dizer: Pai, pequei contra o céu e contra o senhor, e não sou mais digno de ser chamado seu filho. Por favor, trate-me como seu empregado’. Lucas 15:17-19
A fome provou ser uma bênção disfarçada. A crise é uma boa mestra. Isso o fez avaliar a sua situação. Ele se lembrou que os empregados contratados de seu pai estavam vivendo mais confortáveis do que ele. Eles tinham muita comida para comer, enquanto se encontrava morrendo de fome. Enquanto pensava nisso, decidiu fazer algo a respeito.
O jovem criou juízo e resolveu ir para a casa do seu pai em arrependimento, reconhecendo seu pecado, em busca de perdão. Percebeu que não era mais digno de ser chamado filho de seu pai e planejava pedir um emprego como um trabalhador contratado, talvez para ressarcir parte dos prejuízos. Ele ainda não entendia o que é a graça.
Então voltou para a casa de seu pai. Quando ele ainda estava longe, seu pai o viu. Cheio de compaixão, correu para o filho, o abraçou e o beijou. Lucas 15:20.
Muito antes de chegar à sua casa, seu pai o viu e correu como um maratonista próximo da linha de chegada, caindo em seu pescoço e o beijou. “Esta é provavelmente a única vez na Bíblia em que a pressa é usada por Deus no bom sentido”.
O filho disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra o senhor, e não sou mais digno de ser chamado seu filho’. “O pai, no entanto, disse aos servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa da casa e vistam nele. Coloquem-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Matem o novilho gordo. Faremos um banquete e celebraremos, pois este meu filho estava morto e voltou à vida. Estava perdido e foi achado!’. E começaram a festejar. Lucas 15:21-24.
O filho confessou até o ponto em que pediria o emprego. Mas o pai interrompeu o discurso, ordenando aos servos que colocassem a melhor roupa no filho; pusessem um anel na mão e sandálias nos pés. Ele também ordenou uma grande festa para comemorar o retorno de seu filho, que havia sido perdido e agora foi encontrado.
No que dizia respeito ao pai, ele estivera morto, mas agora estava vivo. Alguém disse: "O jovem estava procurando um bom momento, mas não o encontrou no país distante. Só o encontrou quando teve o bom senso de voltar à casa de seu pai. A história aponta que eles começaram a se divertir, mas não registra quando a festa terminou. O mesmo acontece com a salvação do pecador, a alegria não tem um tempo de validade.
“Enquanto isso, o filho mais velho trabalhava no campo. Na volta para casa, ouviu música e dança, e perguntou a um dos servos o que estava acontecendo. O servo respondeu: ‘Seu irmão voltou, e seu pai matou o novilho gordo, pois ele voltou são e salvo!’. Lucas 15:25-27. (Aqui começa a guerra da religião).
Quando o filho mais velho voltou do campo e ouviu toda a diversão, perguntou a um servo o que estava acontecendo. Como pode ter festa nesta casa sem minha presença? Eu sou a pessoa especial que merece toda a consideração. Ele ficou perplexo com a festa. A justiça própria fica implicada com a graça e se exclui do banquete com suas lamentações.
“O irmão mais velho se irou e não quis entrar. O pai saiu e insistiu com o filho, mas ele respondeu: ‘Todos esses anos, tenho trabalhado como um escravo para o senhor e nunca me recusei a obedecer às suas ordens. E o senhor nunca me deu nem mesmo um cabrito para eu festejar com meus amigos. Mas, quando esse seu filho volta, depois de desperdiçar o seu dinheiro com prostitutas, o senhor comemora matando o novilho!’. Lucas 15:28-30
Aqui vemos o mais velho ser consumido com raiva ciumenta. Ele se recusou a participar da alegria de seu pai. J. N. Darby colocou bem: “Onde está a felicidade de Deus, a justiça própria não pode vir. Se Deus é bom para o pecador, o que vale a minha justiça?”
Quando seu pai pediu que participasse das festividades, recusou, reclamando que o pai nunca o havia recompensado por seu fiel serviço e obediência. A ele nunca fora dado tanto, nem mesmo um bode, para não falar de um bezerro gordo. Ele reclamou que “esse seu filho” voltou, depois de gastar o dinheiro com prostitutas, e que o pai não hesitou em fazer um grande banquete. Observe que ele disse "esse seu filho", não "meu irmão".
Outra coisa interessante no texto. Ele disse que o irmão havia gasto o dinheiro com prostitutas. Como ele sabia? A narrativa diz que foi de “forma desregrada”, pode ter sido prostituição, mas pode ter sido outras coisas. Normalmente julgamos os outros por aquilo que somos capazes de fazer. Talvez a prostituição estivesse dentro dele.
“O pai lhe respondeu: ‘Meu filho, você está sempre comigo, e tudo que eu tenho é seu. Mas tínhamos de comemorar este dia feliz, pois seu irmão estava morto e voltou à vida. Estava perdido e foi achado!’”. Lucas 15:31,32
A resposta do pai indica que há alegria relacionada à restauração do perdido, enquanto o filho obstinado, ingrato e inconciliado, não produz motivo para comemoração.
O filho mais velho é a imagem clara dos escribas e fariseus que se ressentem de Deus mostrar misericórdia aos pecadores ultrajantes. No modo de pensar deles, Deus não é justo, pois eles O serviram fielmente, sem nunca transgredirem Seus mandamentos e, no entanto, nunca foram devidamente recompensados por tudo isso.
A verdade é que eram hipócritas religiosos e pecadores culpados. O orgulho os cegou, mantendo-os distantes do Pai, sem perceber bênção após bênção sobre eles. Se eles estivessem dispostos a se arrepender e reconhecer seus pecados de orgulho, presunção e soberba, o coração do Pai teria ficado satisfeito e eles também teriam sido a causa de uma grande celebração. O pior tipo para se conviver neste mundo é o religioso justão.
Estas três parábolas, a ovelha perdida, a dracma perdida e os irmãos perdidos falam da obra perfeita da Trindade salvando pecadores. Nesta última, o único que fica fora da celebração é o filho mais velho, preso nas grades da religião. Termino com a citação de P. T. Forsyth: “Como raça, não somos nem ovelhas desviadas nem meramente pródigos errantes: somos rebeldes com armas nas mãos. Portanto, nossa suprema necessidade da parte de Deus não é a educação de nossa consciência... é a nossa redenção.” Amém.