Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - A PARÁBOLA DAS MINAS
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A PARÁBOLA DAS MINAS
Jesus contou duas parábolas de aplicação prática para o viver cristão. Uma foi a dos talentos, em que um senhor deu a três servos distintos, quantidades diferentes de talentos e a outra onde foram dadas as mesmas quantidades de minas a dez servos.
O talento era uma medida de peso de prata ou ouro que variava entre 35 a 45 kg, dependendo de sua origem, enquanto a mina era outra medida equivalente a cerca de 1 kg ou 100 dracmas ou 100 denários, (pagamento de um trabalhador por mais de 3 meses).
Hoje vamos abordar aqui a parábola das minas. Ouvindo eles estas coisas, Jesus propôs uma parábola, visto estar perto de Jerusalém e lhes parecer que o reino de Deus havia de manifestar-se imediatamente.Lucas 19:11.
Como Jesus estava vindo de Jericó para Jerusalém, muitos de seus seguidores pensavam que o reino de Deus iria aparecer de imediato. Na parábola das dez minas, Ele os desiludiu disto. Jesus mostrou que haveria um intervalo entre o Seu Primeiro e o Segundo Advento, durante o qual Seus discípulos deveriam estar ocupados em seu favor.
Então, disse: Certo homem nobre partiu para uma terra distante, com o fim de tomar posse de um reino e voltar. Chamou dez servos seus, confiou-lhes dez minas e disse-lhes: Negociai até que eu volte. Lucas 19:12-13.
A parábola deste nobre tinha um paralelo real com a história de Arquelau, filho de Herodes, o Grande, que foi escolhido para ser seu sucessor, mas foi rejeitado pelo povo. Então, Arquelau foi até Roma a fim de ter sua nomeação confirmada e depois voltou, recompensando seus servos e destruindo seus inimigos. Este é o pano de fundo histórico.
Na parábola, o próprio Senhor Jesus é o certo nobre que vai ao céu para esperar o tempo em que retornaria e estabeleceria Seu Reino na terra. Os dez servos tipificam seus discípulos e Ele deu a cada um deles uma mina, dizendo para fazerem negócios com essa mina até que Ele voltasse. Trata-se de uma única realidade, o Evangelho da graça.
Embora haja certas diferenças na parábola dos talentos (Mateus 25:14-30), há algumas coisas que elas têm em comum, como o privilégio de compartilhar o Evangelho e apresentar Cristo ao mundo e o privilégio da oração. Sem dúvida a mina fala disto.
Mas os seus concidadãos o odiavam e enviaram após ele uma embaixada, dizendo: Não queremos que este reine sobre nós. Lucas 19:14.
Os cidadãos representam aqui a nação judaica. Eles não apenas O rejeitaram, mas mesmo depois de Sua partida, enviaram uma delegação após ele, dizendo: “Não queremos este homem para reinar sobre nós.” A embaixada pode representar o tratamento dado aos servos de Cristo como Estêvão e outros mártires. A igreja foi muito acossada e combatida pelos judeus no primeiro século da era cristã.
Quando ele voltou, depois de haver tomado posse do reino, mandou chamar os servos a quem dera o dinheiro, a fim de saber que negócio cada um teria conseguido. Lucas 19:15.(Aqui o Senhor é visto voltando para estabelecer o Seu reino).
Então Ele contará, no Seu Reino, com aqueles a quem deu as minas. Os crentes nesta era atual serão recompensados finalmente no que diz respeito aos seus serviços, no Tribunal de Cristo (2 Coríntios 5:10). Isso acontecerá no céu, após o arrebatamento.
O fiel remanescente judeu, que irá testemunhar por Cristo durante o Período da Grande Tribulação, será examinado só no Segundo Advento de Cristo. Talvez o julgamento aqui seja de fato o acerto de contas dos crentes, perante o Tribunal de Cristo.
Compareceu o primeiro e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez. Lucas 19:16. O primeiro servo ganhara dez minas com a única mina que lhe fora confiada. Ele tinha consciência de que o dinheiro não era seu, pois disse: "tua mina", e ele o usou da melhor maneira possível no avanço dos interesses de Seu Senhor, investindo o seu tempo.
Respondeu-lhe o senhor: Muito bem, servo bom; porque foste fiel no pouco, terás autoridade sobre dez cidades. Lucas 19:17. O Senhor elogiou-o como sendo ele um servo fiel em muito pouco. (Apenas um lembrete de que depois de termos feito o melhor que podemos, somos tão-somente servos inúteis. Lucas 10:17).
Sua recompensa foi ter autoridade sobre dez cidades. As recompensas pelo serviço fiel, aparentemente, estão ligadas à regra no reino de Cristo. A medida em que um discípulo irá governar é determinada pela medida de sua devoção e desprendimento.
Veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco. A este disse: Terás autoridade sobre cinco cidades. Lucas 19:18-19. O segundo servo ganhou cinco minas com a mina original e sua recompensa foram cinco cidades em para governar.
Veio, então, outro, dizendo: Eis aqui, senhor, a tua mina, que eu guardei embrulhada num lenço. Pois tive medo de ti, que és homem rigoroso; tiras o que não puseste e ceifas o que não semeaste. Lucas 19:20-21.
O terceiro veio com coisa alguma além das suas desculpas, devolvendo a mina guardada, cuidadosamente, em um lenço. Não ganhou nada com isso. Por que não? Sua preocupação foi culpar o nobre por seu rigor. Ele disse que o nobre era um homem austero, que esperava retornos sem gastos. Mas suas próprias palavras o condenaram.
Se ele achava que o nobre era assim tão duro, o mínimo que poderia ter feito era depositar o dinheiro num banco para que pudesse ganhar algum juro.
Respondeu-lhe: Servo mau, por tua própria boca te condenarei. Sabias que eu sou homem rigoroso, que tiro o que não pus e ceifo o que não semeei; Lucas 19:22. Era simplesmente o seu coração pecaminoso que culpava o Senhor por sua preguiça, pois, se ele realmente cresse, deveria ter agido com propriedade. Aqui não há evasiva.
A questão é: por que não puseste o meu dinheiro no banco? E, então, na minha vinda, o receberia com juros. Lucas 19:23. Este versículo parece sugerir que devemos nos empenhar com tudo o que temos para trabalhar em benefício do Senhor, ou entregá-lo a alguém que o use adequadamente para este mesmo objetivo.
E disse aos que o assistiam: Tirai-lhe a mina e dai-a ao que tem as dez. Eles ponderaram: Senhor, ele já tem dez. Pois eu vos declaro: a todo o que tem dar-se-lhe-á; mas ao que não tem, o que tem lhe será tirado. Lucas 19:24-26.
O veredicto do nobre sobre o terceiro servo era tirar a mina dele e entregá-la ao que ganhou dez minas. Se não usarmos as oportunidades para o Senhor, elas serão tiradas de nós. Por outro lado, se formos fiéis no pouco, Deus fará que nunca nos falte os meios para servi-lo ainda mais. Aquele que se empenha em servir mais e melhor acaba recebendo mais, da parte do Senhor. Isto com certeza desperta inveja dos indolentes e folgados.
Pode parecer injusto para alguns que a mina tenha sido dada ao homem que já tinha dez, mas é um princípio fixo na vida espiritual, que aqueles que O amam e O servem apaixonadamente recebem áreas de oportunidade cada vez mais amplas. Não investir nas oportunidades resulta numa perda de todas. Não podemos nos escusar dos privilégios.
O terceiro servo sofreu uma perda de recompensa, mas nenhuma outra punição é especificada aqui. Aparentemente, não há dúvida quanto a salvação dele.
Obviamente, Jesus tem uma referência aqui ao seu povo e aos seus discípulos, a quem ele deixa com certos dons e responsabilidades que eles devem usar bem, para que, quando ele voltar, encontre os seus servos frutíferos. Mas também há o julgamento do seu povo que não o recebeu como o Messias. Esse julgamento no último verso é severo.
Quanto, porém, a esses meus inimigos, que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui e executai-os na minha presença. Lucas 19:27.
Os cidadãos que não queriam o nobre como o seu governante são denunciados como inimigos e condenados à morte. Esta foi uma triste previsão do destino da nação que rejeitou o Senhor Jesus Cristo como o Messias.
A parábola termina assim: "Aqueles inimigos que não queriam que eu fosse um rei sobre eles - traga-os para cá e mate-os na minha frente”.Isso parece tão fora do caráter e do ensinamento de Jesus. Mas ocasionalmente advertiu o seu povo que, no momento de seu segundo advento, todo joelho se curvaria diante dele. Uns se curvariam diante dele de bom grado, mas aqueles que permanecessem hostis também se ajoelhariam, pois nos é dito que o Messias virá com vara de ferro e dobrará os joelhos daqueles que o desprezam. Eles também se curvarão, não de bom grado, mas porque não terão escolha.