Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - AS PARÁBOLAS DE REALIDADES ESCONDIDAS
AS PARÁBOLAS DE REALIDADES ESCONDIDAS
As 3 últimas parábolas do capital 13 de Mateus falam de coisas que encontram-se ocultas. Há certas realidades que não vemos no primeiro plano. Vamos portanto dar uma pesquisada nessas parábolas, tomando emprestado, diante mão, os argumentos do Dr. William MacDonald que me soam muito adequados à minha compreensão.
Precisamos examinar a letra, embora precisemos ir além da letra, pois a letra mata, mas o Espírito vivifica. As parábolas têm uma mensagem para o seu tempo e outra para a história em qualquer tempo e, sempre há algo que se encontra oculto.
Na primeira destas parábolas o Senhor diz assim: O reino dos céus é como um tesouro escondido que um homem descobriu num campo. Em seu entusiasmo, ele o escondeu novamente, vendeu tudo que tinha e, com o dinheiro da venda, comprou aquele campo. Mateus 13:44 (NVT). Que tesouro é este que estava encoberto?
As parábolas do capítulo 13 de Mateus, até agora, ensinaram que haverá bem e mal no reino, súditos justificados e injustos. As próximas duas parábolas que veremos, mostram que haverá 2 classes dos justificados: (1) os crentes judeus durante os períodos antes e depois da Era da Igreja; (2) os crentes judeus e gentios durante a era atual.
O povo judeu era uma nação escolhida por Deus para o advento do Messias, mas nem todo israelita era salvo e justificado. O mesmo pode ser visto na igreja, há pessoas de conduta ilibada e moral irretocável, embora nunca tenha nascido de novo.
Nesta parábola do tesouro, Jesus compara o reino ao tesouro escondido em um campo. Um homem o encontra, esconde e depois vende tudo o que tem e compra aquele campo.Sugerimos que esse homem seja o próprio Senhor Jesus que paga um alto preço pelo campo, isto é, pelo mundo onde está o Seu tesouro encoberto.
O tesouro a meu ver representa o remanescente piedoso de judeus crentes que existiu durante o ministério terreno de Jesus e existirá novamente depois que a igreja for arrebatada deste mundo. Creio que Israel é este tesouro oculto. Pois o SENHOR escolheu Jacó para si;Israel é seu tesouro especial. Salmos 135:4 (NVT).
Eles estão escondidos no campo em que foram dispersos por todo o mundo e em um sentido real desconhecido para qualquer um, exceto para Deus. Jesus é retratado como descobrindo esse tesouro, depois indo para a cruz e dando tudo o que possuía para comprar o mundo (2 Coríntios 5:19; 1 João 2: 2) onde o tesouro estava escondido.
Israel resgatado será tirado do esconderijo, quando seu Libertador vier de Sião e estabelecer tão aguardado Reino Messiânico. Essa parábola às vezes é aplicada ao pecador, desistindo de tudo para encontrar a Cristo, o maior tesouro. Mas esta interpretação viola a doutrina da graça que insiste que a salvação é sem preço (Isaías 55: 1; Efésios 2: 8, 9).
O reino também é comparado em outra parábola ao mercador que procura belas pérolas. Quando encontra uma pérola de valor incomum, ele sacrifica tudo o que tem para comprá-la. Este é outro enfoque do projeto retentivo do povo de Deus.
O reino dos céus também é como um negociante que procurava pérolas da melhor qualidade. Quando descobriu uma pérola de grande valor, vendeu tudo que tinha e, com o dinheiro da venda, comprou a tal pérola.Mateus 13:45-46 (NVT).
Há um hino que diz: "eu encontrei a Pérola de maior preço", e neste hino quem acha a joia é o pecador e a Pérola é o Salvador. Mas novamente podemoscontestar isto, pois o pecador não tem que vender tudo para comprar a Cristo. A salvação é pela graça.
Nós preferimos crer que o comerciante seja o Senhor Jesus e a pérola de grande preço é sua igreja. No CalvárioEle depositou tudo o que tinha para comprar essa pérola. Assim como uma pérola é formada dentro da ostra através do sofrimento causado por uma irritação, a igreja foi formada pelos ferimentos dos cravos no corpo do Salvador.
É interessante que na parábola do tesouro, o reino foi comparado ao próprio tesouro. Aqui o reino não é comparado à pérola, mas ao mercador. Por que essa diferença?
Na parábola anterior a ênfase está no tesouro - o Israel redimido. O reino está intimamente ligado à nação de Israel. Foi originalmente oferecido a essa nação e, em sua forma futura, o povo judeu será seus principais temas.
“...a igreja não é o mesmo que o reino. Os que estão na igreja estão no reino em sua forma provisória, mas nem todos os que estão no reino estão na igreja. A igreja não estará no reino em sua forma futura, mas reinará com Cristo sobre a terra renovada”.
“A ênfase na segunda parábola está no próprio Rei e no tremendo preço que Ele pagou para conquistar e ganhar uma noiva que compartilharia Sua glória no dia de Sua manifestação.” Podemos deduzir que o tesouro seja Israel e a pérola, a igreja.
Quando a pérola sai do mar, isto é, a igreja, às vezes chamada de noiva gentia de Cristo, vem em grande parte das nações. O mar é visto como um símbolo das nações. Aqui temos uma figura que mostra a composição gentílica da igreja. (Apocalipse 17:15)
Isso não desconsidera o fato de que existem israelitas convertidos, mas apenas declara que a característica dominante da igreja é que é um povo chamado das nações para o Seu Nome. Vejam isso: Depois que eles terminaram, falou Tiago, dizendo: Irmãos, atentai nas minhas palavras: expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome.Atos 15:13-14 (RA).
Thomas Brooks sustentava: “a graça... transforma fichas em moedas de ouro, pedregulhos em pérolas, doença em saúde, fraqueza em força e miséria em abundância.” A igreja é a pérola de grande valor retirada das nações por meio do sacrifício do Cordeiro.
A última parábola da série das realidades secretas, compara o reino dos céus a uma peneira ou rede de arrasto que foi lançada ao mar e reuniu peixes de todo tipo. Os pescadores separaram os peixes, guardando os bons em recipientes e descartando os maus.
O reino dos céus é, ainda, como uma rede de pesca que foi lançada ao mar e pegou peixes de todo tipo. Quando a rede estava cheia, os pescadores a arrastaram até a praia, sentaram-se e juntaram os peixes bons em cestos, jogando fora os ruins.Mateus 13:47-48 (NVT). (Os peixes encontravam-se incógnitos nos mares).
Nosso Senhor interpreta a parábola assim. O tempo é o fim da era, isto é, o fim do período da Tribulação. É a época do Segundo Advento de Cristo. Os pescadores são os anjos. Os bons peixes são os justificados, isto é, pessoas salvas, tanto judeus como gentios. Os maus peixes são os injustos, ou as pessoas incrédulas de todas as raças e nações.
Assim será no fim dos tempos. Os anjos virão, separarão os perversos dos justose os lançarão na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Mateus 13:49-50 (NVT). Cremos que os justos são os que foram justificados por Cristo.
Uma separação ocorre, como também vimos na parábola do trigo e do joio (Mateus 13:30, 39-43). Os justificados entram no reino de seu Pai, enquanto os injustos são enviados para um lugar de fogo onde há choro e ranger de dentes. Este não é o julgamento final, uma vezque esse julgamento ocorre no início do milênio e o julgamento final ocorrerá após o término dos mil anos como diz (Apocalipse 20: 7–15).
A parábola pode ser entendida assim: “o arrastão é a retirada dos peixes do mar, o qual, como vimos, representa as nações. A parábola refere-se à pregação do evangelho eterno como acontecerá durante a grande tribulação”.Vi outro anjo que voava no ponto mais alto do céu, levando as boas-novas eternas para anunciá-las aos habitantes da terra, a toda nação, tribo, língua e povo. “Temam a Deus!”, dizia em alta voz. “Deem glória a ele, pois chegou o tempo em que ele julgará a humanidade. Adorem aquele que fez os céus, a terra, o mar e todas as fontes de água. Apocalipse 14:6-7 (NVT).
Tudo isso não pode se referir ao tempo presente de Jesus, nem à igreja, mas ao tempo em que o reino estiver prestes a ser estabelecido. Os anjos serão usados, como é visto claramente no livro do Apocalipse. Os ímpios serão lançados na fornalha de fogo e os justificados permanecerão na terra pelo reino milenar.
Estas 3 parábolas falam dos propósitos de Deus, ocultos em mistério, para a salvação de um povo, tanto de judeus como de gentios, para formar a assembleia de todos os redimidos na Nova Jerusalém. Então vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra já não existiam, e o mar também não mais existia. E vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, como uma noiva belamente vestida para seu marido. Apocalipse 21:1-2 (NVT).
Eis o grande mistério, a Nova Jerusalém é a noiva do Cordeiro. Esta cidade que é composta de todos os cidadãos redimidos de todas as eras, expressa a glória de Cristo por meios de sua estrutura e dos seus habitantes. Aleluia ao Cordeiro. (Apocalipse 21:22-26).
Nesta coleção de 7 parábolas do livro de Mateus temos o 3º grande discurso de Jesus neste Evangelho. As parábolas servem de janela para os filhos da luz e de muro para os filhos das trevas. Quem tem olhos para ver... veja. Amém.