Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - AS PARÁBOLAS DO CRESCIMENTO ESTRANHO
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AS PARÁBOLAS DO CRESCIMENTO ESTRANHO
O capítulo 13 de Mateus é composto de 7 parábolas, sendo 3 ligadas à semente: a do semeador que saiu a semear, a do trigo e do joio e a da semente de mostarda. Em cada uma Jesus quis dar certa ênfase especial para que seus discípulos não se confundissem.
A parábola do semeador mostra que a semente é a Palavra que seria plantada em 4 tipos de terrenos, os corações humanos. As sementes do trigo e do joio são os filhos do reino plantados no mundo e os filhos do maligno semeados entre os filhos do reino. Jesus plantou os filhos do reino no mundo e satanás semeou os seus filhos na igreja.
Aqui agora, na semente de mostarda, há outra lição importante que todos nós precisamos entender. Então Jesus contou outra parábola: O reino dos céus é como a semente de mostarda que alguém semeia num campo. É a menor de todas as sementes, mas se torna a maior das hortaliças; cresce até se transformar em árvore, e vêm as aves e fazem ninho em seus galhos. Mateus 13:31-32 (NVT).
Neste ponto o Senhor Jesus compara o reino a um grão de mostarda que Ele chamou de a menor das sementes na experiência de seus ouvintes. Quando alguém planta uma dessas sementes, se ela nasce, se transforma num arbusto e não numa árvore, mas esta aqui se tornou em uma árvore, com um crescimento fenomenal.
A planta normal da mostardeira é mais parecida com um arbusto do que com uma árvore. Mas nesse caso é uma árvore grande o suficiente para que os pássaros venham e se aninhem em seus galhos. O que isto quer dizer? A semente aqui representa o começo humilde do reino. A igreja era apenas um pequeno grão de mostarda no princípio.
“No início, o reino foi mantido relativamente pequeno e puro,até mesmo como resultado da perseguição. Mas com patrocínio e proteção do Estado sofreu um crescimento anormal. Então, pássaros vieram e se empoleiraram nele. A mesma palavra para pássaros é usada no versículo 4, onde Jesus explicou que estes representavam o maligno (v. 19). O reino tornou-se um local de nidificação para Satanás e seus agentes”.
Então o Senhor avisa aos discípulos que na Sua ausência o reino experimentaria um crescimento fenomenal. E eles não devem ser enganados nem equiparar o crescimento ao sucesso. Seria um crescimento pouco saudável. Embora a pequena semente se tornasse uma árvore fenomenal, sua grandeza se tornaria “morada de demônios, uma prisão para todo espírito imundo e uma gaiola para toda ave impura e odiada”. Apocalipse 18: 2.
A pequenina semente, em vez de se tornar um arbusto, acabou se tornando uma árvore frondosa, onde as aves vieram se aninhar. O pequeno rebanho definido por Jesus ao dizer em Lucas 12:32 - Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino - se tornou uma manada inumerável e incontrolável.
O cristianismo cresceu desordenadamente, tornando-se uma lavoura misturada de trigo e joio de proporções descomunais. O verdadeiro (trigo) e o falso (joio) estão juntos e crescem juntos. A meu ver, isto aqui é a questão de crescimento de arbusto para árvore, que representa algo estranho. Uma hortaliça se transmutando numa árvore frondosa.
Acredito que nesta parábola do grão de mostarda, Jesus está mostrando algo que deve ser levado em conta: nem todo crescimento é natural e saudável. O grão de mostarda produz uma mostardeira, um arbusto, e nunca um jequitibá. Precisamos, pois, ter algum cuidado com o crescimento excessivo de uma hortaliça.
O cristianismo autêntico deve crescer em quantidade, mas antes de tudo precisa crescer na qualidade da espécie. Tomaz Watson dizia: “Um bom cristão não é como o sol de Ezequias, que recuou, nem como o sol de Josué, que permaneceu imóvel, mas como aquele que está sempre avançando em santidade e elevando-se no crescimento de Deus.”
Depois de contar a parábola do grão de mostarda, o Senhor Jesus comparou o reino ao fermento que uma mulher colocou em três medidas de farinha. O reino dos céus é como o fermento usado por uma mulher para fazer pão. Embora ela coloque apenas uma pequena quantidade de fermento em três medidas de farinha, toda a massa fica fermentada. Mateus 13:33 (NVT).
“Uma interpretação bem comum é que a farinha seja o mundo e o fermento é o evangelho que será pregado em todo o mundo até que todos sejam salvos. Essa visão, no entanto, é contradita pela Escritura, pela história e pelos eventos atuais”.
O fermento é sempre um tipo de malignidade na Bíblia. Quando Deus ordenou a Seu povo que livrasse suas casas de fermento (Êxodo 12:15), eles entenderam isso muito bem. Se alguém comesse algo fermentado do primeiro até o sétimo dia, durante a festa dos Pães Ázimos, deveria ser cortado de Israel. O fermento teria que ser eliminado.
Jesus advertiu contra o fermento dos fariseus e saduceus (Mateus 16:6, 12) e o fermento de Herodes (Marcos 8:15). Em 1 Coríntios 5:6–8, o fermento é definido como malícia e maldade, e o contexto de Gálatas 5: 9 mostra que isso significa ensino falso. Em geral, o fermento significa doutrina do maligno ou do mau comportamento.
Então, nesta parábola, o Senhor adverte contra o poder perverso do mal que opera sutilmente no reino dos céus. A parábola do grão de mostarda mostra o crescimento do mal no caráter externo do reino.Nesta parábola Jesus mostra a corrupção interna que cresce quase invisivelmente no tecido do coração do crente bem como da igreja.
Acredito que nesta parábola a farinha representa a comida do povo de Deus, como é encontrada na Bíblia. O fermento é a doutrina do maligno, que se caracteriza pelo humanismo em todas as suas manifestações. “Como Deus sereis” é o fermento mais sutil.
O apóstolo Paulo foi preciso: O Espírito afirma claramente que nos últimos tempos alguns se desviarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a ensinamentos de demônios, que vêm de indivíduos hipócritas e mentirosos, cuja consciência está morta.1 Timóteo 4:1-2 (NVT). Este ensino humanista está na igreja.
O príncipe dos pregadores do Evangelho, C. H. Spurgeon disse: “certos teólogos de hoje não creem na existência de Satanás. É estranho que filhos não creiam na existência do próprio pai.” Deus é o Pai do cristianismo, assim como Satanás é o pai do humanismo. Por isso, nós precisamos discernir entre o trigo e o joio, entre o crescimento dum arbusto e duma árvore, entre a vida do cristianismo e a fermentação do humanismo.
O crescimento do cristianismo interior é através da vida de Cristo. O crescimento interno do humanismo é pela fermentação da massa. O primeiro evolui em realidade, mas o segundo incha em falsidade. Para Stephen Slocum, “o uso da falsificação é o método mais natural usado por Satanás para resistir aos propósitos de Deus.”
A mulher falsa profetisa que ensina e engana: Vejamos como João a vê: Contudo, tenho contra você uma queixa. Você tem permitido que essa mulher, Jezabel, que se diz profetisa, faça meus servos se desviarem. Ela os ensina a cometer imoralidade sexual e a comer alimentos oferecidos a ídolos. Apocalipse 2:20 (NVT).
Jezabel é o tipo da igreja em Tiatira; é a igreja miscigenada com o humanismo. É uma mistura de judaísmo, cristianismo e paganismo. Seriam 3 medidas? Este fermento fez a igreja levedar e inchar, mas não causou o seu verdadeiro desenvolvimento espiritual.
O Dr. L. Nelson Bell, disse que “os cristãos precisam reconhecer o fato solene de que o humanismo não é um aliado na busca de um mundo melhor para viver. É um inimigo mortal, pois é uma religião sem Deus e sem esperança neste mundo e no próximo.”
O crescimento na igreja precisa ser antes de dentro pra fora e de baixo pra cima, para, em seguida, crescer lateralmente. Antes, cresçam na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém. 2 Pedro 3:18. Sem este crescimento interno, o perigo é a deformação externa.
Estas duas parábolas falam de dois crescimentos, externo e interno. A semente de mostarda é o desenvolvimento de um arbusto que se tornou em árvore– gigantismo; e o fermento na massa aponta para um inchaço. Quando nos preocupamos mais em crescer externamente, sem crescermos em santidade no nosso interior, caímos no grande perigo de ter um corpo de titã com alma de ameba ou uma mega igreja com vida microscópica.
As doutrinas humanistas não contêm o poder para humilhar, uma vez que o húmus alevantado, isto é, o ser humano, o pó de pé, não se sente à vontade em ajoelhar-se e voltar ao pó de onde veio. Só a cruz de Cristo pode fazer o milagre de crescer para o pó.