Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - O EVANGELHO DAS RIQUEZAS INSONDÁVEIS
O EVANGELHO DAS RIQUEZAS INSONDÁVEIS
A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo. Efésios 3:8.
Temos insistido nessa exposição da diferença entre o Evangelho e as religiões que enxameiam o planeta. É preciso ver que o termo religião é de origem latina e não tem um correspondente grego, no Novo Testamento. É um vocábulo com significado restrito.
Religião é a tentativa humana de se religar com Deus. É um expediente cá de baixo, visando a restauração de uma conexão desfeita. - A criatura estava plugada com o Criador, no jardim do Éden, no princípio, mas houve uma catástrofe, de cunho espiritual, que o desconectou desse relacionamento, e, dai pra frente, o homem tenta se religar com Deus, por meio dos seus méritos. É esse esforço de se religar, que chamamos de religião.
Um dos exemplos clássicos do modelo religioso é a torre de Babel. Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos nós espalhados por toda a terra. Gênesis 11:4. Essa cultura da conquista é o que define o significado da religião.
A Babilônia é o sinete da meritocracia e de tudo o que é religioso. Quando, no Apocalipse, topamos com o termo Babilônia, encontramos a cultura religiosa que infiltrou-se no seio da fé cristã, transformando o cristianismo numa religião judaica-babilônica.
Assim como o povo judeu foi para a Babilônia e a mentalidade do babilonismo nunca mais saiu da cultura judaica, do mesmo modo, a igreja foi para Roma e se poluiu com os costumes babilônicos que tomaram conta de Roma e sua civilização.
Roma conquistou a Grécia, a Grécia, a Pérsia, e esta, a Babilônia, no entanto, Babilônia nunca deixou de ser a matriz de onde procede toda a forma do pensar religioso.
A torre de Babel é a fôrma onde se constrói todo esquema, de todos os tipos de religiões do planeta. Enquanto o Evangelho aponta para uma Rocha, em Babel, usa-se o barro como a matéria prima para a construção de seus objetivos, a fim de alcançar o céu. A Rocha fala de algo que só Deus faz, enquanto os tijolos de barro, daquilo que o homem faz para poder construir os seus altares e monumentos. Tijolo é fruto do esforço humano.
Quando apenas Deus faz, estamos diante do Evangelho, mas, quando é o ser humano quem faz, então, isto é religião. O barro aponta para a natureza humana que foi feita de caulim, porém, a Rocha discursa em favor de um projeto que só Deus pode fazer. O Evangelho é de autoria e realização exclusivas de Deus. A Rocha é a dádiva da graça.
A grande confusão babélica é quando usamos rocha lavrada ou - tijolos cozidos como se fossem rocha ou ainda a combinação dos dois. Essa mistura argilosa da religião meritocrática com um pseudo evangelho da graça, gera uma igreja como a de Laudicéia.
Observemos o que diz o Senhor: Se me levantares um altar de pedras, não o farás de pedras lavradas; pois, se sobre ele manejares a tua ferramenta, profaná-lo-ás. Êxodo 20:25. O suor da construção profana o sangue da aliança sobre o altar.
Essa edificação é imperativa e coletiva: -vinde e edifiquemos. É o império das trevas, num sindicado de construção civil, trabalhando para a elevação dos seus templos e altares em honra à humanidade. Vemos aqui, o humanismo arregaçando as mangas, a fim de erigir a torre de Babel e o obelisco de Tamuz, sinalizando a glória do homem.
O babilonismo tem como alicerce a elevação do homem e a sua glória. Porém, a glória de um homem elevado o incha de vaidade. Não há pecado que mais consuma a energia de alguém, do que a vaidade. O vaidoso vive incensando-se a si mesmo com os autos elogios como se ele fosse um deus ou um ser altíssimo. Esta é a religião de Babel.
De quando em quando a religião se encastela na história do povo de Deus. Ela sempre vem e se instala com sutileza. Vejamos como o profeta via: Os tijolos ruíram por terra, mas tornaremos a edificar com pedras lavradas; cortaram-se os sicômoros, mas por cedros os substituiremos. Isaías 9:10.
A religião tenta comandar e controlar os céus, por causa do medo que domina a humanidade, em razão de sua dispersão pelo mundo. A oração religiosa, por exemplo, é uma espécie de manipulação, constrangendo a divindade a fazer o que o religioso quer. É uma ordem que a terra dá para o céu, diferentemente da oração “evangélica” - seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Mateus 6:10b. (Essa é oração de filho).
Essa cultura ardilosa de religião em argila tem na base a confusão total. Há um esforço sutil de imitação, no jogo. - E disseram uns aos outros: Vinde, façamos tijolos e queimemo-los bem. Os tijolos serviram-lhes de pedra, e o betume, de argamassa. Gênesis 11:3. Aqui reina o ardil: tijolos de barro como rochas e o betume é uma imitação barata daquilo que foi usado na arca, (kopher - significando, preço da redenção).
Essa mistura confunde o incauto. O tijolo queimado, com a aparência de rocha, é um disfarce da religião humanista para enganar os tolos. Mas tudo o que é de barro, foi feito pelo esforço humano e o que foi feito pelo homem, para alcançar o céu, é religião.
Quero ressaltar ainda. O grande perigo é a religião disfarçada de evangelho. O Diabo de chifre é pouco convincente. A sua estratégia principal é travestir-se dum anjo de luz e anunciar um evangelho adulterado como se fosse o legítimo.
O falso evangelho sempre vem com glacê por fora. É fachada pura. - A religião da Babilônia cobre o tijolo de barro com casca de rocha, para parecer firme. O Rev. Vance Havner costumava dizer: “Satanás não está lutando contra as igrejas, mas está tornando-se membro delas. Ele causa mais dano semeando joio do que arrancando trigo. Realiza mais por imitação do que por oposição direta.” O falso evangelho engana muita gente.
Uma das características dos falsos profetas é pregar aquilo que as pessoas, de modo geral querem ouvir. E o que elas querem ouvir? Que são importantes; que merecem a salvação; que devem ser reconhecidas; que Deus depende da decisão humana para dar um novo coração; que Deus não é soberano; que não é somente pela graça de A à Z; que podemos alterar os propósitos de Deus e tudo que dê crédito ao desempenho do homem, no processo da salvação. O ser humano é um obcecado religioso por natureza.
A religião trabalha com a dignidade do ser humano baseada nos seus méritos e sua glória. Tudo o que for para a exaltação do homem tem lugar na pauta religiosa. Porém o Evangelho cuida da desconstrução de qualquer pedestal, que tente elevar a imagem de um ser caído como se fosse um super-homem ou super-herói com superpoderes.
O cristianismo verdadeiro é o caminho da cruz e não há lugar de destaque na via e no percurso desta caminhada. Um crucificado não tem direitos, nem prerrogativas. O defunto não se exibe. Quem morreu com Cristo já renunciou o seu lugar no pódio.
Verificando as religiões, você encontrará grande quantidade de coisas dignas e verdadeiras, morais e boas, bem como muita coisa positiva. Mas você nunca encontrará nada que aponte para a morte do ego humano, na cruz com Cristo, nem, coisa alguma que fale de seu deus assumindo a culpa do culpado e morrendo a morte do réu pecador.
Só na fé cristã e através do Evangelho pode-se chegar a essa substituição do nosso eu pela vida de Deus: Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 2 Coríntios 5:14-15. (Não vivam mais nem por si e nem para si mesmos...).
O resumo do Evangelho é: não eu, mas Cristo. Nada, além disso, tem valor, no que diz respeito à experiência cristã. Se não houver a morte do ego, não haverá a vida de Cristo se manifestando em nosso modo de ser. O cristianismo é Cristo e nada mais.
As religiões são culturais e aprendidas. O Evangelho é revelado e cultivado. Do ponto de vista espiritual, o Evangelho é uma revelação do Espírito Santo e nunca, jamais uma conquista humana. É uma dádiva da graça, mas esse dom demanda cultivo.
A diferença entre o cristianismo e as religiões consiste principalmente nisto: em todas elas vê-se o homem procurando a Deus, enquanto no cristianismo temos o Deus da graça procurando o homem. Nas religiões o homem se esforça para merecer a aceitação da divindade. No Evangelho de Deus, Cristo assume o pecado do pecador, morre a morte do culpado e dá a vida da ressurreição como garantia de uma eterna salvação.
O Evangelho é essencialmente a boa notícia do Deus que se encarnou e foi até a cruz para morrer a morte do pecador culpado e condenado e, depois, transfere Sua vida a esse justificado. Não se trata de qualquer esforço humano para alcançar este estado de redimido, mas da superabundância graciosa de amor incondicional.
O Evangelho é a Rocha. As religiões são tijolos queimados. O Evangelho é a obra exclusiva de Deus para salvar os Seus. As religiões são esforços humanos, a fim de que estes se tornem dignos diante de seus deuses. O Evangelho é Cristo. As religiões são as obras humanas. O Evangelho é descanso. As religiões - peso, fadiga e cansaço.
Como Jesus demonstra o Evangelho? Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos.Mateus11:25.
Quem é Aquele que revela o Evangelho de Deus? Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Mateus 11:27.
A quem Jesus apresentou os imperativos do Evangelho? Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Mateus 11:28-30. O Evangelho das insondáveis riquezas de Cristo é a revelação do Filho do Altíssimo e a expressão da Sua vida nos filhos de Aba. É isso. Amém.