Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - A PARÁBOLA DO SEMEADOR SEMEANDO...
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A PARÁBOLA DO SEMEADOR SEMEANDO...
E de muitas coisas lhes falou (Jesus) por parábolas e dizia: Eis que o semeador saiu a semear. Mateus 13:3.
Jesus gostava de contar estórias apontando à realidade. Seu método didático de maior evidência era usar parábola - verdade paralela. Aqui vamos analisar a parábola sobre o semeador e a semente e tentar retirar alguns ensinamentos para a nossa vida cristã.
Enquanto espalhava as sementes pelo campo, algumas caíram à beira do caminho, e as aves vieram e as comeram. Outras sementes caíram em solo rochoso e, não havendo muita terra, germinaram rapidamente, mas as plantas logo murcharam sob o calor do sol e secaram, pois não tinham raízes profundas. Outras sementes caíram entre espinhos, que cresceram e sufocaram os brotos. Ainda outras caíram em solo fértil e produziram uma colheita trinta, sessenta e até cem vezes maior que a quantidade semeada. Quem é capaz de ouvir, ouça com atenção!”.Mateus 13:4-9.
Esta parábola mostra o semeador saindo a semear a boa semente. Uma semente caiu à beira do caminho, outra num solo rochoso, outra entre os espinhos e finalmente a última no terreno bom e devidamente preparado. (O semeador, a semente e os terrenos).
Na interpretação do Senhor Jesus, o semeador é o mensageiro, a semente é a Palavra do Evangelho, os vários terrenos são os corações das pessoas. No texto em Mateus 13:19-23 (NVT) vemos vários pontos que dizem respeito à história do cristianismo.
19- As sementes que caíram à beira do caminho representam os que ouvem a mensagem sobre o reino e não a entendem. Então o maligno vem e arranca a semente que foi lançada em seu coração (V. 19)
A semente lançada à beira do caminho fala de pessoas que se recusam a receber a boa mensagem. As pessoasaté ouvem o Evangelho mas não entendem, não porque não podem entender, mas porque não querem entender. O terreno que representa o coração é duro, resistente e indisposto à mensagem graciosa do Evangelho.
Os pássaros, aqui, são uma figura de satanás que arrebata a semente do coração desses ouvintes. Assim ele coopera com os ouvintes em sua esterilidade autoescolhida. Os religiosos fariseus, no contexto de Jesus, talvez fossem os ouvintes dessa terra dura.
20-As que caíram no solo rochoso representam aqueles que ouvem a mensagem e, sem demora, a recebem com alegria. 21- Contudo, uma vez que não têm raízes profundas, não duram muito. Assim que enfrentam problemas ou são perseguidos por causa da mensagem, cedo desanimam.
Quando Jesus falou de um solo pedregoso, tinha em mente uma fina camada de terra cobrindo a laje rochosa. Isso representa pessoas que ouvem a Palavra e respondem com alegria momentaneamente. A princípio, o semeador pode ficar exultante com o fato de sua pregação ter tido tanto sucesso. Mas logo ele aprende a lição mais profunda, que não é bom, quando a mensagem do Evangelho é recebida com sorrisos e aplausos.
Primeiro deve haver uma convicção de pecado, contrição e arrependimento de si mesmo. É muito mais promissor ver o pecador chorando até chegar ao Calvário, do que vê-lo andando pelos corredores de maneira alegre e exuberante. A terra rasa produz profissão de fé superficial e sem consistência. Não há profundidade na raiz, nem firmeza no solo.
Deste modo, quando esse tipo de profissão de fé é testada pelo sol ardente das tribulações ou das perseguições, o tal crédulo decide que não vale a pena se envolver com o essa “crença” e abandona qualquer profissão de sujeição a Cristo, dando no pé.
22- As que caíram entre os espinhos representam outros que ouvem a mensagem, mas logo ela é sufocada pelas preocupações desta vida e pela sedução da riqueza, de modo que não produzem fruto.
O chão aqui infestado de espinhos representa outra classe que ouve a palavra de maneira superficial. Eles exteriormente parecem ser genuínos súditos do reino, mas com o tempo o interesse deles é sufocado pelos cuidados deste mundo e pelo deleite nas riquezas.
Não há fruto para Deus em suas vidas. Alguém ilustrou isso através do filho de pai muito rico que ama o dinheiro e tem um grande negócio. Este filho ouviu a Palavra de Deus em sua juventude, mas ficou absorvido com as vantagens dos negócios de seu pai, e se envolveu numa luta entre agradar a seu Senhor ou a seu pai. Ficou com os negócios.
Os espinhos já estavam no solo quando a semente foi semeada e germinou. Os cuidados desta era e a sedução das riquezas já estavam à sua mão. Ele seguiu os desejos de seu pai, dedicando-se inteiramente aos negócios, tornando-se cabeça da empresa e quando já estava bem na vida, teve que reconhecer que havia negligenciado as coisas celestiais.
Estando prestes a se aposentar expressou sua intenção de ser mais diligente em questões espirituais. Mas, como diz a Bíblia, de Deus não se zomba. Aquele homem se aposentou, morrendo tempos depois. Deixou uma fortuna imensa e a vida espiritualmente desperdiçada. Os espinhos sufocaram a Palavra e o tornara infrutífero.
23-E as que caíram em solo fértil representam os que ouvem e entendem a mensagem e produzem uma colheita trinta, sessenta e até cem vezes maior que a quantidade semeada.
O bom terreno aqui representa o verdadeiro crente. Ele… ouve a Palavra de forma receptiva e a compreende, obedecendo ao que ouve. Ouvir e obedecer são sinônimos do ponto de vista espiritual. A maior prova de nosso amor a Cristo é a nossa obediênciareal a Cristo -o amor é a raiz; a obediência é o fruto.
“Embora os crentes - nem todos produzam a mesma quantidade de frutos - todos mostram, pelos frutos, que têm vida divina. Fruto aqui é provavelmente a manifestação do caráter cristão, em vez de almas ganhas para Cristo. Quando a palavra fruto é usada no NT, geralmente se refere ao fruto do Espírito como em (Gl 5:22)”, mas também pode ser almas.
Qual era a destinação da parábola às multidões? Obviamente, alertar contra o perigo de ouvir sem obedecer. Foi calculada para encorajar os indivíduos a receberem a Palavra com sinceridade, depois para provar sua realidade, produzindo frutos para Deus.
Quanto aos discípulos, a parábola preparou-os, bem como, os futuros seguidores de Jesus, para o fato desanimador de que são relativamente poucos aqueles que ouvem a mensagem e são genuinamente salvos. Muitos são chamados e poucos escolhidos.
Esta parábola liberta também os súditos leais de Cristo da ilusão de que todo o mundo será convertido através da disseminação do evangelho. A semeadura é universal, mas a frutificação é individual. Nem todos que ouvem o Evangelho creem no Evangelho.
Os discipulos também são advertidos aqui, nesta parábola, contra três grandes antagonistas do Evangelho: o maligno (os pássaros ); a carne (o sol escaldante - visto na tribulação ou perseguição); e o mundo (os espinhos - os cuidados do mundo e o prazer nas riquezas). Estes três inimigos cruéis do Evangelho se manifestam nos corações.
O maligno é o ladrão da Palavra. Sua tática principal é desarmar os crentes. Se ele nos afastar da Espada do Espírito ou retirar a Palavra de Deus do nosso coração, então a sua missão terá pleno êxito. Nós precisamos ter a consciência de que “o cristão é gerado pela Palavra e precisa ser alimentado por ela.” Nós só podemos vencer o maligno quando usamos a Palavra de Deus como arma de ataque. Sem a Palavra estamos inutilizados.
A carne frustrada se desanima facilmente ou se acomoda à vida medíocre da religião humana. Além do que, se trabalhar, o seu trabalho é imprestável para o reino de Deus. Jesus disse: O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. João 6:63. Não significa que ela não faça nada, porém tudo o que faz não tem qualquer valor espiritual para o reino de Deus.
O mundo: Jesus orou para que seus discípulos não fossem retirados do mundo, mas para que o mundo fosse retirado deles. Alguém disse: “ligar-se a Cristo é o segredo de desligar-se do mundo”. Se as metas do mundo nos dominarem, seremos sufocados pelas exigências do mundo, de tal modo que não seremos frutíferos para o reino de Deus.
Vance Havner disse: “se você é cristão, não é um cidadão deste mundo tentando chegar ao céu; mas sim, um cidadão do céu abrindo caminho através deste mundo.” Assim, se somos cidadãos do céu, precisamos viver neste mundo sem que o mundo nos sufoque. O deus deste mundo é Mamom e ele é o maior senhor de escravos no mundo.
Finalmente, os discípulos recebem uma visão quanto ao tremendo retorno do investimento na personalidade humana. Trinta vezes é o retorno de 3.000%, sessenta vezes o retorno de 6.000% e cem vezes o retorno de 10.000% do investimento, tanto em vidas salvas, quanto na qualidade dessas vidas transformadas.
Na verdade, não há como medir os resultados de um único caso de conversão genuina. Não é possível computar nem a santidade, nem a quantidade de convertidos que procedem desta conversão. Um obscuro professor da escola dominical investiu em Dwight L. Moody. Moody ganhou muitos outros para Cristo. Estes, por sua vez, ganharam outros tantos. O professor da escola dominical começou uma reação em cadeia que nunca parou.