Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - DE ONDE DESFRUTAMOS ALEGRIA?
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DE ONDE DESFRUTAMOS ALEGRIA?
Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles, quando lhes há fartura de cereal e de vinho. Salmos 4:7.
A alegria do salmista no Senhor excede em muito a alegria dos ímpios quando seus silos incham com grãos e seus barris transbordam de vinho. “Nunca as colheitas ricas de trigo e vinho trazem alegria como a alegria que Tu colocas em meu coração,” dizia John Knox diante do trono. De onde você e eu estamos desfrutando alegria?
Aqui vemos que há uma alegria nas circunstâncias favoráveis e outra que é posta no coração dos filhos de Deus, pela graça, em razão de uma iluminação da face fulgurante de Javé. A alegria do prato cheio tem um tempo de validade, mas a alegria da presença de Cristo, em nós, não pode evaporar-se. Como ensinava Billy Sunday, “se você não tem alegria na vida cristã, existe vazamento em algum lugar de seu cristianismo.”
Onde você e eu estamos usufruindo alegria? Davi aponta para a sua felicidade como proveniente da iluminação do Senhor. Há muitos que dizem: Quem nos dará a conhecer o bem? SENHOR, levanta sobre nós a luz do teu rosto. Salmos 4:6.
A alegria duma festa normalmente acaba numa ressaca no final da folia. Nada pode ser mais transitório do que a euforia dos festejos. O preparo do festival é excitante, a espera é gratificante, mas o final é quase sempre lúgubre, já que a expectativa, de um modo geral é maior do que a realidade. Precisamos de iluminação permanente da face de Cristo.
Tudo que é passageiro não nos satisfaz. Fomos criados para a eternidade e nada que é temporário compensa um investimento maior. O salmista entendeu o tema: Tu me mostrarás o caminho da vida e me darás a alegria de tua presença e o prazer de viver contigo para sempre. Salmos 16:11 (NVT).
Muitos de nós buscamos alegria naquilo que é transitivo e contingente e, assim, empregamos nossos melhores esforços para usufruir uns momentos de alegria, enquanto a verdadeira alegria fica de fora de nossas cogitações. Que os justos, porém, se alegrem; exultem na presença de Deus e sejam cheios de alegria. Salmos 68:3 (NVT).
Alguém já afirmou que “alegria é a bandeira desfraldada na fortaleza do coração quando o Rei está em casa.” Se Cristo vive em mim posso dançar na tormenta e dormir pesado na tempestade tenebrosa. No fim do dia, estou pronto para o sono profundo, por que tu, ó Eterno, puseste minha vida em ordem. Salmo 4:8. BM.
Segundo o apóstolo Paulo - o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Romanos 14:17. Não se trata de nenhum banquete ou mesmo de abstenção de alguns tipos de alimentos, como no caso de certos cerimoniais judaicos. Não é um festejo em si, mas uma vida suprida pela alegria perene.
As nossas festas humanas são sempre abastecidas com comes e bebes, mas a festa sublime do contentamento por justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Um coração não pode celebrar a vida envolto num manto de culpa. “Feliz é o homem que não culpa a si mesmo em particular, não é condenado pelos outros em público nem por Deus nas duas situações,” pois foi justificado perfeitamente pela justiça de Cristo.
A culpa é o cerne da tristeza existencial, enquanto a justificação em Cristo é uma alegria sem limite na existência dos filhos de Deus, por isso, canto de gozo pela tão grande misericórdia e festejo o apagar das minhas lembranças amargas que me faziam deprimido.
Para o ministro do Séc. 17, William Bridge - “quando o Senhor Jesus Cristo... carregou sobre si nossos pecados, deu à justiça divina uma satisfação mais perfeita de nossos pecados do que se... todos nós fôssemos condenados ao inferno por toda a eternidade.” A justiça de Cristo é o maior motivo de alegria permanente do cristão.
Em consequência da nossa real justificação em Cristo, nós temos paz com Deus, conosco e com os nossos irmãos. É impossível viver a vida cristã desprovido de paz. Pode-se viver com tribulações, mas não sem paz, com ansiedade, mas sendo conduzidos à paz.
Ainda que possamos ter ansiedade, podemos dizer como Santo Agostinho de Hipona: “a ansiedade tem seu uso, estimulando-nos a buscar com maior anseio por essa segurança, onde a paz é completa e inatacável.” Sem paz não há vida espiritual autêntica.
William Gurnall, outro clérigo do Séc. 17, foi no alvo: “consciência em paz não é nada mais do que um recibo assinado pela mão de Deus de que a dívida que tínhamos para com sua justiça está totalmente paga.” Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Romanos 5:1.
Mas é bom lembrar que às vezes, em razão de nossas desobediências, nós somos arrastados ao deserto onde nos é subtraída a paz e as nossas consciências gritam. É aí que Gurnall, insiste: “É melhor ter um cão que deseja nos dizer, por meio de seus latidos, que há um ladrão em nosso quintal, do que um que fique sentado e quieto, deixando-nos ser roubados antes que tenhamos qualquer idéia do perigo.”
Alguém disse: a “consciência avisa-nos como amigo antes de castigar-nos como juiz.” Se somos acusados na consciência, precisamos recorrer ao tribunal divino, para ver nos arquivos da graça qual foi a Sua sentença em relação ao nosso julgamento.
Não posso mais me condenar naquilo que Deus já me justificou. Se eu já fui justificado por Cristo não há mais do que me incriminar. Para Sto. Agostinho, “a boa consciência é o palácio de Cristo, templo do Espírito Santo, paraíso do deleite, descanso permanente dos santos.” Se alguém foi justificado e não se regozija por este tão grande feito, não pode ser considerado um justificado.
A festa do contentamento em Cristo nos liberta dos prazeres da carne e nos insere no prazer da intimidade com a Trindade. Onde estamos buscando o prazer na nossa vida? O que causa motivação no nosso modo de agir? O que me alegra sempre?
Além da consciência viva da presença de Deus e da consciência limpa, por causa da obra de Cristo nos levando a morrer e ressuscitar com Ele, temos também a alegria que é decorrente da comunhão dos santos. O rei Davi, acostumado às solenidades e festas, disse: Quanto aos santos que há na terra, são eles os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer. Salmos 16:3, RA. Ele via a comunhão dos crentes como a sua melhor festa.
Alguém disse que “os homens carnais contentam-se com o "ato" de adoração; eles não têm desejo de comunhão com Deus, nem da comunhão com o povo de Deus.” Se não temos contentamento em nos congregar e só nos congregamos por dever, precisamos avaliar a nossa conversão. Para o notável expositor Matthew Henry, “o homem é feito para a sociedade, e os cristãos, para a comunhão dos santos.”
Jesus orou para que não fôssemos tirados do mundo, mas para que o mundo fosse tirado de nós. O cristão é um cidadão da cidade de Deus vivendo com lisura na cidade do homem. Ele é alguém que vive no mundo como os costumes do Alto.
Vejamos o que disse Ronald J. Sider, “para os primeiros cristãos, koinonia não era a "comunhão" enfeitada de passeios quinzenais patrocinados pela igreja. Não era chá, biscoitos e conversas sofisticadas no salão social depois do sermão. Era um compartilhar incondicional de suas vidas com os outros membros do corpo de Cristo.”
Mesmo sabendo que a igreja é composta de trigo e joio e que este não fará parte da congregação celestial, além de ser um impedimento para a comunhão terrena, nada pode ser mais saudável para o corpo de Cristo do que ter amigos entre o trigal que falam a verdade em amor. A comunhão dos santos é fundamental para a saúde do corpo de Cristo.
Como é bom e agradável que o povo de Deus viva unido como uma irmandade! Esta é a idéia do Salmo 133. A palavra agradável no hebraico pode significar também o som harmonioso. Viver com os santos na terra é ensaiar a orquestra para o concerto da sinfonia eterna da alegria. Se você não é parte desta alegria, então não faz parte da festa celestial.
Concluindo. De onde usufruo a minha alegria permanente? Primeiro, do próprio Deus. Ele é a fonte de toda alegria. Na presença do Pai há abundância de alegria. Isto é fato. Segundo, da obra de Cristo. Uma vez justificado posso gozar a plenitude da graça com gozo permanente. E finalmente, na comunhão dos santos. Esta comunhão é fruto do Espírito Santo, agente ativo da verdadeira alegria. Se você e eu, como cristãos, não formos alegres temos que considerar a possibilidade de não sermos regenerados. A alegria é um atestado de nossa salvação. Alegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo, alegrai-vos.