Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - O CONVITE DA GRAÇA AOS DESQUALIFICADOS
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O CONVITE DA GRAÇA AOS DESQUALIFICADOS
A parábola do grande banquete. Lucas 14:15-24. (NVT)
15 Ao ouvir isso, um homem que estava à mesa com Jesus exclamou: “Feliz será aquele que participar do banquete no reino de Deus!” Ouvindo o que? O contexto mostra Jesus entrando na casa de um dos principais fariseus num sábado para comer pão.
Quando o Senhor Jesus entrou na casa, Ele talvez tenha visto os convidados procurando melhores lugares ao redor da mesa. Eles buscavam as posições de eminência e honra. O fato de que Ele também era um convidado não o impediu de falar com franqueza sobre o assunto. Jesus aborda sobre a nobre etiqueta no Reino de Deus.
Ele os advertiu contra essa forma de egoísmo. Quando fossem convidados para uma festa, deveriam tomar o lugar mais baixo ao invés do mais alto. Quando buscamos um lugar alto para nós mesmos, sempre há possibilidade de um vexame ao sermos rebaixados.
Se somos humildes diante de Deus, existe apenas uma direção em que podemos nos mover, para baixo. Jesus ensinou que é melhor ser promovido a um lugar de honra do que ser destituído da posição que nós nos exaltamos. Jesus mesmo é o exemplo vivo da renúncia. Ele se humilhou e Deus o exaltou. Quem se exalta será humilhado por Deus.
Este é o pano de fundo da expressão dita por este cidadão que está à mesa com Jesus. “Feliz será aquele que participar do banquete no reino de Deus!” Então Jesus lhes conta esta parábola que fala de como as pessoas são convidadas e quem são elas.
16 Jesus respondeu com a seguinte parábola: “Certo homem preparou um grande banquete e enviou muitos convites. 17 Quando estava tudo pronto, mandou seu servo dizer aos convidados: ‘Venham, o banquete está pronto’. Primeiro o homem preparou um grande banquete e depois enviou muitos convites.
É um grande jantar ou uma grande festa. Dizem que é ótimo assim por causa do número que foi convidado, isto é, muitos. Há pouca dificuldade em entender a parábola. O homem que fez a ceia é, sem dúvida, projetado para representar Deus; a ceia, as provisões preparadas para a salvação dos homens por meio de Jesus; e o convite, as ofertas que fez aos homens, em particular ao povo judeu pelo Espírito. Mas a graça é ofensiva ao mérito.
O rabino Menachem Mendel Schneerson, falando sobre esta ênfase disse: “A propensa~o ao trabalho e a` realizac¸a~o e´ um componente essencial da vida humana. Como dizem os sa´bios: ‘todas as pessoas foram criadas para o labor’. Uma pessoa na~o pode ficar satisfeita se na~o for produtiva. A natureza humana detesta receber alguma coisa em troca de nada – ‘pa~o da vergonha’ e´ como os sa´bios chamavam isso”.
O convite da graça ofende aos executivos do mérito e as religiões ganham do Evangelho neste quesito. É difícil para o ser humano abrir mão de seus merecimentos.
18 Mas todos eles deram desculpas. Um disse: ‘Acabei de comprar um campo e preciso inspecioná-lo. Peço que me desculpe’. 19 Outro disse: ‘Acabei de comprar cinco juntas de bois e quero experimentá-las. Sinto muito’. 20 Ainda outro disse: ‘Acabei de me casar e não posso ir’. Desculpas, desculpas, desculpas.
A primeira pessoa que havia sido convidada se desculpou porque comprou um campo e quis ir vê-lo. Desculpa esfarrapada. Normalmente deveria ter ido e visto antes de comprá-lo. Nem um comerciante experiente compra um campo sem vê-lo. Por outro lado, ele estava colocando o amor às coisas materiais à frente do convite gracioso.
“O homem envolvido com este mundo não está pronto para o mundo vindouro. O materialismo não constitui uma preparação para o juízo nem para o céu.” E Samuel Rutherford foi na mosca quando disse: “não construa seu ninho em nenhuma árvore aqui... pois o Senhor da floresta condenou todas elas à destruição.”
Muitas vezes vivemos neste planeta, que um dia será queimado, movidos por exigências temporais, quando deveríamos viver movidos pela prioridade eterna. Se não soubermos ocupar o nosso tempo e os talentos naquilo que é permanente, com certeza nós ficaremos preocupados permanentemente com tudo aquilo que é perecível.
O próximo convidado havia comprado cinco juntas de bois e ia testá-las. Ele retrata aqueles que colocam empregos, ocupações ou negócios antes do chamado de Deus. Estão tão ocupados com os seus serviços que não sobra tempo para o descanso com Deus. Assim o convite à festa é posto de lado e Deus fica como acessório, se houver tempo.
Como disse muito bem Albert Barnes, “a Bíblia, como revelação de Deus, não tem a intenção de nos dar todas as informações que pudéssemos desejar nem de resolver todas as questões com as quais a alma humana vive perplexa, mas a de transmitir o suficiente para ser um guia seguro para o porto do descanso eterno.” O convite ao banquete é para viver uma vida sobrenatural, onde a autoconfiança é substituída pela confiança no Alto e lhe é dado o poder para viver essa vida.
O terceiro convidado disse que havia se casado e, portanto, não poderia vir. Os laços familiares e as relações sociais muitas vezes impedem os homens de receber o convite do evangelho. Muitos ficam de fora da festa por causa da ocupação com a família.
Nós precisamos colocar a família no altar e não fazer da família o nosso altar. A nossa prioridade é Deus, depois a família. Abraão precisou pôr primeiro Isaque no altar para poder fazer com que Deus fosse o foco do seu último altar. Abraão construiu quatro altares, mas o último é o que representa a sua total consagração. Mesmo que a família seja de importância fundamental ela não pode ter importância capital, pois o ponto principal é Deus e o Seu Reino, depois vem à família. Não podemos inverter este organograma.
21 “O servo voltou e informou a seu senhor o que tinham dito. Ele ficou furioso e ordenou: ‘Vá depressa pelas ruas e becos da cidade e convide os pobres, os aleijados, os cegos e os mancos’. 22 Depois de cumprir essa ordem, o servo informou: ‘Ainda há lugar para mais gente’. Quando o servo notificou ao seu senhor que o convite estava sendo rejeitado, o senhor ficou muito bravo e o enviou à cidade a fim de convidar os pobres e os aleijados, os coxos e os cegos. "Tanto a natureza quanto a graça abominam o vácuo", disse Bengel. Se há lugar vazio na mesa do banquete precisa ser preenchido.
Talvez os primeiros convidados sejam os líderes judeus. Quando rejeitaram o evangelho, Deus o enviou para as pessoas comuns da cidade de Jerusalém. Muitos deles responderam ao chamado, mas ainda havia espaço vazio na casa do banquete.
“E assim o senhor disse ao servo para sair pelos caminhos e veredas e obrigar as pessoas a entrar. Isto sem dúvida retrata o evangelho indo aos gentios. Eles não deveriam ser compelidos pela força das armas (como foi feito na história da cristandade), mas sim pela força do convencimento do Espírito Santo. A persuasão amorosa deveria ser usada em um esforço para trazê-los para que a casa do senhor e assim a sala ficasse cheia”.
23 Então o senhor disse: ‘Vá pelas estradas do campo e junto às cercas entre as videiras e insista com todos que encontrar para que venham, de modo que minha casa fique cheia. 24 Pois nenhum dos que antes foram convidados provará do meu banquete’”. A ordem agora é saia pelas estradas. Uma vez que não havia encontrado gente suficiente nas ruas, ordenou ao empregado que entrasse nas estradas - as rodovias públicas fora da cidade - e também as convidasse.
A palavra cerca ou sebe usada aqui é a cobertura em torno de um campo ou vinhedo. Era comumente feito de espinhos, que eram plantados para manter o gado fora da vinha. Os que estavam nas sebes eram os pobres trabalhadores empregados em plantá-los ou apará-los, homens da classe mais baixa e de grande pobreza.
A grande ênfase dessa parábola era que Deus chamaria os gentios depois que os judeus tivessem rejeitado o evangelho. Isto deve ser mantido em vista na interpretação de todas as partes da parábola. Obrigue-os a entrar no banquete. Isto é, exortá-los, pressioná-los sinceramente, um ou todos. Não ouça suas desculpas por causa de sua pobreza e baixo nível de vida, mas exorta-os a superar suas objeções e levá-los à festa.
Isso expressa à seriedade do homem de que sua mesa estivesse preenchida e seu propósito de não rejeitar ninguém por causa de pobreza, ignorância ou falta de vestuário. Então, Deus é sincero em relação aos mais vis pecadores. Ele ordena a seus servos, seus ministros, que os incitem a vir, a fim de pressionar a salvação do evangelho e usar todos os meios ao seu alcance para trazer ao Seu Reino os pobres e necessitados pecadores.