Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - A HISTÓRIA DA GRAÇA INVULGAR
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A HISTÓRIA DA GRAÇA INVULGAR
A parábola do banquete de casamento em Mateus 22:1-14 (NVT).
1 Jesus lhes contou outras parábolas. Disse ele: 2 “O reino dos céus pode ser ilustrado com a história de um rei que preparou um grande banquete de casamento para seu filho. Uma das ênfases de Jesus nos seus ensinos era contar histórias e esta é uma que expõe as entranhas intrincadas da religião judaica na sua época.
3 Quando o banquete estava pronto, o rei enviou seus servos para avisar os convidados, mas todos se recusaram a vir. Jesus mostra aqui que a festa, em todos os seus detalhes, era de responsabilidade daquele que a oferecia. Este ponto fala da graça plena, quando Deus faz e dá tudo a quem nada merece. Fala também do convite, pois não se pode ir à festa se não for convidado. Mas neste caso o povo judeu recusou o convite.
4 “Então ele enviou outros servos para lhes dizer: ‘Já preparei o banquete; os bois e novilhos gordos foram abatidos, e tudo está pronto. Venham para a festa!’. 5 Mas os convidados não lhes deram atenção e foram embora: um para sua fazenda, outro para seus negócios. 6 Outros, ainda, agarraram os mensageiros, os insultaram e os mataram. Tudo está pronto, mas fica clara a resistência à graça sem preconceitos.
Aqui vemos uma postura mais agressiva do povo judeu diante da graça. Alguém disse que “é necessário graça para aceitar a graça uma vez que tudo é pela graça na vida cristã, do início ao fim”, por isso Martinho Lutero pôde assegurar, “os salvos não se caracterizam por seus próprios méritos, mas pela graça do Mediador”.
7 “O rei ficou furioso e enviou seu exército para destruir os assassinos e queimar a cidade deles. 8 Disse a seus servos: ‘O banquete de casamento está pronto, e meus convidados não são dignos dessa honra. 9 Agora, saiam pelas esquinas e convidem todos que vocês encontrarem’. 10 Então os servos trouxeram todos que encontraram, tanto bons como maus, e o salão do banquete se encheu de convidados.
A atitude do rei aqui foi severa. Deus é misericordioso para com os pecadores indignos, mas é austero para com aqueles se revestem de justiça própria e rejeitam a graça em sua excelência. Os judeus eram indignos da graça, pois se viam dignos pelos méritos.
11 “Quando o rei entrou para recebê-los, notou um homem que não estava vestido de forma apropriada para um casamento 12 e perguntou-lhe: ‘Amigo, como é que você se apresenta sem a roupa de casamento?’. O homem não teve o que responder. 13 Então o rei disse: ‘Amarrem-lhe as mãos e os pés e lancem-no para fora, na escuridão, onde haverá choro e ranger de dentes’.
Vamos observar as linhas como Dr. William MacDonald vê esta história. Aqui vemos entre os convidados, alguém que não tinha uma roupa festival própria para a festa. Desafiado por sua inadequação em comparecer à festa, ficou sem palavras. O rei ordenou que ele fosse lançado na noite escura, onde haveria choro e ranger de dentes.
Os atendentes no versículo 13 não são os mesmos servos no versículo 3. Os diáconos do 13 são diferentes dos escravos do 3. Nosso Senhor concluiu a parábola no versículo 14 com as palavras definitivas: Porque muitos são chamados, mas poucos são escolhidos. Ainda que o convite seja universal, a escolha é particular.
Quanto ao significado da parábola, o rei é Deus e Seu Filho é o Senhor Jesus. A festa de casamento é uma descrição apropriada da alegria festiva que caracteriza o reino dos céus. Introduzir a igreja como a noiva de Cristo nesta parábola complica a imagem. O pensamento principal é a separação de Israel, não o chamado e destino da igreja.
A primeira etapa do convite talvez retrate João Batista e os doze discípulos que gentilmente convidaram Israel para a festa de casamento. Mas a nação se recusou a receber o convite. As palavras mas todos recusaram a vir (v. 3) foram evidenciadas de modo bem claro na crucificação do Filho de Deus. A nação judaica rejeitou o Messias.
A segunda etapa do convite sugere a proclamação do Evangelho aos judeus no livro de Atos. Alguns trataram a mensagem com total desprezo e desdém. Alguns trataram os mensageiros com violência; a maioria dos apóstolos foi martirizada.
O rei, justificadamente zangado com Israel, enviou “seus exércitos”, isto é, Tito e suas legiões romanas, para destruir Jerusalém e a maioria de seu povo em 70 dC. Eles eram “seus exércitos” no sentido de que Ele os usava como Seus instrumentos para punir Israel. Eles eram Seus oficialmente, mesmo que não o conhecessem pessoalmente.
Israel é posto de lado e o Evangelho vai para os gentios, tanto maus como bons. Quando os judeus viram as multidões, ficaram com inveja, de modo que difamaram Paulo e contestavam tudo que ele dizia.Então Paulo e Barnabé se pronunciaram corajosamente, dizendo: “Era necessário que pregássemos a palavra de Deus primeiro a vocês, judeus. Mas, uma vez que vocês a rejeitaram e não se consideraram dignos da vida eterna, agora vamos oferecê-la aos gentios. Atos 13:45-46 (NVT).
Mas a realidade de cada indivíduo que vem é testada. O homem sem traje de gala é aquele que professa estar pronto para o reino, mas que nunca foi revestido da justiça de Deus através do Senhor Jesus Cristo. Paulo mostra que em Cristo nunca houve pecado, mas Deus colocou sobre Cristo a culpa dos nossos pecados para que nós, em união com Ele, fôssemos revestidos com a justiça de Deus. 2 Coríntios 5:21.
Na verdade não havia desculpa para o homem entrar sem a roupa do casamento. Como observou muito bem Ryrie, era costume naquela época o dono da festa fornecer a roupa aos convidados. O homem obviamente não aproveitou a provisão oferecida. Isto evidencia as marcas da justiça própria, característica peculiar da religião do povo judeu, dando de mão ao dom da graça. Todos que se auto-justificam dispensam a graça plena.
Você sabe quando a corrente teológica tem os traços do judaísmo exatamente neste ponto. Eles dispensam a graça plena e se vestem de sua justiça ornada de legalismo. Mas como dizia Watchman Nee, “o legalismo obrigatoriamente produzirá orgulho no coração,” e um coração orgulhoso não se satisfaz com nada neste mundo.
Sem a roupa adequada ou sem Cristo, aquele penetra ficou sem palavras quando desafiado quanto ao seu direito de entrar no reino. É evidente que a lei se aplica àqueles a quem ela foi entregue, pois seu propósito é evitar desculpas e mostrar que todo o mundo é culpado diante de Deus. Romanos 3:19 (NVT).
Nesse caso seu destino era a escuridão exterior onde há choro e ranger de dentes. O choro sugere o sofrimento do inferno. Alguns sugerem que o ranger de dentes significa ódio continuado e rebelião contra Deus. Se assim for, desmente a noção de que o fogo do inferno exerce um efeito purificador. Esta é uma heresia sustentada por uns bodes.
O verso 14, pois muitos são chamados, mas poucos são escolhidos, refere-se a toda a parábola e não apenas ao incidente do homem sem a veste nupcial. Muitos são chamados, isto é, o convite do Evangelho é para muitos, tanto judeus como gentios. Mas poucos são escolhidos e de fato não sabemos quem são estes.
Ainda que a graça seja irresistível aos eleitos de Deus, muitos dos que ouvem a boa notícia recusam o convite universal, e mesmo daqueles que respondem de modo favorável, alguns são expostos como falsos mestres. Contudo todos os que respondem às boas novas, pela fé na Palavra, são verdadeiramente os escolhidos.
A única maneira pela qual uma pessoa pode dizer se é escolhida é pelo seu real e vivo relacionamento com o Senhor Jesus Cristo. Isto tem a ver com a sua vestimenta. Como Jennings disse: "Todos são chamados para desfrutar da festa, mas nem todos estão dispostos a confiar no Doador para fornecer o manto que serve para a festa".
Somente aqueles que foram crucificados com Cristo e por isso foram justificados, podem ser revestidos com a justiça da vida de Cristo. Pois todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos foram batizados em Cristo de Cristo foram revestidos. Gálatas 3:26-27. Ser batizado em Cristo não é o mesmo que ser batizado nas águas, embora o batismo nas águas simbolize o batismo na morte com Cristo.
Agora fico aqui com este último pensamento de Paul S. Rees, “o problema de muitos cristãos é que eles estão mais preocupados com sua doutrina da santidade do que com o fato de serem revestidos da beleza e da pureza de Cristo.” É isto.