Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - O SANTO SENDO SANTIFICADO SANTIFICA-SE
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O SANTO SENDO SANTIFICADO SANTIFICA-SE
O mal prossiga praticando maldade; o impuro avance na impureza; o justo progrida a viver justamente; e o santo continue a ser santificado”. Apocalipse 22:11.
O objetivo central da salvação é a produção de santos para a glória da Trindade. “Um cristão que não é santo é uma contradição de tudo o que a Bíblia ensina”, embora ser um santo não seja uma rua sem saída, porque aquele que é santo precisa ser santificado.
Uma vez feito santo, por meio do Espírito Santo, esse santo toma a via laboriosa da santidade. A santificação é uma estrada de mão dupla, onde o lado soberano de Deus é correspondido pelo agir obediente do cristão. Aquele que é santo, santifica-se ainda mais. Uma santidade definitiva se complementa com uma santificação progressiva.
O Espírito Santo chama cada crente para espelhar e refletir o Seu caráter santo. A santificação é para os santos. Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.1 Pedro 1:14-16.
O nosso problema real é que em nós mesmos não somos santos; nossa alma é profana. Há muito lixo acumulado em nossa mente e temos uma história aculturada com o mundo caótico. Por isso, as novas criaturas que já foram regeneradas no espírito e foram feitas espiritualmente santas, ainda precisam ser santificadas em seu modo de ser.
A Bíblia se refere aos salvos como santos, contudo estes santos ainda precisam de santificação progressiva. O termo santo significa “aquele que foi separado do profano”. Visto que a santidade não é encontrada em nós mesmos, devemos ser santificados.
Aquele que trabalha para nos tornar santos, para nos conformar à imagem de Cristo, é o Espírito Santo. Como a terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo não é mais santo do que o Pai e o Filho. Embora nunca falemos do Pai Santo nem do Filho Santo, mas do Espírito Santo. O Espírito de Deus é chamado de Espírito Santo não tanto por causa de Sua pessoa, que realmente é santa, mas por causa de Sua obra para nos tornar santos.
O Espírito Santo é quem nos santifica. Ele nos consagra, cumprindo o Seu papel de santificador. Ser santificado é tornar o santo mais santo. A santificação é um processo que começa no momento em que somos feitos cristãos. O processo continua por toda a vida até a morte, quando o crente, finalmente, será plenamente santo e justo para sempre.
A fé reformada é enfática como trabalho unilateral do Espírito Santo, somente na regeneração. Nós não ajudamos o Espírito Santo em nosso novo nascimento. Não há qualquer noção de esforço cooperativo no renascimento do crente. A santificação, porém, é um assunto diferente. Nossa santificação é cooperativa, o Espírito age e o crente reage.
Precisamos trabalhar com o Espírito Santo para o crescimento em santificação. O apóstolo Paulo expressou essa idéia na carta à igreja aos Filipenses 2:12-13. Quando eu estava aí, meus amados, vocês sempre seguiam minhas instruções. Agora que estou longe, é ainda mais importante que o façam. Trabalhem com afinco a sua salvação, obedecendo a Deus com reverência e temor. Pois Deus está agindo em vocês, dando-lhes o desejo e o poder de realizarem aquilo que é do agrado dele.
O chamado à cooperação é aquele que envolve labor. Devemos trabalhar a sério. Trabalhar com temor e tremor não sugere espírito de terror, mas de reverência associada ao esforço. Somos consolados pelo conhecimento de que não nos resta fazer esse trabalho sozinho por nossos próprios esforços. Deus trabalha em nós para realizar a santificação.
O Espírito Santo habita no crente, trabalhando nele para trazer sua vida mais cheia da santidade de Cristo. Devemos ter o cuidado, porém, de não confundir o Espírito residente no santo com qualquer deificação pessoal do crente.
O Espírito Santo está no crente e trabalha com o crente, mas Ele não se torna o crente. O Espírito Santo trabalha para produzir seres humanos santificados, nunca jamais criaturas humanas deificadas. Ele trabalha em nós, a fim de sermos operantes em nosso modo de ser. Não há crente indolente ou inativo no seu estilo de vida.
Quando o Espírito habita em nós, Ele não se torna um ser humano e nós não nos tornamos deuses. O Espírito Santo não destrói nossa identidade como seres humanos. Em nossa santificação devemos ganhar o caráter de Deus, mas não a natureza de Deus. Somos humanos e precisamos agir como tal, reagindo à ação do Espírito Santo em nosso espírito.
O Espírito Santo convence o incrédulo do pecado e regenera-o, espiritualmente, dando-lhe condições de crer em Jesus e ser feito santo, a fim de poder ser santificado dia a dia por meio da vida de Cristo. Há uma santidade imputada que precisa prosperar.
Alguém disse: “a santidade que só pode ser consumada pelo poder de Deus, só será consumada pelo cuidado do homem.” Aquele que foi feito santo pelo fato de receber a Cristo como Senhor, deve ser santificado a cada dia, porque Ele é o Senhor de sua vida, exigindo obediência permanente. Os santos, santificados, se santificam ainda.
Thomas Brooks dizia: “o caminho da santidade que leva à felicidade é uma via estreita; só há lugar para o Deus santo e a alma santa andarem juntos.” Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum. 2 Pedro 1:10.
Eis aqui o testemunho de um santo, Jonathan Edwards: “continuei na minha busca ansiosa por mais santidade e conformidade com Cristo. O céu que desejava era o céu de santidade. E devia portar-me a cada dia como se não dependesse de nenhum outro”.
Sim, somos santos em Cristo, mas precisamos ser santificados e santificar-nos para a glória do Pai. Essa consciência de pureza e santidade de Deus deve modelar o nosso estilo de vida continuamente. Nenhum santo se conforma com uma vida sem santificação permanente. Quando percebemos a nossa impureza, ansiamos por mais santidade.
A Palavra é categórica: Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados. Hebreus 12:14-15.
Precisamos de fato de vidas santas na igreja de Jesus Cristo, porém santos não se santificam por suor ou esforço da carne, mas pela dedicação e afinco patrocinados apenas por meio da graça e na santidade do Espírito Santo. Não se trata de uma conquista que nós alcançamos com muita bravura, gerando orgulho; trata-se dum presente que vem envolto, sim, em labuta, contudo, essa labuta não produz cansaço, nem cultiva vanglória.
Essa vida de santidade sobrenatural, essa genui´na retida~o interior, na~o e´ algo que nós possamos produzir por nós mesmos. Na~o e´ resultado de esforc¸o humano. Na~o e´ adquirida pela carne atrave´s da forc¸a de vontade, determinac¸a~o ou obstinação pessoal, mas pelo agir do Espírito Santo correspondido pelo entusiástico labor espiritual.
Há um esforço do homem carnal e há também uma atividade séria do homem espiritual. Se o trabalho executado for pela carne, haverá vaidade, mas se for pelo espírito redundará em glória ao Cordeiro. Para o teólogo inglês J. A. Motyer, “a graça santificadora de Deus é apropriada pela atividade obediente e incessante do homem regenerado.”
A santificação sempre carrega labores e lutas em seu processo. Não há qualquer possibilidade de peregrinarmos na estrada da santidade sem conflitos e enfrentamentos, mas não podemos creditar as vitórias ao nosso desempenho, uma vez que esses exercícios são consequências da operação da graça em nossas vidas.
Porque Deus é santo requer santidade do crente. Ele é santo e puro e nós nunca podemos ser tão santos quanto Ele é. Todavia podemos refletir a essência do Seu caráter santo. Quando somos chamados a ser santos, isso não significa que compartilhamos da divina majestade, mas que devemos ser diferentes de nossa pecaminosidade caída.
A. W. Pink dizia: “Não há maneira pela qual, por nós mesmos, possamos gerar santificação. Nossa santificação é Cristo. Não há maneira pela qual possamos ser bons. Nossa bondade é Cristo. Não há maneira pela qual possamos ser santos. Nossa santidade é Cristo.” Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Pois, assim como um ramo não pode produzir fruto se não estiver na videira, vocês também não poderão produzir frutos a menos que permaneçam em mim. João 15:4 (NVT).