Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - DAS PRIORIDADES NAS CONTRIBUIÇÕES
DAS PRIORIDADES NAS CONTRIBUIÇÕES
Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber. Atos 20:35.
Paulo, em Mileto, falando aos presbíteros da igreja de Éfeso, encerra sua fala ou a sua mensagem colocando diante dos anciãos o exemplo de sua própria vida e ministério. Ele poderia dizer com toda a honestidade que não cobiçou prata, ouro ou roupas. Não foi o ganho financeiro que o motivou na obra do Senhor.
Paulo era um homem pobre, no que dizia respeito às coisas materiais, mas era rico para com Deus. Ele estendendo as mãos diante deles, pôde lembrá-los de que aquelas mãos haviam trabalhado para suprir as necessidades da vida, tanto para ele, quanto para os que estavam com ele. Mas Paulo foi além disso também ao falar dos necessitados.
O apóstolo trabalhou como fabricante de tendas para poder ter meios de ajudar os fracos - aqueles fisicamente doentes ou fracos no que se referem a escrúpulos morais, ou fracos em assuntos espirituais. Os presbíteros da igreja de Éfeso deveriam lembrar-se disso e buscar em todas as coisas o bem dos outros, lembrando-se das palavras do Senhor Jesus: “… É mais abençoado dar do que receber”.
É interessante notar que essas palavras de nosso Senhor não são encontradas em nenhum dos Evangelhos. Elas representam a soma de muitos dos Seus ensinos, mas aqui elas são dadas como uma adição inspirada às Suas palavras nos Evangelhos.
Precisamos ganhar a revelação e a dimensão do reino de Deus. Para o mundo, a felicidade está em lucrar algo para si mesmo; para a igreja de Cristo, em doar o máximo que puder para o bem do maior número de pessoas possível. O mundo busca alguma vantagem pessoal para se realizar; a igreja busca a glória de Deus e o benefício de todos os que o Evangelho pode alcançar. Investir para a glória da Trindade é o alvo da igreja.
Como devemos aplicar os recursos que são captados pela igreja? Temos aqui que buscar os fundamentos bíblicos do caráter e da boa mordomia cristã.
O breve catecismo de Westminster começa perguntando: Qual e´ o fim principal do homem? A resposta é simples como a fé: - o fim principal do homem e´ glorificar a Deus, e goza´-lo para sempre, portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.1 Coríntios 10:31.
Charles Caldwell Ryrie indaga: “o que é a glória de Deus? É a manifestação de qualquer dos seus atributos. Em outras palavras, é a manifestação de Deus ao mundo. Assim, as coisas que glorificam a Deus são coisas que mostram as características de seu ser para o mundo.” Precisamos ter a consciência de investir os recursos para a glória de Deus.
Há pelo menos quatro áreas que devemos buscar sabedoria para aplicar naquilo que glorifica à Trindade. Quais são? - A pregação do Evangelho, o cuidado com os alcançados, a aquisição das ferramentas e a manutenção do odre. O que isto significa?
A prioridade com o investimento no Reino de Deus é na pregação do Evangelho. Segundo Jesus a salvação de uma alma vale mais que o mundo inteiro e as almas são salvas sempre pela pregação do Evangelho. Aqui está o alvo central de qualquer aplicação séria no Reino de Deus neste mundo: missão evangelizadora. E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos. Lucas 16:9.
Alguém disse: “Nenhuma igreja tem o direito de enviar missionários. Só Deus envia missionários. A parte da igreja é simplesmente liberá-los tão logo o plano de Deus seja revelado e sustentá-los adequadamente segundo os recursos que Deus provê.”
A grande missão da igreja é pregar o Evangelho de Jesus Cristo para resgatar as almas do inferno, aplicando todos os recursos disponíveis para tal. Não é saudável ver a igreja acumular superávit quando são necessários investimentos para que a mensagem do Evangelho chegue ao maior número possível de pessoas.
John Wesley dizia: “A igreja nada tem a fazer, a não ser salvar almas; portanto, deve gastar e ser gasta nesta obra. Não lhe é requerido falar tantas vezes, mas salvar tantas almas quanto puder, levar ao arrependimento tantos pecadores quanto possível.”
A segunda área de investimento é nos alcançados. Aqui temos um grande grupo de gente que precisa de cuidados especiais. Na história da Igreja temos visto quantos hospitais, asilos, escolas, etc, foram criados para cuidar dos mais carentes! O apóstolo aos gentios fala de uma advertência que recebeu: recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer. Gálatas 2:10.
Precisamos criar condições de suporte aos necessitados, bem como a edificação de todo o corpo de Cristo. Paulo disse que é mister socorrer aos necessitados. A igreja que não investe em carentes carece de revisão na sua teologia bíblica. Não é paternalismo, mas exercício de misericórdia. Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Tiago 2:14.
Andrew Murray dizia: “Que privilégio divino e que bênção é ter o poder de aliviar os necessitados e alegrar o coração dos pobres através da prata e do ouro! Que bendita crença é a que faz com que o dinheiro que damos a outros seja uma fonte de prazer maior do que aquele que temos quando guardamos ou gastamos conosco! Este último é gasto com as coisas temporárias, mas tudo o que se gasta na obra de amor tem um valor eterno e traz dupla felicidade, tanto para nós mesmos, como para os outros.”
Vejamos ainda estas palavras de David W Dyer: “Os crista~os sa~o orientados a manter as boas obras (Tt 3:8).Ga´latas 6:10 nos ensina a ... fazer o bem a todos, especialmente para aqueles que fazem parte da fami´lia na fe´. Pore´m, estou preocupado de ficarmos presos às obras naturais. A nossa mensagem e´ uma mensagem espiritual. A nossa meta e´ uma meta celestial”.
E ele acrescenta com precisão: “so´ devemos gastar o nosso dinheiro, tempo e energia em empreendimentos que promovam o reino celestial de Deus. Enquanto os sofrimentos desta vida fornecem para no´s uma oportunidade de servir aos outros e traze^-los a Jesus, nunca devemos perder de vista o objetivo de Deus –preparar os corac¸o~es dos homens para o Seu retorno em breve.”
A terceira área de investimentos da igreja é na aquisição de ferramentas capazes de ajudá-la a expandir a sua missão. O mundo passa por mudanças extraordinárias e não podemos continuar andando de carroça na era do avião. A mega Kodak faliu, mas a arte fotográfica evoluiu. O telégrafo virou tema museológico, embora o celular avance cada dia.
A igreja da comunidade Amish nos EUA vive ainda com seu estilo do século 17, embora isto não a torne em nada relevante para quem vive no século 21. Precisamos nos fixar bem nos antigos fundamentos da nossa fé, contudo, precisamos nos atualizar nos meios de comunicação, se quisermos uma igreja contextualizada e expressiva no mundo.
Investir em tecnologia é fundamental para tornar a comunicação sempre mais abrangente e atualizada, mas é bom lembrar que só o Espírito Santo pode torná-la eficaz. É importante edificar espaços apropriados para melhor equipar as pessoas, porém não custa recordar que o dinheiro consegue apenas edificar templos e que somente o Espírito de Cristo pode edificar a Sua igreja. Mas as duas coisas devem andar juntas.
Temos ainda a quarta área de investimentos, o odre. Jesus disse que não se põe vinho novo em odres velhos. O odre é a estrutura. A igreja é um organismo vivo que tem organização e o sistema precisa de concentração de recursos. O vinho precisa da taça, a mensagem do Evangelho precisa de um odre e a boa manutenção deste odre requer um bom investimento tanto na expansão como na manutenção.
Uma das maiores dificuldades na gerência dos recursos é na sua aplicação. Não é fácil selecionar as prioridades. Li este pensamento e concordei: "O dinheiro é um servo maravilhoso, um mestre terrível, é um deus abominável." Como estamos lidando com ele?
Na parábola do administrador infiel Jesus nos surpreende com esta declaração: E elogiou o senhor o administrador infiel porque se houvera atiladamente, porque os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz. Lucas 16:8. O patrão não elogiou o servo por ser infiel, mas por ter agido com senso criterioso segundo a sua cultura. Então, Jesus mostra que essa geração do mundo é mais habilidosa na administração dos recursos do que os filhos da luz. E agora?
“O espírito do mundo é a concupiscência da carne, a cobiça dos olhos e o orgulho da vida”. O dinheiro é o grande meio que o mundo tem para satisfazer seus próprios desejos. Cristo disse de seus discípulos: "Não são do mundo, como eu não sou do mundo”. Precisam demonstrar pela forma como distribuem todo o seu dinheiro, que o fazem conforme um princípio que não é do mundo, mas que é o espírito do céu que lhes ensina como devem usá-lo. E o que é que nos sugere este espírito? Usá-lo para propósitos espirituais, para aquilo que há de durar por toda a eternidade, para aquilo que agrada a Deus. “Aqueles que são de Cristo crucificaram a carne e seus desejos.” Andre Murray.
Termino este estudo suplicando: Dá-nos, ó Pai, a sabedoria celestial para esta administração aqui na terra. Dá-nos o foco do Teu Reino, em nome de Jesus. Amém.