Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - DOS DÍZIMOS, OFERTAS E ESMOLAS NA IGREJA
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DOS DÍZIMOS, OFERTAS E ESMOLAS NA IGREJA
Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Malaquias 3:8.
O que a Bíblia, de fato, ensina a respeito do dízimo no que se refere à fé cristã? É o dízimo uma realidade para a igreja hoje? Pode-se ensinar sobre o dízimo na igreja?
Há muitas pessoas que acreditam que o dízimo não faz parte da vida dos crentes hoje, porque é um mandamento da Velha Aliança e que não encontra-se definido no Novo Testamento. Para estes, o dízimo é como o apêndice no intestino, não tem mais função específica para o corpo, quando muito, uma infecção pode se instalar nele.
Embora o dízimo faça parte da história do povo Israel no AT, não creio que tudo que Deus exigiu de seu povo antes esteja desconsiderado, se o Novo Testamento silenciou a respeito. “Eu diria que se o dízimo foi cancelado, deveríamos ter um ensino explícito no Novo Testamento afirmando que o dízimo não está mais em vigor”.
Podemos dizer ainda que o dízimo não foi um evento da lei e não era exclusivo do povo hebreu. Abraão deu o dízimo ao sumo-sacerdote Melquisedeque mais de 400 anos antes da lei, portanto, antes da existência do povo de Israel e do sacerdócio aarônico.
Conquanto o dízimo seja uma contribuição fundamental no desenvolvimento da história do povo hebreu, sua realidade antecede a este povo e sua permanência continua na história da igreja. Não acredito que o dízimo caducou com o advento do cristianismo.
Segundo o Dr. Sproul, “o dízimo era uma responsabilidade central na economia da velha aliança, e teria sido transportado, principalmente quando entendemos que a comunidade da nova aliança foi estabelecida principalmente entre judeus, que continuariam a praticá-lo, a não ser que lhes dissessem que o dizimo não era mais necessário. Eu diria que na ausência de uma palavra específica de repúdio, o dízimo continua sendo válido no Novo Testamento”.
Quando Jesus estava na terra e a nova aliança ainda não tinha sido estabelecida, ele aprovou os fariseus por seus dízimos. Eles dizimavam os temperos, isto é, dizimavam as menores coisas. Dizimar coentro e cominho é dizimar nonada. Jesus os aplaudiu por isso, dando importância ao dízimo, apesar de os criticar por certa incoerência no processo.
Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas. Lucas 11:42. Não era uma crítica ao dízimo.
Os fariseus eram externalistas por princípio e meticulosos nos menores detalhes da lei cerimonial, como o dízimo de pequenas ervas. Todavia eles eram descuidados em suas relações com Deus e com o homem. Jesus põe o Seu dedo nesta questão, aqui.
Eles oprimiam os pobres e falhavam em amar a Deus. O Senhor repreendeu-os não pelo dízimo de hortelã e arruda e toda erva, mas simplesmente salientou que eles não deveriam ser tão zelosos nesse particular e negligenciar os deveres básicos da vida, como a justiça, a misericórdia e o amor de Deus. Era uma questão de equilíbrio.
Os fariseus fazem parte da turma elitista que enfatiza o subordinado, mas negligencia o primário. Eles se destacavam naquilo que podia ser visto pelos outros, mas descuidavam com o que só Deus podia ver. Esta era a questão que Jesus combateu neles.
A maioria dos dízimos no Antigo Testamento era prestada com bens advindos da agricultura ou pecuária – era uma sociedade agrária. Os fariseus eram tão escrupulosos a respeito de dar os dez por cento a Deus que, se plantasse um pouco de salsa no quintal, eles dizimavam isso também. Dizimavam os mínimos lucros dos seus ganhos.
É como se você achasse dez centavos no chão e fizesse questão de entregar um centavo a Deus. Jesus disse que esses homens eram tão escrupulosos que pagavam até o último centavo, e Jesus os cumprimentou por isso como vimos em (Lucas 11.42).
“Quando o Novo Testamento se refere a dar, fala em dar da sua abundância e do espírito de gratidão do seu coração. Sempre que as duas alianças ou os dois pactos são comparados, particularmente no livro de Hebreus, somos ensinados que o Novo Testamento é uma aliança muito mais rica. Os benefícios que recebemos como cristãos, excedem em muitos os benefícios que o povo da velha aliança gozava”.
“Mas também segue-se que as responsabilidades do povo do Novo Testamento também excedem as responsabilidades do povo do Antigo Testamento. Nós estamos numa situação melhor. Eu diria que o dizimo não é um alto padrão fundamental para o super-cristão, mas é apenas o alicerce. É o ponto de partida para uma pessoa que está em Cristo e que compreende alguma coisa dos benefícios que recebe de Deus”.
Jesus afirmou com plena firmeza: Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus. Mateus 5:20. Para ganhar a entrada no reino, nossa justiça deve superar a retidão dos escribas e fariseus (que estavam contentes com cerimônias religiosas que lhes davam uma limpeza ritual exterior, mas que nunca mudavam seus corações).
Jesus usa hipérbole (exagero) para transmitir a verdade de que a retidão externa sem a realidade interna não obterá entrada no reino. A única justiça que Deus aceitará é a perfeição que Ele imputa àqueles que recebem o Seu Filho como Salvador e Senhor (2 Coríntios 5:21). Naturalmente, onde há verdadeira fé em Cristo, haverá também a justiça prática que Jesus descreve no restante do Sermão do Monte. Os dízimos precisam ser superados no que dizem respeito à formalidade. Dar de coração e nunca por mero dever.
Quando o profeta Malaquias admoestou o povo de Israel, ele não o fez apenas pela sonegação dos dízimos, mas também pela retenção das ofertas! Este é um outro nível de contribuição que precisa ser entendido e praticado de acordo com os seus princípios. Mesmo dizimando fielmente, o crente não pode parar por aí!
No que diz respeito às ofertas, não há normas que mostrem ‘quanto’ devemos dar nem ‘quando’ devem ser dadas, somente ‘como’ devem ser dadas. Assim, as ofertas devem fazer parte sempre da vida do crente, pois a liberalidade enriquece o viver cristão.
As ofertas são tão espirituais como as orações, a meditação da Palavra de Deus ou o jejum. Tudo no Reino de Deus tem um caráter espiritual. Alguém disse: “a verdade fundamental da mordomia é que tudo o que tocamos pertence a Deus,” então, trata-se de bem espiritual e o uso de “nossas posses” mostra quem realmente somos espiritualmente.
Na Antiga Aliança as ofertas eram alçadas ou elevadas, votivas ou por algum voto pessoal e voluntárias. Na Nova Aliança são sempre alegres, liberais e livres. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. 2 Coríntios 9:7.
Finalmente vêm as esmolas no pacote. O centurião romano ainda não tinha sido convertido, quando o anjo lhe apareceu e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas lembradas na presença de Deus. Atos 10:31. Havia uma oração, talvez de súplica pela sua salvação e algumas esmolas dadas aos pobres, diante do trono, que moveram o trono em direção a Cornélio. Havia uma graça preventiva agindo nele.
O dízimo é quantificado em 10% da renda. Bruta ou líquida? Depende de como o Senhor quer trabalhar com nossa ganância e generosidade. As ofertas, porém, são sempre voluntárias e todas voltadas para a expansão do Reino de Deus na terra. E as esmolas? Aqui vemos uma operação da graça em favor dos mais carentes do mundo, os pobres.
Jesus ensinou que as esmolas devem ser feitas discretamente: quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Mateus 6:2.
Como cristãos devemos viver do modo digno da vocação a que fomos chamados, com discrição e diligência naquilo que fazemos. Dizimar, ofertar e esmolar fazem parte da trajetória equilibrada e ponderada de todo discípulo de Jesus Cristo. Você é um discípulo?
Se uma águia estiver feliz numa gaiola ou um peixe contente na terra seca, então o incrédulo estará satisfeito em participar da igreja e alegre em contribuir para o reino de Deus. Contudo, se um crente se sente indisposto em contribuir para a obra do Evangelho, com certeza temos que admitir uma aberração na obra salvadora de Cristo. Veja isto aí...