Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - DAS CONTRIBUIÇÕES CRISTÃS
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DAS CONTRIBUIÇÕES CRISTÃS
A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda. Provérbios 11:24.
“Nunca temo pelos irmãos que têm muitas dificuldades financeiras, mas muitas vezes tremo por aqueles cuja carreira é próspera,” disse Spurgeon e eu acrescento: tendo dificuldades em contribuir. Árvore frutífera que não dá frutos deve ser retirada do pomar.
A contribuição cristã é a participação dos filhos de Deus na disseminação do Evangelho e na manutenção física da igreja de Nosso Jesus Cristo. É uma medida material de avaliar a experiência da santificação, quanto à generosidade dos santos. Deus jamais precisou de alguma coisa, mas a igreja precisa das contribuições para poder contribuir na expansão do Reino de Deus na terra. Neste caso, Ele usará os Seus mordomos fiéis.
Davi sabia como funcionava a mordomia, quando disse: porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos. 1 Crônicas 29:14.
No desprendimento para com as contribuições, o Senhor irá trabalhar com nossa avareza que nos aprisiona em nossa falta de visão espiritual e no medo da falência no futuro. Muitos não são generosos porque a posse os possui; este mundo consumista os suga e o medo de ficarem pobres os deixam cautelosos, calculistas e claudicantes na fé.
Já vimos noutra vez aqui, que Deus não precisa de nada e que Ele não exige que nós contribuamos no Seu Reino a fórceps. A contribuição cristã será sempre voluntária e nunca será vista como uma propina que os empresários pagam aos administradores pelos contratos vantajosos, nem uma gorjeta dada pelos serviços que foram prestados.
Culto cristão é sempre um culto sacrificial, vivo e voluntário. Não há culto morto que não nos custe nada. Por causa da morte de Cristo nós oferecemos um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto espiritual. Como disse Joseph Pearce, “não se requer nada menos do que um sacrifício vivo. Não um empréstimo, mas uma doação; não um compromisso, mas um sacrifício; não o que temos de pior, mas o que temos de melhor; não uma oferta morta, mas viva. Cada gota de nosso sangue, cada grama de nossa energia, cada batida de nosso coração; tudo precisamos oferecer a Deus.”
E por que contribuímos? Por uma gratidão eterna e porque é uma grande honra participar na expansão do Reino de Deus, neste mundo. “O sinal do amor que professamos pelo Evangelho da graça é a medida do sacrifício que estamos dispostos a fazer para ajudar o seu progresso.” Não é um peso, nem um mero dever. É um privilégio e um prazer.
Não contribuímos para ressarcir um prejuízo, mas porque fomos alcançados por uma tão grande salvação. Tudo o que fizermos é o mínimo diante de tamanha graça. Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para comigo? Salmos 116:12. A redenção de nosso espírito é impagável e a salvação de nossa alma não tem compensação.
Os benefícios são imensuráveis e eternos. Fomos salvos plena e eternamente da condenação do pecado. A nossa redenção é uma dádiva inteiramente gratuita do Pai, mas custou o sacrifício mais cruel do Seu Filho amado na cruz. E, agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Romanos 8:1.
A excelência da pessoa e da obra de Cristo vai muito além da condenação dos pecados. Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Colossenses 1:13-14. E como disse William Temple, “a única coisa com a qual o homem pode contribuir para a sua própria redenção é o pecado do qual ele precisa ser redimido.”
Além do perdão dos pecados e da libertação do império das trevas, fomos livres de um dos mais astuciosos inimigos do contentamento; fomos libertos de nós mesmos. O egoísmo é um mundo muito pequeno e apertado, habitado apenas por uma pessoa obesa.
Alguém disse que o cristão é o ente mais livre do mundo... contudo, em relação ao amor, ele é o maior servo. Não vive para si, vive para a glória de Deus e o bem maior do maior número de pessoas. Assim, que dignidade o serviço de Deus confere a seus servos! É aqui que reina o prazer indizível de se tornar um contribuinte que glorifique a Trindade.
Já vimos o que é a contribuição cristã; por que contribuímos e agora vamos ver como se contribui. Não basta ser um contribuinte, é preciso ser alegre quando se contribui. O apóstolo Paulo falando das igrejas da Macedônia pinça algumas qualidades. Elas têm sido provadas com muitas aflições, mas sua grande alegria e extrema pobreza transbordaram em rica generosidade. 2 Coríntios 8:2.
Eram comunidades pobres, mas eram igrejas alegres em se doar. Além do que, eram generosas. Aqui enxergamos duas caraterísticas da verdadeira contribuição: alegria e generosidade. Se nós não ofertamos com gozo espiritual em nossos corações, devemos fazer um exame em nossa consciência. Mathew Henry já dizia: “alegria santa é o óleo para as engrenagens de nossa obediência.” A falta de alegria significa vazamento no barril.
Ninguém deve contribuir no muque ou constrangido. O apóstolo ensinava: Cada um deve decidir em seu coração quanto dar. Não contribuam com relutância ou por obrigação. “Pois Deus ama quem dá com alegria.” 2 Coríntios 8:7. “A verdadeira obediência da fé é uma obediência alegre.” Sem alegria não há cristianismo.
A contribuição do coração regenerado é sempre com um estilo generoso e nunca com mão minguada; é desprendida e sem miséria; alegre e com prontidão. Não existe festa enfezada, nem ofertas de gratidão mal-humoradas. Quem contribui com amor, contribui com prazer. O segredo da verdadeira contribuição é andar dentro da vontade do Senhor. E aprender a viver contente, dentro da vontade do Senhor, é o máximo na santificação.
Agora precisamos ver onde se deve contribuir. No AT as ofertas eram trazidas à Casa do Senhor ou o Templo. O Santuário hoje é a igreja. Creio que a igreja é a reunião do Corpo de Cristo. É neste perímetro que devemos investir, pois ela é o único organismo pelo qual Cristo deu a Sua vida. Precisamos contribuir com os programas da igreja de Cristo.
Há muitos que pulverizam suas ofertas, outros as concentram. O importante, de fato, é contribuir nos projetos da igreja de Jesus Cristo. E o grande projeto é pregar o santo Evangelho da graça. Assim, neste investimento temos 4 áreas a implementar: a pregação em si, o cuidado com os alcançados, a aquisição das ferramentas e a manutenção do odre.
O apóstolo Paulo foi enfático ao dizer: assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho. 1 Coríntios 9:14. Injetem recursos na proclamação do Evangelho, sabendo que esta é a prioridade das ações da igreja de Jesus neste mundo. E o apóstolo foi mais claro ao afirmar: Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. 1 Timóteo 5:17.
Segundo Jesus, nós precisamos empregar as riquezas de origem iníquas afim de granjear amigos. E Andrew Murray entendia que “as ofertas feitas com fé e amor não vão apenas para os cofres da igreja, mas, vão também para o próprio tesouro de Deus e são trocadas por "mercadoria" celestial.” Vidas salvas são produtos de investimentos sábios.
A Bíblia foca ainda: deve-se investir onde se recebe o cuidado espiritual. Aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui. Gálatas 6:6. Se recebemos as riquezas eternas, não é muito que contribuamos com aqueles que nos instruem na Palavra, com as riquezas temporais.
A ênfase é investir nos programas da igreja onde você tem recebido a mensagem da graça plena, contribuindo para a expansão do Reino de Deus, comprometido com a sã doutrina, com a pregação saudável do Evangelho e com a salvação e edificação das pessoas. Onde você é edificado espiritualmente, aí você deve aplicar materialmente.
Finalmente. Alguém me perguntou: - com quanto devemos contribuir? Jesus viu uma viúva pobre dar tudo e a “aplaudiu”. Precisamos primeiro nos dar ao Senhor, depois, teremos condições de avaliar a quantificação da nossa oferta. Jonathan Edwards afirmou: “Hoje estive diante de Deus e entreguei-lhe tudo o que tenho e o que sou, de forma que já não pertenço a mim mesmo de modo nenhum. Eu me entreguei completamente a Ele.”
Fico agora com a proposta do missionário na África, Dr. David Livingstone: “Não darei nenhum valor a qualquer coisa que eu tenha ou venha a possuir, a não ser que tenha valor para o reino de Cristo.” Agora estou habilitado para saber discernir o quanto. Que o Pai nos dê a sabedoria de administrar os Seus tesouros como bons mordomos na Sua Casa.
Podemos dizer como Iain H. Murray, “somos incapazes de contribuir para nossa regeneração tanto quanto de contribuir na obra do Calvário,” mas, por outro lado, somos capazes de contribuir para a exposição do Evangelho, de tal modo, que o maior número de pessoas experimente a mesma salvação que ganhamos pela graça. Usá-nos Senhor!