Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - DA TENTAÇÃO DAS RIQUEZAS
DA TENTAÇÃO DAS RIQUEZAS
Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. 1 Timóteo 6:9.
Este versículo lida diretamente com aqueles que têm um desejo insaciável de ser ricos neste mundo. Seu pecado não está em ser rico, propriamente, mas em cobiçar ser assim. Aqueles que desejam ser ricos são pessoas que não se contentam com comida, roupas e alojamento, mas estão determinadas a ter cada vez mais. São insaciáveis.
Desejar excessivamente ser rico leva uma pessoa à tentação. Para atingir o seu objetivo, ela é sempre atraída a usar métodos desonestos e muitas vezes violentos. Tais métodos incluem jogos, especulação, fraude, propinas, perjúrio, roubo e até assassinato.
Este tipo depessoa cai em armadilhas. O desejo se torna tão forte que ela não pode livrar-se dele. Talvez ela prometa a si mesmo que quando chegar a um certo número na conta bancária, irá parar. Mas não pode. Quando atinge esse objetivo tem o desejo de mais ainda. Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade. Eclesiastes 5:10.
O desejo por dinheiro também traz consigo cuidados e medos que enredam a alma. As pessoas que se tornam ricas caem em muitas loucuras... luxúrias. Existe o desejo de acompanhar o esnobismo, e, a fim de manter um nível social na comunidade, elas são frequentemente levadas a sacrificar alguns dos valores realmente valiosos da vida.
Elas também caem em luxúrias prejudiciais. A cobiça pela riqueza faz com que as pessoas ponham em perigo a sua saúde e ponham em risco as suas almas. De fato, esse é o fim para o qual estão à deriva. Ficam tão ocupadas com coisas materiais que se afogam em destruição e perdição. Em sua busca incessante por ouro, elas negligenciam suas vidas espirituais e suas almas que nunca morrem, e abandonam os tesouros eternos.
Barnes adverte a tragédia da cobiça: a destruição está completa. Há uma ruína total da felicidade, da virtude, da reputação e da alma. O desejo dominante de ser rico leva a um trem de loucuras que estraga tudo aqui e depois. Quantos da família humana foram destruídos! Quantos da família de Deus foram sufocados! O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera. Mateus 13:22.
Mas, “quão maravilhosa é a graça plena do Evangelho de Jesus Cristo! Toma o dinheiro que representa o espírito deste mundo caído, personificado no interesse próprio, na cobiça, na avareza e no orgulho, transformando-o num instrumento para serviço e para fornecer ainda glória a Deus.” Só o milagre da graça pode transformar o caos em ordem.
O apóstolo Paulo mostra claramente o que acontece: Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.1 Timóteo 6:10.
O amor ao dinheiro é a raiz de todos os tipos de mal. Nem todo mal no universo surge, com certeza, do amor ao dinheiro. Mas é certamente uma das grandes fontes das variedades do mal. Por exemplo, leva à inveja, à luta, ao roubo, à desonestidade, à intemperança, ao esquecimento de Deus, ao egoísmo, ao desfalque e assim por diante.
Não é o dinheiro em si que se está falando, mas o amor ao dinheiro. O dinheiro pode ser usado no serviço do Senhor de várias maneiras, onde somente resultaria o bem. Mas aqui é o desejo desordenado de dinheiro que leva ao pecado e à vergonha.
Um mal particular do amor ao dinheiro é agora mencionado, isto é, um vagar da fé cristã. Em seu louco esforço após o ouro, as pessoas negligenciam as coisas espirituais, e torna-se difícil dizer se elas realmente foram salvas de verdade.
Elas não apenas perderam o controle dos valores espirituais, mas também se entristeceram com muitas dores. Pense nas tristezas ligadas à ganância por riquezas! Há a tragédia de uma vida desperdiçada. Há a tristeza de perder os filhos para o mundo. Há a tristeza de ver a riqueza da pessoa desaparecer durante a noite. Existe o medo enrustido de encontrar-se com Deus, não salvo ou pelo menos de mãos vazias.
O bispo J. C. Ryle resume assim: O dinheiro, na verdade, é uma das coisas mais insatisfatórias que existe. Ele retira alguns cuidados, sem dúvida; mas traz consigo tantos cuidados quantos forem necessários. Há os problemas na obtenção dele. Há ansiedade em mantê-lo. Há tentações no seu uso. Há culpa no uso abusivo. Há tristeza na perda. Há perplexidade em descartá-lo. Dois terços de todas as lutas, disputas e ações judiciais no mundo surgem de uma causa muito simples - dinheiro!
Há alguns anos, Howard Hughes Jr, um dos homens mais ricos do mundo que possuía poços de petróleo, refinarias, navios-tanques, oleodutos; além de hotéis, empresa financeira, companhia de seguros de vida, empresas de aviação, cercou sua propriedade de 200 hectares com guarda-costas, cães ferozes, barras de aço, holofotes, campainhas e sirenes, porque tinha pavor. Ele tinha medo de aviões, navios e malucos; temia a doença, a velhice, o desamparo e a morte. Era muito solitário e sombrio e admitia que o dinheiro não podia comprar a sua felicidade. Morreu numa redoma superprotegido, mas sem alegria.
Para o pregador inglês, Samuel Chadwick, “o amor ao dinheiro é para a igreja um mal maior do que a soma de todos os outros males do mundo.” Se a vida espiritual de uma pessoa não afeta a maneira como ela usa liberalmente o dinheiro, a sua piedade é vã. “O dinheiro é como esterco, só é bom se for espalhado”, disse o filósofo Francis Bacon.
Samuel Johnson afirmou: “tempo e dinheiro são os fardos mais pesados da vida, e os mortais mais infelizes são os que os têm mais do que são capazes de usar bem.” Muitos na igreja têm muito dinheiro, mas não o usa adequadamente: alguns sonegam suas ofertas, outros, são pródigos e inconsequentes e outros fazem do seu dinheiro uma alavanca para exercer o poder. Que vergonha é sermos miseráveis, quando fomos feitos para a nobreza.
Jesus disse que ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Mateus 6:24. Aqui vemos uma das sérias impossibilidades na vida cristã: servir a Deus e o dinheiro. Quando alguém serve ao dinheiro, exclui Deus de sua agenda. Se alguém serve a Deus, põe o dinheiro a Seu serviço.
Precisamos de muito cuidado nesta área, por isso Jesus recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui. Lucas 12:15.
O Senhor usou este texto para advertir aos Seus ouvintes contra um dos males mais insidiosos do coração humano, a saber, a cobiça. O desejo insaciável pelas posses materiais é um dos impulsos mais fortes em toda a vida. Porém, este impulso faz perder completamente o propósito da existência humana. “A vida de uma pessoa não consiste na abundância das coisas que ela possui”, pois tudo o que ela tem fica aqui, quando ela for.
Como diz J. R. Miller: - Esta é uma das bandeiras vermelhas que o nosso Senhor mostrou e que a maioria das pessoas, hoje em dia, não parece considerar. Cristo falou por varias vezes sobre o grande perigo das riquezas; mas muitas pessoas não têm medo das riquezas. A cobiça não é praticamente considerada um pecado nestes tempos.
E ele continua - se alguém quebrar o 6º ou 8º mandamentos, é marcado como criminoso e coberto de vergonha; mas, pode quebrar o 10° e será um empreendedor. A Bíblia diz que o amor ao dinheiro é a raíz de todo mal; mas quando alguém cita este texto, coloca sua ênfase na palavra “amor”, explicando que não é o dinheiro, mas apenas o amor a ele, que é a raiz desta tragédia. Isto é verdade, porém o dinheiro em si produz dependência.
Analisando ainda. Alguém poderia pensar que a vida de uma pessoa consiste na abundância das coisas que possui. Muitos acham que se tornam grandes apenas na medida em que acumulam riquezas. Isto é possível porque o mundo mede os homens por sua conta bancária. No entanto, nunca houve um erro mais sutil e fatal. Com frequência uma pessoa é realmente medida pelo que ela tem, e não pelo que ela é. Essa é a avaliação da avareza.
São Jerônimo, no 4º séc, fez uma avaliação bem interessante “Enquanto os outros vícios envelhecem à medida que o ser humano avança em anos, a avareza é o único que rejuvenesce.” Lembremos ainda que os avarentos não herdarão o reino de Deus.