Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - A SALVAÇÃO DA ALMA - 13
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A SALVAÇÃO DA ALMA - 13
Tal homem se apascenta de cinza; o seu coração enganado o iludiu, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Não é mentira aquilo em que confio? Isaías 44:20.
Temos caminhado lentamente neste assunto da salvação da alma. Nosso método é sempre repetitivo, numa pedagogia interativa para fixar bem este ponto. O ser humano é uma unidade, porém é composto de três partes, assim como o ovo, visto em outro estudo.
O ser humano foi feito no Éden: corpo, alma e espírito, mas em razão do pecado o espírito foi desagregado de Deus e a raça tornou-se dicotômica, corpo e alma. Tentamos explicar isto com o ovo galado da galinha e o da galinha de granja. Ambos são compostos de três partes, casca, clara e gema e ambos nutritivos, mas, só um tem vida na clara.
O bebê quando nasce neste mundo vem dicotomizado. Ele tem seu corpo 100% governado pela vida bios, ainda que imaturo, dependente de seus pais e tem sua almazinha embrionária, em que a vida psique encontra-se muito limitada. A criancinha é um serzinho frágil e indefeso tanto biológica como psicologicamente falando.
Numa criança sadia, o corpo e a alma passam por um processo de crescimento harmônico. O corpo e a alma da criancinha, vai de zero de autonomia até a presunção de 100% de sua potência. Este é o caminho rumo à maturidade. Mas este bebê é portador de uma natureza caída e incrédula. Corpo e alma são denominados na Bíblia de natureza terrena, enquanto o corpo, a alma com o espírito morto são apelidados de velho homem.
Jesus, por exemplo, nasceu com uma natureza terrena sob os efeitos da queda, porém seu espírito estava vivo, pois ele não foi gerado pelo esperma de Adão, por onde o pecado entrou na raça humana. Jesus não manifestava o velho homem. (Romanos 5:12)
O ser humano natural, saudável é alguém que tem corpo sadio e alma, de certo modo, controlada, tentando controlar da melhor maneira possível, a sua existência caída. O problema é que não tem vida espiritual, encontra-se morto, espiritualmente, e sua alma, não consegue viver adequadamente, por causa do seu velho homem, o servo do pecado.
O salmista, algumas vezes, fez a seguinte pergunta: por que estás abatida o minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Salmo 42:5 e sua resposta foi sempre: espera em Deus, pois Ele é a minha salvação. Sem a realidade divina, no espírito do ser humano, não haverá a menor condição de equilíbrio para a alma humana.
As criancinhas já nascem neste mundo portando o velho homem que governa a sua natureza terrena caída. Esta designação bíblica se refere ao ser humano sob os efeitos da rebeldia do pecado e, que, portanto, precisa ser crucificado com Cristo, para dar lugar a expressão da vida de Cristo, no espírito do ser humano regenerado.
Os bebês crescem e se tornam crianças e estas ficam adultas, mas se não houver o nascimento do alto, a regeneração do espírito, a alma e o corpo podem até ter uma vida humana correta, ética e virtuosa, mas falta-lhe o significado e o valor da sua existência.
A alma, sem a vida de Cristo agindo no espírito, fica sem perspectiva do eterno e sem esperança após a morte. O ser humano natural é marcado pelas realidades terrenas, vivendo o aqui e agora sob a ansiedade existencial relacionada ao futuro, um forte controle quanto ao presente e uma tendência culposa, no que diz respeito ao passado.
Uma alma fóbica, culpada e envergonhada, sem a perspectiva da eternidade, é o caos encarnado, causando todo tipo de complexo que a mantém prisioneira de si mesma. Este ser caótico, erotizado, mitômano e rebelde é o velho homem, o servo do pecado.
Precisamos mais do que horizonte. A alma contida no corpo grita para algo além das três dimensões, clamando pelo infinito, mas, infelizmente não consegue entendê-lo e, por isso, se angustia com este mundo que termina na inscrição da sua lápide: - aqui jaz. Sem o nascimento de cima o ser humano torna-se uma alma vazia e um cadáver de pé.
Alguém já disse muito bem que a eternidade é para o espírito do crente como um dia que não tem crepúsculo, mas para a alma do incrédulo é como uma noite que não tem alvorada. A falta da perspectiva eterna obscurece os olhos da alma e a deixa presa num cubo sem portas e janelas, como o Huis Clos de Sartre ou a Mônada de Leibniz.
Assim, destituída da visão do imperecível, a alma constrói pra sua elucubração, ídolos, que segundo o profeta Isaías, são formas sutis de se apascentar de cinzas. A idolatria é o menu cinzento da alma vesga, que ao ver o ícone tem a imagem de que viu o transcendente. O espírito vê o espiritual, mas a alma só percebe o venerável ao contemplar uma figura que represente a sua imaginação deformada pela queda. A alma é idólatra.
Todas as religiões do planeta terra são construídas na perspectiva da alma caída, sob os trilhos dos sentimentos e da razão limitada. Na religião, o adepto sente ou encaixa o fenômeno na caixola, mas no Evangelho, se crê espiritualmente na Palavra. A fé encontra-se além dos sentidos e bem acima da razão. Ela não é irracional; é arracional, pois vai mais longe que o limite do pensamento tridimensional, apropriando-se do eterno imperceptível.
A criancinha nasce com um corpinho limitadíssimo e uma alma minúscula, mas com tempo, alimento, conhecimento e todas as motivações do meio ambiente, ela cresce e se desenvolve, passando normalmente a ter um corpo forte e uma alma ensoberbecida.
Como já vimos, por causa do pecado, a natureza terrena, corpo e alma, privada da vida espiritual, transfigurou-se no velho homem, o servente do pecado, e deste modo, ficou incapaz de participar de qualquer relacionamento com Deus. É por este motivo que o Senhor incluiu os seus eleitos na Sua morte, para levá-los a morrer juntamente com Ele.
O apóstolo Paulo vê assim o propósito retentivo: sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; Romanos 6:6.
Creio que o nosso velho homem foi crucificado. A Bíblia não está blefando. Não há chance de engodo na Palavra de Deus, mas tem algo que precisa de luz quando lemos: fazei pois morrer a vossa natureza terrena... Colossenses 3:5a. Se o meu velho homem já foi crucificado com Cristo, por que tenho que fazer morrer a natureza terrena?
Aqui sou levado a admitir que velho homem e natureza terrena não são de fato a mesma coisa. Mesmo porque, Jesus teve uma natureza terrena, mas nunca evidenciou ter o velho homem. Sendo assim, creio que na cruz o meu velho homem foi crucificado com Cristo, todavia a minha natureza terrena, alma e corpo caídos, precisam de salvação ainda.
Como temos visto, Jesus realizou a salvação do espírito por meio de sua morte na cruz. Lá Ele crucificou o velho homem do Seu povo e na ressurreição veio dar vida ao espírito de todo aquele que crer. Porém, há uma natureza terrena caída, que requer do Pai o poder da vida Cristo, para ser salva do domínio do pecado.
Voltando ao bebê. Ele nasce frágil, dependente, indefeso e com o tempo se torna um ser humano forte, com uma alma vigorosa e dominadora. Neste momento ele crê em Cristo; crê que seu velho homem foi crucificado, o seu espírito é regenerado, mas sua alma ainda é prepotente e resistente à ação do Espírito Santo, por isso precisa de salvação.
Agora, esta pessoa encontra-se salva da condenação do pecado, contudo, carece ser salva de sua alma autoritária, dominante. A alma que aprendeu a ser mandona devagar, lentamente, não desaprende de uma hora pra outra, pois já que viveu como uma senhora autocrata muitas vezes, não consegue ser uma serva dependente tão rapidamente.
A salvação da alma tem a ver com a desconstrução desta cultura pecaminosa e dos traumas e pecados que foram cultivados por algum tempo. Por isto, aqueles que foram regenerados mais novos, como crianças, e tiveram acesso a uma igreja mais adequada têm mais condição de serem libertos do lixo de sua história no processo da santificação.
Concluindo este estudo, quero voltar ao texto inicial do profeta Isaías. O maior impedimento para a salvação da alma é o cultivo de qualquer tipo de idolatria. E quero que vocês saibam - ídolo é qualquer coisa que esfria o nosso amor a Cristo ou que o coloque em segundo lugar. Não pense em ídolo só construído de algo material. Nossa alma é idólatra.
“Quando inventamos nossas próprias idéias sobre Deus, estamos simplesmente criando nossa própria imagem.” Então, salvar a alma é básico: aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Romanos 8:29.