Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - A SALVAÇÃO DA ALMA - 10
![](../content/imgsite/separador-ib.jpg)
A SALVAÇÃO DA ALMA - 10
O Senhor protege os simples e ingênuos. Achava-me em profunda depressão, mas o Senhor salvou a minha alma. Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo. Salmo 116:6-7.
Este cântico é uma profecia alegre diante da obra realizada pelo Messias. Depois da ressurreição do Cristo há um novo horizonte para o Seu povo. A alma, que antes estava deprimida, pode voltar ao seu lugar de descanso. A graça está disponível ao depressivo.
Após a queda de Adão, a alma tomou o rumo das montanhas. Somos uma raça de alpinistas em busca de cumes como se fossem tronos. A toxina que corre nas veias do ser humano caído é vírus de altar: como Deus sereis. Estamos infectados por um desejo sutil de grandeza e, se não o alcançamos, nos deprimimos e caímos na fossa.
Vivemos entre o topo almejado e a vala existencial, sofrendo sempre com o vazio de significado. Somos uma espécie descontente em busca do arco-íris eterno, por isso, mais susceptíveis aos desencantos. Então, a nossa história acaba sendo um conto de príncipes que viraram sapos e vivem coaxando, na maioria das vezes, nos brejos da depressão.
Nascemos aqui no planeta azul com almas ambiciosas, mas muito propensas aos reveses da vida, frequentemente ressentidas e magoáveis. Ainda que aspiremos aos pódios mais insuspeitos, padecemos nos bastidores de baixa-estima estressante. A alma caída no Éden sofre de um medo crônico de rejeição e chama a atenção das plateias o tempo todo.
Esse grito sufocado, em busca de aplausos, é a expressão mais gritante dum ser perdido em si mesmo, que não acha contentamento em nada no mundo caído, restringido à fria e dura lápide de granito do aqui jaz. Se tudo acaba aqui, a vida não tem sentido.
Foi por isso que o salmista disse: Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo. Depois que a sepultura foi escancarada e o corpo do defunto saiu andando no frescor da madrugada, não há mais história limitada ao simples - “aqui jaz”. Há esperança para o falido e a alma deprimida pode dançar na festa.
O medo, o primeiro sintoma de uma alma desterrada, perdeu a sua fúria. Nossa timidez, que antes nos fazia tremer nos lugares escuros, pode sair para a luz da manhã. Há cura para a alma fóbica. Jesus Cristo a aceitou na cruz e pagou todos os seus débitos. Não precisa mais mendigar aceitação dos seus pares, pois foi aceita por Aquele que é o Ímpar.
Sim, tem cura para a alma medrosa. Se antes nos escondíamos do julgamento alheio, porque temíamos não ser aceitos, podemos agora sair da toca e entrar na sala do trono, para receber os cuidados especias dAquele que nos ama incondicionalmente.
A salvação da alma é um programa de recuperação do crente. Após a salvação do espírito se tem a garantia de que Aquele que começou a boa obra há de concluí-la.
Jesus não salva apenas as almas altivas com quebrantamento, salva também as almas depressivas, com a abertura dos portões em glória. Para aqueles que vieram para a casa do Pai com uma alma soberba, o Senhor vai quebrá-la totalmente, mas para aqueles que vieram com sua alma mutilada e ferida, Ele vai sara-la completamente.
O salmista disse em seu canto: Achava-me em profunda depressão, mas o Senhor salvou a minha alma. Todos os que foram regenerados espiritualmente podem ter a certeza que o Senhor os pode salvar psicologicamente. Se a minha alma curte algum tipo de timidez, porque não foi aceita por meus cuidadores ou porque foi violentada nos sentimentos, precisa sair à sala do banquete para celebrar a sua aceitação em Cristo.
Quero retornar à estrofe do salmo: Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo. O salmista, aqui, faz um diálogo com a sua própria alma e a manda regressar ao lugar seguro do seu descanso, porque ele percebe a magnanimidade do Senhor para com a sua alma. Este local é o seio de El-Shadai.
Em outro salmo o poeta, após ter dito não ser soberba a sua alma, sinaliza com a paz de seu ser, nestes termos: pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma; como a criança amamentada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo. Salmos 131:2.
Nestes dois salmos nós temos duas percepções. A primeira é a generosidade de Deus para com a alma angustiada. A segunda é o aquietar-se da alma angustiada, como um bebê que matou a sua fome no seio de sua mãe. As duas visões são imprescindíveis, pois é preciso sabermos que Deus quer nos libertar e que nós queremos ser libertos.
Se Deus é generoso com a minha alma, querendo curar-me do viver medonho, por que eu devo cultivar uma timidez que me foi implantada pelas circunstâncias da vida? Não! Não precisamos ter medo dos outros, se já fomos aceitos pela graça de Deus.
O argumento é válido não só para a timidez ou medo, mas, também, para a culpa e a vergonha. Muitos vivem entocados nos porões da alma nutrindo culpa e vergonha, sem perceber que o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, já consumou a Sua obra.
Há um grande grupo de crentes que não prega o Evangelho porque tem medo de falar e ser motivo de chacota. Porque tem pavor do que outros possam dizer a seu respeito. Este silêncio fóbico e culposo revela a alma saturada de vergonha por causa de uma estima distorcida, fruto de uma cultura repleta de conceitos e preconceitos maliciosos.
Na hinódia cristã há um cântico que diz: “Sabeis falar de tudo, que neste mundo há, mas nem sequer palavra de Deus, que tudo dá?” - Por que este mutismo? Por que este constrangimento? Somos carentes de salvação na nossa alma temerosa, a fim de podermos testemunhar da grandiosidade desta graça inigualável. Precisamos sair da nossa toca.
A salvação da alma tem que tratar com maior precisão, tanto da altura do monte, como da depressão do vale, pois o profeta foi bem categórico em sua metáfora: Todo vale será aterrado, e nivelados, todos os montes e outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares escabrosos, aplanados. Isaías 40:4. Aqui vemos que será preciso, tanto o aterramento dos rebaixados como o nivelamento dos elevados.
A Bíblia mostra que o Senhor é contra todo o porte altivo e toda alma cheia de si, que pretende dar as cartas na obra do Senhor. Mas, também, é contra essa erva rasteira ou a alma envergonhado que deixa de participar na missão da evangelização, por causa do medo de ser criticada ou descartada como gentinha fanática e irrelevante.
O Senhor fala a nós, em nosso espírito, mas fala por nós, através de nossa alma. Assim ao cultivarmos a timidez, com medo da rejeição alheia, criamos impedimento para que o Senhor fale através de nossas vidas. Este pecado da alma precisa ser erradicado por meia da obra eficiente da cruz de Cristo. Isto não é algo insignificante e requer libertação.
A salvação da alma tem o propósito de salvar o crente tanto do estilo esnobe de gente pedante, que se acha distinta e elevada, como daquela alma encolhida que se esconde nas sombras, com pavor de ser exposta, em suas fraquezas. Tanto os montes altos, como os vales profundos precisam passar pela motoniveladora da cruz de Cristo.
No Reino de Deus não há lugar para cedros do Líbano, tampouco para maliças sensitivas que se melindram com toques periféricos. Tanto a alma empinada que se gaba dos seus dotes, como a deprimida que se esconde precisam da obra radical e permanente da cruz de Cristo, nivelado os excessos, pra cima ou pra baixo, e, limpando os escombros.
O clamor de Davi foi: Volta-te, SENHOR, e livra a minha alma; salva-me por tua graça. Salmos 6:4. Nossa alma deve ser liberta das baixarias da arrogância e da baixeza da inferioridade, pois o pecado da projeção é tão perverso como o da omissão. Nem o cume da liderança pernóstica, nem a supressão deste acanhamento complexado. Na casa de Abba não há lugar nem para os astutos convencidos, nem para introvertidos astuciosos.
Salva Senhor a alma soberba que quer ser vista no palco, bem como a que some como medo de assumir a sua missão. Salva a alma que busca se destacar, a fim de ser bem aceita, assim como a alma que se distancia com medo de ser rejeitada.
“Uma grande parte de nossa transformac¸a~o, nestas a´reas, requer fe´. Agir e falar, quando nos sentimos inadequados, requer fe´ em Deus. Precisamos crer que, quando Ele esta´ nos guiando a dizer ou fazer algo, Ele nos sustentara´, sejam quais forem os resultados. Precisamos aprender a ouvir Sua voz e, enta~o, obedece^-Lo pela fe´, encarando todos os medos e fraquezas que possamos ter dentro de no´s,” diz D. W. Dyer.
Volta, minha alma, ao teu sossego e descansa no seio de El-Shadai. Amém.