Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - A SALVAÇÃO DA ALMA - 3
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A SALVAÇÃO DA ALMA - 3
Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. João 4:24.
Deus criou a humanidade tricotômica, isto é, corpo, espírito e alma. É isto que percebemos no texto de Gênesis 2:7 - Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. Tudo nos mostra que o pó movido a fôlego divino torna-se alma vivente.
Deus não soprou em nenhum animal o seu fôlego ou espírito. Todas as coisas e os animais foram criados pela Sua palavra, mas ao corpo do ser humano, feito do pó da terra ou a natureza terrena, foi-lhe soprado o espírito das vidas, passando este a ser uma alma vivente. Assim, a humanidade foi criada com três esferas de comunicação.
O corpo movido pela vida bios comunica-se com o mundo físico; o espírito em sua espiritualidade, com Deus, e a alma, estimulada pela vida psique, constituía-se num elo entre os dois, corpo e espírito, falando as duas linguagens, a biológica e a espiritual.
O gênero humano vivia em perfeita harmonia com a Trindade. O espírito do ser humano comunicava-se espiritualmente com o Espírito de Deus e transferia todo os seus conhecimentos para a integralidade do seu ser. Não havia discrepância ou desarmonia.
Mas, quando a serpente seduziu a alma do casal, naquilo que seria o desejável para dar entendimento, houve uma ruptura entre o espírito do ser humano e o Espírito de Deus e a raça humana entrou em colapso, na esfera espiritual. Daí em diante temos uma humanidade desconectada espiritualmente de Deus, porém vivendo por sua alma caída e caótica, fingindo ‘espiritualidade’. Não há vida espiritual no ser humano pós-pecado.
Morta, espiritualmente falando, a humanidade caminha morro acima em sua saga psicológica na busca de um reencontro com o Espírito de Deus. Mas isto é inútil. Deus é espírito e fala de modo espiritual com o espírito do homem. Separada de Deus, a raça adâmica fomentou a religião anímica na tentativa de se religar com o seu Criador.
Temos que perceber que as religiões são os caminhos inadequados da alma, na presunção de religar-se com Deus, no topo da montanha. Todas porém, sem sucesso. Deus é espírito e só se comunica com o espírito do ser humano; por isso, é preciso antes de tudo, que a pessoa seja vivificada, por Deus, para que possa se relacionar com Deus.
A vivificação do espírito precede qualquer relacionamento com Deus. Apenas os regenerados no espírito podem buscar a Deus espiritualmente. Sem o nascimento do alto não haverá vida espiritual do alto. Mas o novo nascimento é apenas a primeira parte da obra salvadora, onde Deus realiza sozinho essa obra em favor do seu povo.
Para David W. Dyer, “quase a maioria dos crentes hoje, equipara a palavra “salvac¸a~o” a ser “nascido de novo”. Para eles, estas palavras sa~o sino^nimos em seu significado e uso. Eles tomam as expresso~es “ser salvo” e “ser nascido de novo” como tendo exatamente o mesmo significado.” Concordo com ele. A salvação vai mais adiante.
Como temos visto aqui, nestes estudos, cremos que a salvação de Deus tem três tempos: passado, presente e futuro. Eu fui salvo no meu espírito da condenação do pecado, por meio da obra de Cristo. Eu estou sendo salvo na minha alma do poder do pecado, por meio da vida de Cristo, em mim, e eu serei salvo da presença do pecado, por meio da vinda de Cristo, quando Ele me der um novo corpo glorificado.
“Ser nascido de novo e´ o primeiro evento em uma genui´na experie^ncia crista~. Este passo inicial envolvendo fe´, arrependimento e a recepc¸a~o da Trindade, em Cristo, e´ a maneira de entrarmos na fami´lia eterna de Abba.” Depois vem a salvação da alma.
Uma vez regenerados em nosso espírito, a Trindade vem morar nesse espírito, porém a alma e o corpo ainda requerem os efeitos da salvação. Se nós fomos salvos da condenação do pecado, em nosso espírito, precisamos ainda da salvação do poder do pecado em nossa alma, agora, no presente, e isto é um processo contínuo.
O escritor aos hebreus nos diz: Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma. Hebreus 10:39. A palavra conservação no grego é peripoiesis que tem o sentido de manter salvo. É assim... eu fui salvo no meu espírito, mas eu preciso estar sendo salvo na minha alma.
A alma tem um histórico, tem uma memória, como um software. Tudo o que aconteceu em nossa existência está registrado nesse dispositivo anímico. Além do que, nós somos muito complexos, trazendo uma memória celular de muitas gerações.
O salmista diz que sua alma encontrava-se profundamente perturbada e ele clama: Volta-te, SENHOR, e livra a minha alma; salva-me por tua graça. Salmos 6:4. Estava pedindo a salvação da sua alma, que sofria com as tribulações da sua história e com a cultura do seu povo. Ele era um salvo que clamava por salvação.
O espírito do salmista estava salvo, mas a sua alma ainda estava no processo de salvação. O cristão também pode dizer que o Espírito Santo habita no seu homem interior, mas o seu homem exterior precisa ser desconstruído pela obra da cruz e refeito pelo poder da ressurreição. Nós fomos salvos, mas carecemos ainda de ser salvos.
A salvação do nosso espírito foi unilateral, pois o Espírito Santo a realizou sem nossa participação efetiva, mas a salvação da nossa alma implica em nossa obediência. Fomos salvos pela graça, mas agora precisamos crescer em graça, e, para crescer em graça, temos que crescer para baixo, em humildade e dependência do Espírito Santo.
Deus é espírito e só se comunica com o nosso espírito, para que pelo Espírito Santo nós sejamos salvos na alma, de nossa autoconfiança. Os maiores problemas do pecado em nossa alma são a autodeterminação, a autoestima e a autoconfiança que nos mantêm soberbos, arrogantes, afoitos, atrevidos e desobedientes a Palavra de Deus.
O processo da salvação da alma será percebido pelo quebrantamento interior e pelo nível de obediência voluntária, na vida dos filhos de Deus. Quanto maior for o seu prazer em obedecer, mais claramente se percebe a evolução na salvação da alma.
A melhor evidência de que uma alma está em processo de salvação não são os êxtases, mas a obediência humilde e sincera. Não estamos nos referindo aqui, neste texto, a nenhuma forma de obediência por constrangimento, porém, livre e voluntária.
“Obediência é conformidade com a vontade revelada. Divina obediência é conformidade com a vontade revelada de Deus”. Isto é reflexo da salvação da alma.
“Cristo reivindica a nossa obediência, passo a passo, na medida em que nos revela a Sua vontade e nos dá o Seu comando. Os seus mandamentos não são penosos. 1 Jo 5:3. Isto quer dizer: eles podem ser cumpridos por nós”, os Seus filhos.
“Todos os Seus seguidores foram redimidos e postos em liberdade para este propósito: para que possam segui-Lo. Seguir a Cristo é obedecê-Lo. Seguir a Cristo não é o mesmo que ter uma religião, ou participar de um sistema moralista. Seguir significa pertencer a uma Pessoa,” diz-nos, com muita propriedade, Evan H. Hopkins.
A salvação da alma é um processo de esvaziamento que acontece quando nós incorporamos o morrer de Jesus em nosso modo de viver. O apóstolo Paulo disse assim: trazendo sempre e por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos. 2 Coríntios 4:10.
Quando levamos os efeitos da cruz em nosso estilo de vida, a vida de Jesus se expressa em nosso modo de ser. Foi nesta via que Thomas Brooks afirmou: “quanto mais a alma estiver amoldada a Cristo, mais confiante estará de seu interesse nEle.”
A salvação do ser humano é semelhante ao modelo do tabernáculo que tinha três compartimentos: o santíssimo, o santo e o átrio. O santíssimo é como o espírito, o santo, a alma e o átrio, o corpo. No sacrifício de Jesus o véu que separava o santíssimo do santo se rasgou; isto pode significar que a vida do Espírito, no espírito do crente, se infunda na alma, trazendo a santidade divina para esta alma, que está sendo salva.
Aquele que teve o espírito vivificado e a Trindade veio morar no homem interior tem as condições espirituais de corresponder em obediência ao processo da salvação de sua alma, obtendo o fim da sua fé: a salvação da sua alma. 1Pedro 1:9. É isto aí!