Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - A SALVAÇÃO DA ALMA - 2
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A SALVAÇÃO DA ALMA - 2
Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.Tiago 1:21.
Adão foi criado tricotômico, isto é: corpo, espírito e alma. O corpo se relaciona com o mundo físico, na 3ª dimensão; o espírito com a esfera espiritual em outra dimensão além da terceira e a alma é uma intermediária entre os dois planos de relacionamento. Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. Gênesis 2:7.
Muitos acreditam que a alma e o espírito são a mesma realidade, mas a Bíblia mostra que há uma diferença entre eles, que apenas a Palavra de Deus pode destaca-la. Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. Hebreus 4:12.
O apóstolo Paulo também vê esta distinção, claramente, entre alma e espírito, quando afirma: O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.1 Tessalonicenses 5:23. Tudo faz crer que há diversidade, sim.
Maria, a mãe de Jesus, expressa ainda esta dessemelhança, ao dizer no seu cântico: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador. Lucas 1:46-47. Não nos parece aqui que alma e espírito sejam a mesma coisa. Creio que o espírito é o canal espiritual que nos liga intimamente a Deus que é espírito, enquanto a alma nos conecta com as pessoas de modo racional e emocional.
O ser humano criado por Deus não tinha a vida eterna em si mesmo. O seu espírito se conectava com Deus pela comunhão, mas a vida eterna encontrava-se na Árvore da Vida que deveria ser ingerida de modo deliberado pelo homem. Mas o que ele acabou comendo foi da Árvore do conhecimento do bem e do mal, e isso o desconectou do espírito de Deus e deu à alma a primazia e o comando de todas as ações humanas.
Dentro de minha percepção, o ser humano foi criado tricotômico: corpo, espírito e alma, mas com a entrada do pecado, o espírito foi desconectado da sua fonte divina e teve morte relacional. Dai para frente, passamos a viver numa dicotomia de corpo e alma, onde esta assume o papel de gerente e também de mentora da pseudo espiritualidade.
A alma desterrada do Éden age como se fosse “espírito” em certas ocasiões, mas a sua performance é engodo da queda. A dissimulação é uma das características do ser humano pós-pecado. Então, a alma sujeita, ao pecado, vivencia uma imposturice de vida espiritual, e, nesta simulação, se auto engana e ainda ludibria a muitos. A alma, por melhor que pareça, encontra-se destituída da glória de Deus.
Assim, o sujeito caído nada tem de apetite espiritual e todo seu envolvimento resume-se ao aqui e agora. A sua alma se deleita com o mundo e as coisas que lhe dão prazer. É evidente a sua falta de interesse por Deus e pelo Seu Reino, até que ele seja regenerado, de modo sobrenatural, por meio do Espírito Santo, sendo feito filho de Deus.
Uma vez renascida, espiritualmente, esta pessoa precisa passar agora por uma obra progressiva de salvação da sua alma, já que ela viveu, durante tanto tempo, numa cultura mundana governada por instintos carnais. Tudo o que a alma sabia era uma moral inculcada para controlar as tendências psicossomáticas. A alma caída está depravada.
O primeiro versículo aqui abordado, fala de um processo que visa desmontar a acumulação do lixo moral e de todo tipo de sujeira que está na nossa memória. Trata-se do despojamento de tudo aquilo que marcou a nossa história neste mundo. Diz-nos o texto: despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, ou, removendo esse cultivo dos velhos costumes maliciosos, imorais e até aqueles que nos enobrecem.
Apenas os nascidos de novo podem exercer esta colaboração na salvação da sua alma. Despojar é espoliar um morto. É retirar do cadáver os seus pertences, pois ele, agora, não é mais proprietário de coisa alguma. Uma vez que o velho Adão foi crucificado com Cristo, somos exortados, como novas criaturas, a retirar do caminho todo entulho do passado: no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano. Efésios 4:22.
Quem pode fazer esta terraplanagem na sua trajetória? Aquele que, mediante a operação do Espírito Santo, dá acolhida à Palavra de Deus, que lhe foi implantada, uma vez que, só a obediência à Palavra pode gerar este processo: acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.
Este alojamento na Palavra com mansidão, nos capacita a desempenhar aquilo que redunda em nossa libertação do amontoado de resíduos sórdidos de nosso passado. Todo crente tem, em si, o poder do Espírito Santo para esta tarefa de desalojamento de tudo aquilo que compromete o seu processo de santificação.
O apóstolo Pedro faz a seguinte afirmação: Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso.1 Pedro 2:1-3.
Quem tem a Palavra de Deus implantada em si mesmo, pelo Espírito Santo, ao experimentar a sua morte e ressurreição com Cristo, tem as condições de desejar como a criança recém-nascida o verdadeiro leite espiritual, que é a Palavra de Deus.
Porém é bom que se diga: esta colaboração do crente com a operação feita por Deus, através de Sua graça, também é um processo gracioso movido pelo Espírito Santo. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas se pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis. Romanos 8:13.
A pura verdade é esta: tudo, na vida cristã, de A a Z, é pela graça. Não é apenas a justificação que é pela graça, mas também a santificação. Tudo é feito por Deus e para Deus, porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2:13. Porém, isto não significa passividade.
Como ensinava muito bem Jonathan Edwards: “na graça eficaz nós não somos meramente passivos, nem ainda Deus faz uma parte e nós o resto. Mas é Deus quem faz tudo, e nós fazemos tudo. Deus produz tudo em nós e nós agimos tudo. Por isso, é Ele mesmo quem produz, nossos próprios atos. Deus é o único autor e fonte adequada; nós somos somente os atores desta fonte. Nós somos em diferentes aspectos, totalmente passivos e totalmente ativos”, ou seja, Deus efetua em nós tanto o querer como o realizar.
Depois que nosso espírito foi recriado pelo nascimento do alto, estamos agora habilitados para o processo da renovação de nossa alma, pelo mesmo poder do Espírito Santo que regenerou nosso espírito e habita em nós. E não vos conformeis com este século, mas sede transformados pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:2.
A alma esteve muito tempo só ligada ao corpo num relacionamento de total co-dependência. Neste período sua história foi construída pela cultura do pecado e em sua memória reside “feitos que não foram bons”, bem como costumes e cacoetes aprendidos sob uma mentalidade caída e depravada. A alma do regenerado ainda tem um sotaque de outra linguagem, portanto, será preciso uma transformação em sua articulação.
A salvação da alma tem a ver com a maneira como Deus a chama a responder a Ele em obediência. Fomos regenerados em nosso espírito, para que, mediante a nossa conexão com Deus possamos obedecer a Palavra de Deus e responsavelmente atirar no lixo o acúmulo de maldade que foi sedimentado em nossa alma, por muito tempo.
O Senhor vai usar as situações da vida, nossas lutas e fracassos para que nós percebamos nossa incapacidade e impossibilidade de nos manter adequados e, desse modo, possamos nos voltar totalmente para Ele. Assim, a salvação da alma vai apontar para a nossa plena dependência da suficiência de Cristo, em nosso modo de viver.