Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - A SALVAÇÃO DA ALMA - 1
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A SALVAÇÃO DA ALMA - 1
...Jesus Cristo, a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma. 1 Pedro 1:8-9.
A Trindade é Deus. Deus é o Criador. O Criador não pode ser criado, pois, se criado fosse, se tornaria uma criatura. Deus, o Criador, criou o ser humano à Sua imagem e semelhança, mas como uma criatura, nunca o Criador. Contudo, a criatura criada com uma vontade livre, não aceita ser mera criatura e decide que quer ser como o Criador.
Deus criou o ser humano, mas não criou o pecado. Criou o homem com uma capacidade de querer, embora, esse querer, por mais que quisesse, não poderia ser como o Criador. Nenhuma criatura poderá ser como o Criador, pois Este, jamais terá Criador.
O pecado surge no desejo indomável dos desejos. Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Tiago 1:13-15.
Deus criou o ser humano, não o seu pecado. A criação do homem é divina, mas o seu pecado é humano. Não foi Deus o autor do pecado. Alguém, então, indaga: Ele não poderia ter criado o ser humano que não pecasse? Só se Ele o criasse destituído de volição, como um robô, por exemplo. Se tivesse livre arbítrio poderia querer ser como o Criador, ainda que nunca, em tempo algum, pudesse ser como Deus, o Criador.
O pecado é a rebeldia da criatura que quer ser como o Criador. Esta rebeldia é a matriz de todo o caos do mundo caído. Por trás da catástrofe dos relacionamentos e da perda de energia no mundo material, há uma desordem que chamamos pecado.
Os seres humanos foram criados por Deus num plano tridimensional, mas com uma capacidade de se comunicar na esfera espiritual, em outra dimensão. Ele foi criado tricotômico. Então, formou o SENHOR Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente. Gênesis 2:7.
O homem foi feito com um corpo, do pó da terra, em que o Criador lhe soprou o fôlego ou espírito das vidas e este se tornou uma alma vivente; corpo, alma e espírito. Todavia, por causa do pecado, o ser humano passou a se manifestar neste mundo de forma dicotômica, perdendo a sua vida espiritual. Somos uma raça morta espiritualmente.
O espírito era a parte imperceptível da criação que se ligava com Deus; o corpo a parte material que se conecta com o mundo físico e a alma uma realidade intermediária que servia de conexão entre o mundo espiritual e mundo material.
A partir da queda, nós vivemos biológica e psicologicamente sob a ditadura da morte e separados da intimidade com Deus, pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Romanos 3:23. Neste estado desconectado de Deus a humanidade vive uma realidade de autoconfiança e autodeterminação que lhe causa muitos males.
Não há vida espiritual no ser humano caído. Toda a sua pseudo espiritualidade é construída pela sua alma, que em sua origem tem um toque de transcendência, embora esteja completamente contaminada com o pecado. Além do que, essa “espiritualidade” da alma encontra-se baseada nos sentimentos e na razão limitada ao mundo físico.
Toda religiosidade humana é fabricada num diâmetro da mente encurtada e na mística dos sentimentos carregados de superstições, enigmas esotéricos, controles sutis de gerenciamento do medo, da culpa, da vergonha, dos interesses e deveres, tudo sob o comando desta alma desterrada do jardim do Éden.
A alma pós-pecado tornou-se a governanta da religiosidade humana, todavia, sem a menor evidência de vida espiritual. Todas as religiões são construídas a partir dos empenhos animados da psique destituída de real identificação com o espírito.
Sem o novo nascimento ou o nascimento do alto, ninguém poderá ter acesso à vida espiritual ou, ao Reino de Deus. Assim, tudo começa com um milagre. Deus precisa regenerar o ser humano caído e torná-lo novamente tricotômico: corpo, alma e espírito.
A salvação do ser humano começa de dentro para fora. Primeiro, o Espírito Santo vivifica o nosso espírito com a vida espiritual gerada pela Palavra. A minha alma está apegada ao pó; vivifica-me segundo a tua palavra. Salmos 119:25. A alma e o pó da terra ou a alma e o corpo caído estão impregnados uma no outro e precisam da vida de Deus para poder se conectar com o Reino espiritual de Deus.
Sem a vida espiritual a alma fica sempre amoldada ao mundo caído. É preciso, antes de tudo, da regeneração do espírito, para que a alma possa ganhar a dimensão das realidades do alto. Não há a mínima aspiração das coisas de cima numa alma sem o novo nascimento produzido pelo Espírito Santo. Pois a nossa alma está abatida até ao pó, e o nosso corpo, como que pegado no chão. Salmos 44:25.
Depois de sermos regenerados em nosso espírito começa então a salvação da alma. A salvação do espírito é um ato monérgico da graça de Deus, mas a salvação da alma é um processo sinérgico em que Deus age e o crente reage, obedientemente.
De modo sobrenatural o incrédulo é convencido pelo Espírito Santo através da pregação da Palavra de Deus e recebe os efeitos da obra de Cristo na cruz, em seu favor. Neste momento ele se torna um crente, uma nova criação em seu espírito, mas precisa de uma operação divina para salvar a sua alma de toda uma cultura pregressa.
A alma apegada ao pó teve sua memória afetada pelos efeitos de sua história e pelos hábitos e costumes deste mundo. Por isso, é imperiosa sua libertação e o salmista entendeu este ponto quando orou: preserva a minha alma, pois eu sou piedoso; tu, ó Deus meu, salva o teu servo que em ti confia. Salmos 86:2.
Vemos aqui que não se trata da regeneração do espírito, pois o salmista já é um piedoso que confia no Senhor, mas da salvação da sua alma que ainda traz algumas marcas de uma história comprometida com este mundo caído.
Tiago diz em sua carta como se dá a regeneração do espírito: pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. Tiago 1:18. Fomos gerados de novo em nosso espírito a partir da pregação soberana da Palavra, todavia não acabou aí a obra da salvação.
Três versículos depois, ele diz: portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. Tiago 1:21. Antes Tiago falou da geração de uma nova criatura, agora ele aborda a salvação da alma, no despojamento do lixo acumulado na alma. Este desapossamento se processa progressiva e gradualmente.
Fomos salvos no espírito, por nossa morte com Cristo; estamos sendo salvos na alma pela vida de Cristo e seremos salvos em nosso corpo pela vinda de Cristo. Só os salvos no espírito podem vir a ser salvos na alma ou santificados. A salvação da alma também é denominada de santificação. E apenas os que estão sendo santificados terão os seus corpos glorificados, quando, então, se completará a plena salvação.
Aqueles que foram vivificados ou regenerados, espiritualmente, têm a condição espiritual de se envolver na salvação da sua alma, e, portanto, estão assim capacitados a perseverar, por meio da graça, até o fim, quando receberão corpos glorificados.
Todos os regenerados serão habilitados a serem santificados e os que estão sendo santificados serão glorificados. A nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas. Filipenses 3:20-21.
A salvação do ser humano é o objetivo final da revelação bíblica. Todo este processo teve seu começo na eternidade passada e vai até a eternidade futura, passando pela regeneração do espírito, que ainda implica na salvação da alma, e esta, na salvação do corpo. A salvação do espírito e do corpo são feitos unilaterais da Trindade, entretanto a salvação da alma tem a cooperação humana reagindo à ação Divina.
Nestes estudos trataremos sobre a salvação da alma. O Senhor seja glorificado