Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - Art. 17. ACERCA DOS JUSTOS E DOS IMPIOS
Art. 17. ACERCA DOS JUSTOS E DOS IMPIOS
Do ponto de vista do pecado, a raça humana é homogênea, isto é, todos são pecadores; todos estão destituídos da glória de Deus; todos são ímpios. O salmista pede: Não entres em juízo com o teu servo, porque à tua vista não há justo nenhum vivente. Salmos 143:2. Todos, sem exceção, estão condenados por causa do pecado.
Do ponto de vista da impiedade pessoal, a raça humana é heterogênea no que diz respeito aos graus da maldade. Por causa do pecado, ninguém pode ser considerado bom, essencialmente, porém, a maldade dos ímpios difere em graus. Isto significa - nem todo ímpio é tão mau eticamente, embora todo ímpio encontre-se separado de Deus, a fonte suprema de todo bem, e, neste caso, a bondade humana é egoísta e tem malícia.
Se não há justo nem sequer um, como os ímpios são justificados? Este é o lado maravilhoso do Evangelho da graça. O Espírito Santo convence o pecador do seu pecado mediante a fé que lhe é outorgada pela pregação da Palavra, levando-o a arrepender-se de sua autoconfiança ao receber a suficiência de Cristo, como seu Senhor e Salvador.
Todos os homens são ímpios por nascimento. Desviam-se os ímpios desde a madre; nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras. Salmos 58:3. É da natureza do ímpio a mentira, a incredulidade, a rebeldia, o caos, embora, o ímpio possa ser bem educado na cultura da Árvore do bem e do mal, tendo uma vida que demonstre um bom índice de inteireza moral. Há muitos ímpios que são ilibados, eticamente.
O profeta disse com precisão: enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Jeremias 17:9. Sim, é de fato impossível saber o nível de honestidade de alguém. Há ímpios que são moralmente dignos, mas nenhum pode ser intimamente confiável. Todos nós precisamos do milagre da graça de Deus para a salvação. Precisamos ser justificados e feitos justos em Cristo.
(1) Cremos que há uma diferença radical e essencial entre justos e ímpios; pois os justos são os ímpios que foram crucificados com Cristo e Cristo veio fazer a Sua habitação neles. Esses justos não são justos porque têm méritos para isso, mas, porque o único Justo se tornou a única justiça deles. Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. 2 Coríntios 5:21.
Quando se fala de justos, podemos ver dois tipos: o justo, pela justiça própria e, o justo, justificado pela justiça de Cristo. Um ímpio pode viver encharcado de méritos e cheio de justiça pessoal, mas esta justiça encontra-se contaminada de orgulho e cheira a sangue apodrecido. Ela o parece nobre, mas está podre. Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam. Isaías 64:6.
Saulo foi um homem religioso, um ímpio íntegro, repleto de justiça própria, que teve, na sua conversão, a substituição da sua justiça pela justiça de Cristo. Ele disse que, quanto à justiça da lei fora irrepreensível... mas considerava tudo como refugo por causa da justiça que procede de Deus. Saulo era o religioso íntegro, mas Paulo foi justificado por graça. Saulo era um justo esnobe. Paulo foi feito um humilde justificado.
O Senhor tem um povo exclusivamente Seu, e, opera de tal modo neste povo, que convencido pelo Espírito Santo é convertido a Ele. O profeta vê isto assim: Eles serão para mim particular tesouro, naquele dia que prepararei, diz o SENHOR dos Exércitos; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve. Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre o que serve a Deus e o que não o serve. Malaquias 3:17-18. Entendo que isto vai além do povo judeu...
Creio que a justificação de Deus é para os ímpios, tanto judeus como gentios. A misericórdia do Senhor garante a justificação de todo aquele que crê. Todo ímpio, isto é, todo incrédulo, quer religioso, quer pagão, precisa de um milagre da graça. Deus, em Cristo Jesus, transforma o ímpio num justo piedoso, justificado pela graça em Cristo.
(2) quesão realmente justos,à vista de Deus,somente aqueles que foram justificados, pela fé, em nome do Senhor Jesus, e santificados pelo Espírito do nosso Deus; ou seja, ninguém poderá ser justo se não estiver coberto interinamente pela plena e completa obra de Cristo no Calvário e selado com o Espírito Santo de Deus.
A obra da justificação do ímpio foi feita no Calvário, quando o Pai incluiu os seus eleitos no corpo de Cristo, fazendo-os morrer juntamente com Cristo, porquanto quem morreu está justificado do pecado. Romanos 6:7. Todos, sem distinção de povo, tribo ou nação, que foram batizados na morte de Cristo, foram justificados por Cristo.
Ser justo em Cristo é um ato soberano da graça mediante a fé. Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. Romanos 5:1-2.
Se o pecador é ímpio, incrédulo, morto espiritual, então, a fé é uma dádiva divina espiritual a este incrédulo, para que possa crer em Cristo e arrepender-se da sua justiça e autoconfiança, que lhe mantém arrogante e ensimesmado.
O mundo da fé transcende às três dimensões. O homem natural vive e pensa no âmbito tridimensional, logo, não pode considerar as realidades espirituais. Sem fé é impossível agradar a Deus, sem a dádiva divina da fé é impossível crer em Deus. A fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Hebreus 11:1. A fé um atributo espiritual para levar o incrédulo a crer nas realidades espirituais.
A fé não lida com as realidades sensíveis, mas vê o invisível no plano espiritual - não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas. 2 Coríntios 4:18.
O Evangelho é efetivamente espiritual. Foi neste contexto que Paulo disse: Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé. Romanos 1:16-17. Aqui está o milagre dos milagres, a fé na Palavra de Deus.
(3) ao passo que todos aqueles que continuam na incredulidade e impenitência são ímpios à vista de Deus e estão debaixo da maldição; Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.1 João 5:19.
A verdade é esta: Deus deu o Seu filho ao mundo, a fim de salvar todo aquele que nEle crê, por meio da Sua graça. Quem nEle crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. João 3:18.
Todos os ímpios estão debaixo da maldição da lei. Jesus se fez maldito, para, na cruz, resgatar o Seu povo desta maldição. Todo aquele que nEle crê, cai fora desta maldição, mas aquele que não crê, está eternamente condenado. Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las. Gálatas 3:10. Jesus se tornou maldito para nos tirar da maldição da lei. Quem crê em Cristo recebe a justificação, mas quem permanece incrédulo, a condenação.
(4) e que essa diferença conserva-se não apenas durante esta vida, mas também na vida além-túmulo; ou seja, depois da morte física a questão é irreversível.
Não é bom tratar deste assunto de modo leviano. Sua oportunidade é agora e o Senhor foi muito claro ao dizer que há apenas duas portas ao conclamar: Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. Mateus 7:13-14.
Fico com William Gurnall: Cristo não precisa aplicar nenhuma outra pena contra uma alma que o rejeitou... a não ser condená-la a ter o que deseja. Portanto, não brinque com incredulidade e não venha jogar a culpa em Deus dizendo: - não fui eleito, porque o pecado da incredulidade é seu, e somente seu. Nós somos incrédulos.
Deus salva todos os que recebem a Cristo,pois, todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; João 1:12. Se cremos, somos justificados, se não, somos ímpios. E agora? Creia!!!