Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - Art. 8º. ACERCA DO ARREPENDIMENTO E DA FÉ
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Art. 8º. ACERCA DO ARREPENDIMENTO E DA FÉ
O homem natural pode ser alguém do bem ou do mal. Mas não há nenhum que seja realmente bom. Jesus disse ao jovem rico que bom só existe Um. Tem alguns que são mais "bondosos" do que outros, mas ninguém é bom, de fato. Há outros que se especializam na maldade, embora, muitas vezes, tenham algum traço de "bondade".
O ser humano, pós-pecado, tornou-se totalmente corrompido, inteiramente egoísta e incapaz de ser bom, por natureza. E, o pior, é um ente soberbo, autoconfiante e ensimesmado. Mesmo as migalhas de "bondade", vistas em alguns, estão contaminadas com as toxinas do orgulho. A "bondade" humana cheira arrogância e egolatria.
Do ponto de vista do bem essencial, a Bíblia é incisiva em mostrar: todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. Romanos 3:12. A nossa bondade encontra-se poluída pelo nosso pecado egoísta.
Somos uma raça de gente caída, mas empinada e emproada. Mesmo com a morte, no fim do pavio, poucos são os que levam isto em consideração. Temos tendência de nos achar eternos e governantes do nosso destino. O grande problema do pecado é a nossa autoestima fomentando a autodeterminação de nossa existência.
A raça adâmica encontra-se morta, espiritualmente, mas vivaldina em relação aos seus próprios interesses. A nossa vida psíquica cheia de valores e diretos nos mantém vivíssimos no que diz respeito à autoestima. Queremos sempre ser adorados, pois pecado é o desejo de ser como Deus. No fundo sofremos de uma síndrome de altar.
Por isso, para podemos participar do Reino de Deus, precisamos realmente nos arrepender de nós mesmos. O arrependimento não é tanto do que fazemos, mas, do que somos. Precisamos nos arrepender da nossa autoconfiança. Todavia, o arrependimento e a fé são reações espirituais que o homem natural não pode produzir por si mesmo.
(1) Cremos que arrependimento e fé são graças inseparáveis e deveres sagrados, operadas em nossa alma pelo Espírito regenerador de Deus; uma vez que, o ser humano encontra-se morto, espiritualmente, só o milagre da vivificação Divina pode produzir os meios para que a nova criatura creia em Deus e arrependa-se de sua autoconfiança.
Fé e arrependimento são dons da graça de Deus aos incrédulos que o Espírito Santo os vivificou pelo poder da Palavra e os convenceu do pecado. Estas duas bênçãos são irmãs gêmeas dadas do alto, mas, também, são deveres sagrados da nova criatura.
Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus. Mateus 3:2.
A obra da Salvação de Deus é feita pelo próprio Deus. Jesus disse: Quando ele (Espírito Santo) vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; João 16:8-9.
Precisamos entender a diferença entre o remorso - sentimento da alma diante de algo que lhe causa vergonha ou culpa perante uma plateia, e o arrependimento - a tristeza do espírito porque ofendemos o caráter de Deus. Um é alma, o outro, espírito.
O arrependimento não é inato no homem natural. Só os regenerados podem se arrepender, porque só estes podem ter consciência de sua autoconfiança, sendo de fato, um obstáculo à confiança em Deus. A ênfase do arrependimento legítimo tem a ver com a autoconfiança do pecador e com a sua descrença na suficiência do Senhor.
Quando em Jó 42:6, ele diz: me abomino e me arrependo no pó e na cinza, ele não estava se referindo aqui a nenhum pecado moral, pois ele era um homem justo com a sua justiça, mas, referia-se à sua autoconfiança e justiça própria.
Sempre que Deus pretende dar vida espiritual, Ele dá arrependimento e fé. E, ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o arrependimento para vida. Atos 11:18.
Deus nos dá a condição de arrependimento para que nós possamos, de fato, nos arrepender da nossa autoconfiança. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Lucas 15:7.
(2) que por elas, convencidos profundamente da nossa culpa, perigo e impotência, e do caminho da salvação em Cristo; ao mesmo tempo que arrependimento e fé são graças de Deus, eles são também deveres sagrados dos crentes. Vejamos esta analogia que me parece razoável para entendermos um pouco deste mistério da fé.
O ar é dom do Criador à nossa vida física, assim como a fé é dom do Salvador à nossa vida espiritual. A respiração é um processo natural que preciso exercitar a cada momento, ainda que inconsciente; do mesmo modo, a fé é um processo espiritual que exerço a cada instante em meu espírito vivificado pelo Espírito Santo.
O ar não faz parte do meu corpo físico, mas entra nele gerando em mim a vivificação das células. É assim com a fé que entra no ser espiritual produzindo a vivificação do meu homem interior. Sem o oxigênio do ar não haverá vida no corpo e sem a fé que vem de Deus, jamais haverá vida no espírito. O ar é o combustível do nosso corpo, a fé é o combustível do espírito do crente. Sem fé é impossível agradar a Deus. Sem Deus é impossível alguém ter a fé que O agrade.
A fé é uma dádiva Divina para sanar a dúvida do homem. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8-9. Todavia, a fé é, também, exercício permanente do crente. Ela vem de Deus para que o crente a exerça como sua experiência.
O sol nos dá luz para que tenhamos condições de vê-lo. Deus nos dá a Sua Palavra para que por ela, nós tenhamos a fé para crer nEle. A luz que o sol nos concede gera a nossa visibilidade do sol. A fé que Deus nos proporciona gera a nossa confiança nEle. Então, Jesus lhe disse: Recupera a tua vista; a tua fé te salvou. Lucas 18:42.
Jesus é Autor e Executivo da fé. Quando o cego de Jericó clamou: Jesus tem compaixão de mim, então, a fonte da fé, isto é, Jesus, que havia se dirigido até ele, deu-lhe a fé para que, pela fé que lhe foi dada e que agora é sua, pudesse ser curado.
(3) voltamos para Deus com contrição e confissão sinceras, pedindo misericórdia; é assim que reagimos. Quando o Senhor nos dá os dons do arrependimento e da fé, nós somos movidos em contrição a clamar por misericórdia, confessando nossos pecados e voltando-nos em confiança para a suficiência do Senhor.
Um exemplo clássico é do publicano: O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Lucas 18:13. Mas o fariseu religioso não suporta isto.
Não há nada mais humilhante para um milionário nobre do que chegar a condição de ter que pedir esmolas para viver. Não há humilhação maior para o pecador soberbo do que depender da graça para poder crer e se arrepender. A essência do pecado é a arrogância; mas a essência da Salvação é um coração compungido e contrito.
A "teologia" humanista não suporta as doutrinas da graça, porque estas são em tudo humilhantes. Mas é bom lembrar que, Deus coloca-se deliberadamente em guerra contra a arrogância. Se nós não dependermos inteiramente da graça de Deus, estaremos inteiramente perdidos da presença de Deus. Humilhação é a via do arrependimento.
(4) recebendo ao mesmo tempo, de coração, o Senhor Jesus Cristo como nosso Profeta, Sacerdote e Rei, confiando somente nEle como o único e suficiente Salvador. “A fé que recebe a Cristo precisa ser acompanhada pelo arrependimento que rejeita o pecado”, dizia John R. W. Stott. O cristão que ao mesmo tempo vira sua face a Cristo, vira suas costas ao pecado. Jesus é a única esperança de Salvação para o crente.
Agostinho dizia: “A graça de Deus não encontra homens aptos para a salvação, mas torna-os aptos a recebê-la.” Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. João 1:11-13.
Alguém disse: “Não sou perito em entender o que Deus quis, nem o que Deus planejou; Só sei que à sua direita está alguém que é meu Salvador e eu o recebo de todo o meu coração, com a fé que Ele me deu.” Você já O recebeu como o seu Salvador?
Amados, nenhuma pessoa, sem o convencimento do Espírito Santo pode crer e arrepender-se por si mesma. Por outro lado, todas que foram alcançadas pela revelação do Espírito Santo precisam crer na suficiência de Cristo e arrepender-se de si mesmas.
A fé é muito mais do que acreditar em Jesus e o arrependimento vai além da mudança de sua mentalidade. Assim, o arrependimento é a mudança da autoconfiança para a confiança total na suficiência do Alto. Então, você já foi nascido do Alto?
O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos ser nascido de Alto. João 3:6-7. Amém.