Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - Art. 5º. ACERCA DA JUSTIFICAÇÃO
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Art. 5º. ACERCA DA JUSTIFICAÇÃO
John Stott dizia que, “ninguém entende o cristianismo, se não entender a palavra ‘justificado’.” A justificação pela fé é um dos fundamentos reais da verdadeira experiência dos que se declaram cristãos. O pecador encontra-se separado de Deus e sem as mínimas condições pessoais de ter comunhão com o Deus justo e santo.
Sem justificação, nenhum pecador poderá entrar na sala do Trono. Sem assepsia, nenhum médico poderá entrar numa sala cirúrgica, sem risco de contaminação. Não há compatibilidade do pecado do pecador com a santidade de Deus. A justificação é a obra Divina de caráter definitivo que torna o pecador justo com a justiça de Cristo.
(1) Cremos que a grande benção evangélica que Cristo concede a todos os que nele creemé a justificação; e, por meio dEle, todo o que crê é justificado de todas as coisas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés. Atos 13:39.
A justificação nunca resultará das obras de justiça praticadas por nós, porém da justiça de Cristo imputada a nós pela graça de Deus. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com a sua sabedoria, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si. Isaías 53:11.
É a justiça de Cristo que nos justifica na cruz, quando somos unidos a Ele no Seu sacrifício. O pecador aprovado pela graça recebe sua inclusão no corpo de Cristo e, concomitantemente, participa no plano espiritual de Sua morte com Cristo, para receber graciosamente a imputação da justiça de Cristo em seu espírito.
Assim, justificado pela graça de Cristo pode-se dizer ao pecador: agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Romanos 8:1.
(2) que a justificação abrange o perdão dos pecados, de todos os pecados do Seu povo, que, por um modo soberano, foram incluídos no sacrifício de Cristo. Foi assim que o evangelista descreveu o nascimento de Jesus: Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Mateus 1:21.
A justificação tem como ênfase o perdão permanente dos pecados de todos os crentes em Jesus Cristo. Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados.Atos 10:43.
A obra de Cristo é eficiente e suficiente para nos libertar da culpa do pecado e também para nos livrar do julgamento da ira vindoura. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Romanos 5:9. E há mais...
(3) e a promessa da vida eterna, de acordo com os princípios de justiça; se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. Romanos 5:17. Pela sua justiça, não só os pecados foram tratados, mas, também, a vida eterna foi garantida aos que creem em Cristo.
Jesus, ao ficar como fiador dos nossos pecados, assumiu a nossa culpa e deixou aberta a condição de sermos recipientes da Sua vida. Ele se deu por nós, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna. Tito 3:7. Pela sua justificação não fomos apenas alforriados da escravatura do pecado, fomos feitos filhos de Deus e herdeiros de um Reino eternal.
(4) a qual é concedida não em consideração a alguma boa obra que tenhamos feito, mais unicamente pela fé no sangue do Redentor; a justificação nunca resulta de nossas obras, mas sempre resulta em boas obras, ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça. Romanos 4:4-5.
Deus sempre nos justifica para nos santificar, mas não façamos da justificação um efeito de nossa santificação, esta, sim, é um efeito daquela. Vejamos como Thomas Watson dizia: “Se Deus justificasse um povo e não o santificasse, estaria justificando um povo ao qual não poderia glorificar.” Isto não é, nem do Seu poder, nem do Seu cárter.
Mas precisamos verificar um ponto muito importante: justificação é uma obra em que Deus age sozinho, enquanto santificação, Ele age e a nova criatura reage. “Na corte da justificação, os méritos não valem nada, são insuficientes; mas na corte da santificação... eles são jóias e ornamentos,” sustenta Richard Sibbes.
“De acordo com as Escrituras, é impossível ser justificado pela fé e não experimentar o começo da verdadeira santificação, porque a vida espiritual transmitida pelo Espírito no ato da regeneração (que introduz o novo poder para crer) tem afinidade moral com o caráter de Deus e contém em si o embrião de toda a santidade,” insiste Iain H. Murray, quando trata da interação destas duas realidades espirituais.
(5) em virtude da qual a sua justiça perfeita nos é imputada gratuitamente por Deus; para sermos participantes de Seu caráter: Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos. Romanos 5:19.
Temos que entender que no reino da graça, não há justificação que justifique qualquer contrapartida humana, porque se trata de uma obra espiritual feita a um morto espiritual pelo Deus Altíssimo cheio de graça. Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome. 1 João 2:12.
(6) que esta nos traz a um estado de paz bendita e de favor com Deus, e nos garante todas as outras bênçãos necessárias nesta vida, e também eternamente. Fica claro que toda a obra da justificação é graça plena. Portanto, desde que pela fé fomos feitos justos por Deus perante Ele mesmo, temos paz com Ele por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor. Através dEle, pela fé, também pudemos entrar na graça de Deus, na qual agora nos encontramos. Portanto nos alegramos por causa da esperança que temos de participar da glória de Deus. Romanos 5:1-2.
A justificação é o carro chefe da santificação. Primeiro somos justificados pela graça de Deus e, uma vez justificados entramos no processo contínuo da santificação. A justificação é um ato Divino, onde A Trindade faz a obra toda de uma vez. A santificação é um processo, em que a resposta humana depende da ação Divina. Como disse William S. Plumer“ justificação e santificação são diferenciáveis, mas não separáveis.”
Desde que fomos justificados pela graça de Deus, em Cristo, crucificado, com certeza seremos santificados pela vida de Cristo, em nós. A morte e a ressurreição de Cristo são os instrumentos da graça para levarem a efeito tanto a justificação do ímpio, de modo monérgico, como a santificação do piedoso, de modo sinérgico.
“A doutrina da justificação pela fé — uma verdade bíblica, e uma benção que nos liberta do legalismo estéril e de um inútil esforço próprio — em nosso tempo tem-se degenerado bastante, e muitos lhe dão uma interpretação que acaba se constituindo um obstáculo para que o homem chegue a um conhecimento verdadeiro de Deus. O milagre do novo nascimento está sendo entendido como um processo mecânico e sem vida. Parece que o exercício da fé jé não abala a estrutura moral do homem, nem modifica a sua velha natureza. É como se ele pudesse receber a Cristo sem que, em seu coração, surgisse um genuíno amor pelo Salvador. Contudo, o homem que não tem fome nem sede de Deus pode estar salvo?” O melhor de A. W. Tozer.
Deus é quem justifica o Seu povo pela Sua graça, através da obra da cruz, em Cristo, quer entre os judeus, quer entre os gentios. Pedro, no concílio de Jerusalém, disse à igreja daquela cidade, o seguinte: expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome. Atos 15:14. Não é possível ser um povo de Deus sem que Deus o torne justo em Cristo.
Finalizamos como este ponto de vista de Hugh Latimer, “precisamos ser feitos bons antes de poder fazer o bem; precisamos ser feitos justos antes que nossas obras possam agradar a Deus - somente depois de sermos justificados pela fé em Cristo é que as boas obras vêm.” Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. 1 Coríntios. 1:30-31.