Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - COMO ORAR NO LUGAR SECRETO
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COMO ORAR NO LUGAR SECRETO
O sacrifício dos perversos é abominável ao SENHOR, porém a oração dos que foram justificados é o seu contentamento.
Provérbios 15:8.
A oração é o dialeto dos filhos de Deus. Os bebês aprendem a falar o idioma de seus pais, com os pais, e os filhos de Deus, a língua do Pai, com Deus Pai. Ao orar, todos os filhos do Altíssimo falam numa linguagem do alto com o seu Pai celeste. Orar é a forma espiritual de um filho de Deus falar com Deus Pai na linguagem do céu.
Na escola da oração aprendemos orar, orando. Nesta matéria, contudo, não há diplomas de conclusão e ninguém pode dizer, depois de muitos anos de prática, que sabe orar de verdade. Sempre haverá um sotaque terreno nessa linguagem celestial.
Os filhos de Deus podem orar em secreto ou me público. As orações secretas ou privadas são sempre mais livres e abertas, contudo, têm as suas requisições. Vamos abordar aqui alguns requisitos para o desempenho da vida de oração confidencial.
O primeiro, é ter um lugar íntimo ou privado. Jesus é o nosso modelo de oração e Ele procurava sempre um lugar sem muita agitação. A oração em um lugar secreto é um dos segredos da vida privativa de oração. Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava. Marcos 1:35. Lugar exclusivo gera mais intimidade.
Jesus sempre buscava lugares que lhe proporcionasse certa exclusividade em Sua comunhão com o Pai. E, tendo-os despedido, subiu ao monte para orar. Marcos 6:46. Sua preferência era sempre por alguns lugares isolados: Ele, porém, se retirava para lugares solitários e orava. Lucas 5:16. Precisamos ter um canto sem muito agito.
Deus é onipresente, mas nós somos limitados e distraídos, por isso precisamos de um lugar tranquilo para dar lugar a oração dos nossos corações inquietos. “Enquanto a tempestade se aproxima, regozijemo-nos pela fé por causa de nosso lugar atrás da porta fechada - em Cristo,” considerava com propriedade, J. Charles Stern.
Se temos o lugar, vamos separar um tempo. Um lugar e a agenda fazem parte de todo processo de oração. Quando Jesus foi escolher os doze discípulos, Ele retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. Lucas 6:12.
Há sempre um período de oração, que pode ser maior ou menor, na disciplina do intercessor. A falta deste determinada ocasião, com frequência, ocasiona desistência e nós não percebemos a importância de termos um momento especial para a oração.
Se quisermos aprender a orar, necessitamos separar um tempo para estar com o Pai, e, o tempo nos foi dado para administrar. “O ano é composto de minutos. Que estes sejam cuidados como tendo sido dedicados a Deus. É a santificação do pouco que torna segura a santidade do todo”, dizia G. Campbell Morgan.
Destine uns minutos para o seu encontro com Deus e vá aumentando a medida que o relacionamento for se tornando mais significativo. “Não cabe a você dispor de seu tempo conforme seu agrado; ele é um talento glorioso de que os homens precisarão dar contas, tanto quanto qualquer outro talento”. O tempo dos filhos de Aba é sagrado.
Agora, pense em ter um caderno ou planilha de oração para anotar e consultar os pedidos. Esta é uma questão prática. A nossa mente é muito dispersa e precisamos de um meio para dar objetividade, tanto às súplicas como às respostas. Registrar os pedidos e datá-los é tão importante como anotar e assinalar o dia das respostas.
Depois de ter um lugar privativo, uma hora específica e um local determinado e fácil de ser usado para poder registrar as petições e respostas - pense em poder aquietar a alma. Nada pode ser mais importante para a concentração do que a calma da alma.
Uma das propostas para conhecer a intimidade de Deus é esta: aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra. Salmos 46:10. Sabemos que esta iniciativa não é nada fácil. Como manter desassustado o nosso velho coração, acostumado às palpitações desta vida frenética e temerária?
A quietude da alma no âmbito da oração é uma luta das mais complicadas que temos. Foi mais fácil, para Jesus, sossegar o mar revolto, do que serenar a alma dos seus discípulos assustados. Ficar despreocupado é um milagre que parece contrário ao estilo e propósito da oração. Como podemos nos tranquilizar ao suplicar em oração?
A inquietude da alma é um prejuízo sutil para os momentos de intimidade com o Pai. John Bunyan costumava dizer: “Se não tivermos tranquilidade em nossa mente, o conforto exterior não fará por nós mais do que fará um chinelo de ouro em um pé doente, com reumatismo.” Precisamos do Espírito Santo para aquietar a nossa mente trepidante.
Alguém disse que uma das formas de acalmar a tempestade de nossa mente é ouvir a palavra do Senhor. Assim, se quisermos começar a lidar com a nossa alma indócil, comecemos a ler ou ouvir um trecho da Palavra de Deus. Quando lemos:- Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa; dele vem a minha salvação. Salmo 62:1, sem dúvida, o coração dos filhos de Deus bate mais suavemente.
Se ouvirmos a voz do nosso onipotente Pai, com toda certeza, a nossa alma irá se distanciar da sua aflição de querer ser ouvida. Não precisamos ficar zen, mas ficar sem desespero, enquanto deixamos nas Suas mãos os cuidados de nossas vidas.
Também, não é meu fervor que faz da minha oração uma flecha certeira. Sim, é bom que Deus me ouça, mas é melhor ouvi-Lo, antes. Andrew Murray insistia: - “A oração não é um monólogo, mas um diálogo; a voz de Deus em resposta à minha é a parte fundamental. E, ouvir a voz de Deus é o segredo da certeza de que ele ouvirá a minha”.
Se ouvirmos a Palavra de Deus, primeiro, podemos orar de acordo com o que ela diz. Orar a Palavra de Deus é outro ponto importante da vida de oração. É aqui que se encontra uma das chaves das petições: E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. 1 João 5:14.
Não há possibilidade de orar contra a vontade de Deus, se aquele que ora, ora em pleno acordo com a Palavra. Além do que, como ensinava A. W. Pink: “Pedir em nome de Cristo é... deixar de lado nossa vontade e curvarmo-nos à perfeita vontade de Deus.”
Agora que podemos orar segundo a vontade de Deus, devemos pedir até que o nosso pedido fique, de fato, em Suas mãos. Entrega a tua jornada ao SENHOR, confia nele, e ele tudo fará. Salmos 37:5. Abrir mão do nosso controle não é nada fácil.
Aqui, temos uma grande luta. Se o nosso pedido não ficar entregue, nós vamos continuar entregando. Mas, se entregarmos, nossa luta arrefece e passamos a agradecer, pela fé, a resposta que ainda não chegou, porque a fé vê o invisível.
Temos que interceder até entregar. Depois de entregue, agradecer até receber. Estes são dois movimentos vitais da oração: Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. Filipenses 4:6. Súplicas, enquanto entrega; ações de graças, para todo sempre. A gratidão é a grife da fé.
As petições são características de criança. Como filhos de Deus somos, por um lado, crianças carentes, suplicantes e dependentes, por outro lado, adultos agradecidos. A petição fala da humildade de Jesus que dependia, em tudo, do Seu Pai. A gratidão diz da Sua mansidão, que vivia em adoração, agradecido por tudo.
A vida de oração deve ser permanente: ora, peticionando, ora, agradecendo. A escola de oração com Jesus não deixa ninguém sem estímulo para conversar com o seu Pai. Se não estamos suplicando, estamos agradecendo. Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. 1 Tessalonicenses 5:18.
Então! Busque um lugar que seja adequado; coloque em sua agenda o espaço para orar; tenha algo por perto para anotar; procure ficar silente, aquiete-se; leia ou ouça um trecho da Palavra de Deus; ore de acordo com a vontade de Deus exposta na Bíblia; peça segundo a vontade de Deus até entregar; uma vez entregue, agradeça até receber; e já que recebeu, ore e adore até o fim de sua vida aqui na terra. É vida de oração.
Para João Calvino, “nós não temos a liberdade de clamar a Deus para que siga as sugestões de nossa mente e vontade, mas precisamos buscá-Lo somente da maneira como Ele nos convidou a nos aproximarmos dEle.” Quando orares, entra no Teu quarto, fechada à porta, orarás ao Teu Pai, secretamente... Mateus 6:6.