Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - NO TRILHO DO PAI NOSSO
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NO TRILHO DO PAI NOSSO
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Mateus 6:9.
Alguém disse que a oração é como os trilhos onde o trem trafega. Sem trilhos a locomotiva não se move. Deus nos dá as orações, para que nós as lancemos como Seus trilhos, a fim de Seu poder transitar sobre as nossas vidas de oração.
Spurgeon dizia que as orações são como pombos correios, sempre retornam à localidade de onde vieram. Ora, se Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2:13 , toda oração vem de Deus como o motivador do nosso querer, e volta para Deus, o realizador da Sua própria vontade.
Nós só poderemos ter vitória na vida de oração se orarmos segundo a Sua boa vontade revelada aos nossos corações. E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.1 João 5:14.
Christian Staurus afirma que a oração é como bumerangue: - sai das mãos do lançador, atinge o seu objetivo e retorna às mãos de quem a lançou. Deus nos inspira ao anseio de orar e nós oramos segundo a Sua vontade, implantada em nossos corações.
A oração do Pai nosso é como uma viagem de trem, em que paramos em sete estações para aproveitar daquele local de reabastecimento. Cada estação tem motivos e propósitos determinados para o nosso desenvolvimento espiritual. Da primeira à última, é preciso que estejamos atentos a cada detalhe da intimidade com a Trindade.
Saímos sempre dum lugar santo. Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Este pedido sagrado vem do Pai para o nosso coração. Só Aquele que é Santo pode santificar o Seu próprio nome. Santidade não é expediente de quem está no porão envolvido com a história do pecado. Um ser caído jamais cogita de santificação.
Este caído só pode ser, no máximo, um caiado, nunca um santo. Mas, estranho é a ordem do Santo feita ao caído, para que o Santo santifique Seu nome, na vida deste. O Pai Santo inspira ao filho, em processo de salvação, que clame por santificação do Seu nome. Por isso, os filhos precisam suplicar que o Pai desinfete toda a contaminação que o maligno e o pecado conseguiram impregnar no projeto da criação, ligada ao Seu nome.
Pai nosso, santificado seja o Teu nome... em nossa vida... em nosso lar... na nossa igreja... na nossa sociedade... na evangelização... nos negócios... e por aí vai todo o tipo de petição que requer a ação divina para que haja pureza de propósitos.
Depois de andarmos pelas vias do nome santo, a segunda estação nos leva ao centro do Seu governo: venha a nós o Teu reino. O Pai é nosso, mas a santificação é do Seu nome, para que venha a nós o domínio do Seu reino. Há um Reino na paternidade.
Aba, o Pai nosso, é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis. O Reino não é dos filhos, mas do Pai. Não há lugar de co-regência ou de principados nesta monarquia. O Pai é o único regente. Não cabe aos filhos dizer o que se deve fazer. Para Campbell Morgan - “O ponto fixo do universo, o fato inalterável, é o trono de Deus.”
Venha o Teu reino, isto é, tua governança, gestão e gerência em tudo o que o teu filho está empreendendo... dá significado à família... administra a tua igreja... comanda esta cidade... seja o que for, preside nossas vidas, para que em tudo tenhas a primazia.
Ao orarmos, podemos nos deter aqui por muito tempo rogando a direção do Pai para cada detalhe. Mas devemos partir à terceira estação: faça-se a Tua vontade, assim na terra com no céu. Nesta parada carecemos de iluminação fulgurante. Não se trata de um jogo de palavras; trata-se da renúncia de nós mesmos. Não há lugar para qualquer til ou cedilha nas condições de nossa vontade. É imperativo a substituição das vontades.
Porém, sem a cruz isto é apenas uma utopia. Meu ego precisa morrer na cruz, com Cristo, para que possa orar de coração: seja feita a Tua vontade... em minha vida... na família... na igreja... no país... etc. Se a minha vontade não for crucificada com Cristo e a vontade de Cristo não for implantada em meu ser, nada será verdadeiro na vida cristã.
Se Cristo veio ao mundo para salvar o caído que encontra-se perdido, então a sua vontade está tão perdida e depravada, quanto o seu coração perverso pode ser. Não há a menor possibilidade de um sujeito pervertido pelo pecado querer a vontade de Deus, assim na terra como no céu. Esta oração é o milagre da troca de corações.
O não mais eu, mas Cristo é a única fórmula de sucesso nesta experiência. Se não formos crucificados com Cristo, jamais podemos dizer seja feita a Tua vontade. Mas, precisamos prosseguir, depois de gozar da maior intimidade com a vontade que nos dá a vontade de querer, de boa vontade, essa vontade de Deus. Que maravilha!
Agora, que há a conciliação entre os desejos do homem e a vontade de Deus, podemos parar, na quarta estação, para a refeição diária do Pão do céu. - O Pão nosso, de cada dia, nos dá hoje. A meu ver, não se trata, propriamente, de desjejum ou mesmo um repasto especial qualquer. Para mim, o Pão nosso é um banquete celestial.
Jesus disse duas coisas que me levam a optar por esta interpretação. Falou da não preocupação com o alimento diário: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber. Mateus 6:25 , e sobre o pão que satisfaz a real fome de significado: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede. João 6:35. Esse é o pão que satisfaz nosso espírito.
Neste ponto, nós precisamos nos refestelar. O Pai é nosso; o reino e a vontade são dEle, mas o Pão também é nosso, cada dia, nos satisfazendo plenamente em Cristo.
Agora que estamos restaurados com a suficiência de Cristo, sendo Ele a nossa vida, podemos partir para a quinta parada, com o alvará de soltura em mãos: perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores. Mateus 6:12. Uma das grandes maravilhas do Evangelho é o perdão incondicional e uma genuína condição do perdoado para perdoar, da mesma maneira que foi perdoado.
Graças Te damos, ó Pai, pois já que fomos alforriados por Ti, o fomos para alforriar, por isso, em nome do Senhor, tomamos posse do Teu perdão e perdoamos a quem nos tem ofendido. Pai nosso, é bom saber que nosso perdão é fruto do Teu amor para com os Teus filhos, antes da fundação do mundo, quando o Teu Cordeiro foi morto.
Sabemos que errar é humano, mas perdoar é divino e, já que eu sou Teu filho, quero perdoar o cônjuge que me molestou... os irmãos que me feriram... o inimigo que me detesta... e tantos quantos têm me machucado. Sou um perdoado que vive, não como um carcereiro, mas como um advogado de porta de cadeia com o hábeas-corpos em punho.
Liberto e pronto para libertar, podemos passar para a sexta estação: não nos deixes cair em tentação. Mateus 6:13a. O Senhor não está ensinando para descartar as tentações, mas para sermos guardados nas tentações. Assim como os ventos são de uma importância fundamental para o fortalecimento dos caules, as tentações são para a nossa dependência do Pai. “Não me tires as tentações, senão eu serei tentado a viver sem Ti”.
Alguém disse que toda tentação é uma oportunidade de buscarmos a presença de Deus, portanto, não pedimos que nos livres da tentação, mas nos livres na tentação. Se somos humanos, somos tentados e se somos tentados temos a quem recorrer. Pai!!!
Chegamos agora a última estação. Não podemos, neste mundo, ser livre das tentações, mas nós Te pedimos que, nos livres do maligno. Livra-nos das suas ciladas, quando nos orgulhamos de nossos feitos, por termos um bom conceito de nós mesmos. Livra-nos da necessidade de reconhecimento e aplausos, pois sabemos que por trás dos louvores há mais infiltração do maligno do que podemos discernir.
Livra-nos da proposta de sermos independentes de Ti e não Te buscarmos em oração. Isto é um ardil do maligno. Sei que ele pode ser até um bom teólogo, mas, o que ele detesta é o Teu povo orando. Livra-nos dos seus disfarces iluminados, de suas áureas “espiritualizadas” e das artimanhas, ao gosto da religião das aparências.
Pai, só o Senhor, Todo-poderoso, pode nos santificar; governar; incluir a nossa vontade à Tua vontade, de boa vontade; satisfazer a nossa fome de significado; perdoar, a fim de perdoarmos; guardar-nos quando somos tentados e, só o Senhor pode nos livrar das fraudes mais velhacas e sagazes do maligno. Por causa de tudo isto eu me prostro em adoração, reconhecendo que Teu é o Reino, o Poder e a Glória, para sempre. Amém.