Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - ORANDO O PAI NOSSO
ORANDO O PAI NOSSO
Um dia, Jesus estava orando num determinado lugar. Quando acabou de orar, um dos seus discípulos pediu-lhe: “Mestre, ensina-nos a orar. João ensina os discípulos dele. Lucas 11:1. (A Mensagem).
Orar é uma linguagem de quem nasceu do alto. É um idioma espiritual. Não se trata de mantra ou reza, mas do dialeto dos filhos de Deus. O homem natural ou adâmico pode repetir frases como se fossem orações, embora nunca ore de verdade.
A criança aprende a falar com os pais e o filho de Deus, com Deus ao falar-lhe por Sua Palavra. Quem nasceu do alto aprende a orar com seu sotaque do alto, com seu Pai celestial, de modo espiritual. A oração é uma expressão do coração regenerado. Nem um homem natural tem natureza espiritual para orar.
Primeiro Deus nos regenera, depois nos ensina a falar com Ele. Jesus ensinou os Seus discípulos a orar como uma conversa de filho para Pai.
Toda oração deve ser um diálogo do filho com Seu Pai, por isso, Jesus, ao nos ensinar orar, orou assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome. Mateus 6:9. Ele não disse, meu Pai, mas, Pai nosso! Isto é muito importante. A oração é vista aqui como uma conversa de família. O Pai tem mais filhos que precisam ser notados e anotados como irmãos. Tudo faz crer que orar é uma relação familiar.
Jesus foi claro em dizer que este Pai é coletivo e que Ele está nos céus. Logo, é Alguém que transcende o mundo físico. Há pelo menos 3 céus: o céu da atmosfera, o dos astros e um outro que Paulo se refere como um lugar inefável. Seria o trono do Pai?
O nosso Pai vai além de todo conceito de espaço. Isso fala da onipresença do Pai e Sua absoluta onisciência, pois o Ser pensante que está presente em todo lugar ao mesmo tempo, sabe tudo de todos. Ele não precisa de câmeras de vigilância para poder nos ver. Ele sabe tudo ao nosso respeito e está sempre presente com os Seus filhos.
Como é precioso saber que nosso Pai nunca fica decepcionado conosco, uma vez que Ele sabe tudo a nosso respeito, desde a eternidade e mesmo assim, resolveu nos aceitar como Seus filhos em Seu Filho, Jesus Cristo. Se somos filhos, fomos aceitos pelo Pai em Cristo, muito antes de recebermos Jesus como nosso Salvador e Senhor.
Foi por este motivo que Jesus disse que nós, ao orarmos, devíamos pedir que nosso Pai santificasse o Seu próprio nome em nossas vidas. Só Ele mesmo tem o poder de tornar santo tudo o que diz respeito a Ele. Se o Pai não nos santificar com a sua plena santidade, nós seremos motivo de vexame ao Seu nome.
A santidade dos filhos de Deus é consequência da santidade do próprio Deus a eles conferida. Não há santidade no ser humano sem que Deus mesmo lhe conceda.
Os filhos de Deus são santos porque o Pai deles lhes garantiu a santidade do Seu nome sobre eles. O apóstolo Pedro determina a ordem divina: sede santos, porque eu sou santo. 1 Pedro 1:16. Na oração, o primeiro pedido é pela santidade do nome do Pai na vida dos filhos de Deus. Se não formos santos com a santidade de Deus, nada foi feito em termos da salvação dos pecados. Sem santidade ninguém verá a Deus.
As duas petições seguintes, na oração, são: venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu. Mateus 6:10. O Pai é nosso, porém, o reino e a vontade são dEle. Só um Pai santo pode santificar o Seu nome, de tal maneira, que o Seu reino e a Sua vontade sejam coerentes com o Seu caráter soberano e, ao mesmo tempo, equilibrado com a Sua postura de Pai bondoso. O nosso Pai amoroso reina sobre tudo.
O reino do céu e o governo da terra só podem se afinar, se os filhos de Aba se mostrarem ávidos pela dependência da soberania do Rei, com a mesma disposição que eles demonstrarem pela obediência ao Pai, aqui na terra. Afinar o céu com a terra é, sem dúvida, a maior expressão de autenticidade de um filho de Deus.
Quando alguém pede para viver na terra com a mesma postura de quem vive no céu, temos o milagre do nascimento do alto como prova dessa conciliação. Se o Pai do céu nos justifica do pecado, em Cristo, aqui na terra, é para que tenhamos a santidade do céu em nosso modo de ser, enquanto vivemos aqui na terra como Seus filhos.
Toda criança que nasce no nosso planeta precisa logo de comida. Todo bebê já nasce com fome. Do mesmo modo, as novas criaturas nascem de boca aberta, clamando: o pão nosso de cada dia nos dá hoje. Mateus 6:11. Não acredito que esse pedido seja por pão de trigo, mas pelo Pão que satisfaz a fome espiritual. Os filhos de Deus têm fome de Deus e com certeza não morre de fome, quem se satisfaz de Cristo.
Jesus censurou a ideia de alguém ficar preocupado com a comida do dia a dia e nos mandou observar os passarinhos no campo. Ele também disse: Em verdade, em verdade vos digo: não foi Moisés quem vos deu o pão do céu; o verdadeiro pão do céu é meu Pai quem vos dá. João 6:32. Então, o Pão nosso de cada dia não pode ser pão de fermento, porém, o próprio Cristo, o único que pode matar a nossa fome espiritual.
É fácil confundir especulação teológica com fome espiritual. Há muita gente de pedigree intelectual, que manuseia bem a Bíblia, porém nunca tem fome do Pão nosso de cada dia, todo dia. - “Se há em sua vida qualquer coisa mais desejável do que seu anseio por Deus, você nunca será um cristão cheio do Espírito”, disse muito bem A. W. Tozer.
Depois de ser santificado pelo próprio Deus e tornar-se submisso ao governo e vontade do céu, todo filho de Deus se mostra disponível para perdoar. Perdoe os nossos pecados assim como nós perdoamos aos que nos fazem mal. Mateus 6:12 VFL.
“Se realmente conhecemos a Cristo como nosso Salvador, os nossos corações são quebrantados, não podem ser duros, e não podemos negar o perdão”, disse com total propriedade o D. Martyn Lloyd-Jones. O perdão é a marca registrada de alguém que foi e está sendo perdoado pelo Senhor Jesus. Só os perdoados, perdoam, de fato.
Ninguém vive neste mundo sem ser ferido, mas nenhum cristão autêntico vive lambendo suas feridas com autocomiserações. Se não perdoamos os que nos feriram, é possível que nunca tenhamos experimentado o perdão de Cristo.
Justificado em Cristo, purificado pelo Seu sangue, submisso ao Seu reino e, ao mesmo tempo, dependente de Sua vontade, o filho do Altíssimo, alimentado da suficiência de Cristo, perdoa com o perdão de Deus os seus inimigos, mas sempre confiando que o Pai vai sustentá-lo quando estiver passando pelas ciladas do Diabo e tentações da carne.
Estes são outros dois pontos importantes de qualquer oração: não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal. Mateus 6:13. Todos os filhos de Deus são, em tudo, tentados, neste mundo, e a pior tentação é querer viver sem tentações. O pedido é para que não caímos quando formos tentados e, jamais, para sermos livres delas.
Foram as minhas tentações que sempre me fizeram buscar a graça do Pai. Se não fossem as tentações eu ficaria tentado a viver por conta de minhas forças, mas ao ser tentado, eu sei que só Aquele que venceu o pecado, pode dar-me a vitória sobre todas as minhas tentações. Não te peço: livra-me da tentação, mas não me deixes cair quando eu estiver sendo tentado. Sei que sem a tentação torno-me mais resistente em recorrer a Ti.
Mas essa oração não é só minha. É nossa. Não nos deixes cair em tentação. Quando oro, oro pelos Teus filhos, meus irmãos, que são, como eu, sujeitos aos tombos.
Se tenho que viver neste mundo caído, então, não estou pedindo libertação da tentação, mas da influência do Maligno. Deste sim, nós precisamos de livramento. Ele é o mais astuto, especialmente, quando vem vestido de anjo de luz, com os Seus ministros se disfarçando de gente legal, com um aspecto de justo e manipulador. Aqui está o perigo.
Livra-nos do Maligno quando ele afirma que nós temos direito. Livra-nos dele e de sua turma, ao nos aplaudir por aquilo que o Senhor fez através de nós. Livra-nos dos seus ardis de nos distrair da oração, pois ele sabe que quando oramos sua derrota já está decretada e, concede-nos que possamos orar assim, com toda confiança:
“Nosso Pai do céu! Revela-nos que més. Dá um jeito neste mundo. Faz o que for melhor —tanto aí em cima quanto aqui em baixo. Conserva-nos vivos com a refeição do alto. Preserva-nos perdoados por ti e perdoando aos outros. Guarda-nos sempre de nós mesmos e do Diabo. Tu estás no comando! Tu podes fazer tudo o que quiseres! E ainda, a Tua beleza é fascinante!” Amém. Amém. Amém.