Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - A ELEIÇÃO ETERNA SEGUNDO A GRAÇA PLENA
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A ELEIÇÃO ETERNA SEGUNDO A GRAÇA PLENA
Antes do mundo existir, o Pai nos elegeu, em Cristo, para sermos o seu povo santo e irrepreensível perante Ele; e em amor nos predestinou para Ele como filhos de adoção, por meio de Jesus Cristo, segundo a sua boa vontade. Ef 1:4-5
A doutrina da eleição levanta sérios problemas na mente humana, por isso, nós devemos considerar mais plenamente o que a Bíblia diz (e não diz) ao ensinar sobre este tão importante assunto. (Vamos tomar emprestado os tópicos do Dr. William MacDonald)
A eleição é uma doutrina inteiramente bíblica, que aponta para um ato da livre graça de Deus. Desde que Deus escolheu Abraão, em Ur dos caldeus, sem qualquer um pré-requisito, começamos a perceber que é Deus quem escolhe os homens e nunca estes a Ele. A Bíblia mostra que foi Deus quem escolheu o povo de Israel. Deuteronômio 7:6-8.
Jesus, na sinagoga de Nazaré, diz que havia muitas viúvas em Israel, porém, o profeta Elias foi enviado à viúva de Serepta de Sidom, bem como, havia muitos leprosos, no tempo de Eliseu, mas nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o siro. O resultado desta mensagem foi quase um apedrejamento de Jesus. Por que? A escolha é divina.
Primeiro, a Bíblia ensina que Deus escolhe os homens para a salvação. Mas, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade, para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Tes 2:13.
Segundo J. Blanchard, se Deus não escolhesse alguns homens sem quaisquer condições, ninguém jamais o escolheria sob quaisquer condições, pois a Bíblia é enfática: não há ninguém que busque a Deus, Rom 3:11, (nem mesmo um?)...
O pecado nos matou, espiritualmente, e tornou a nossa alma arrogante. O ser humano natural encontra-se morto do ponto de vista espiritual, ao mesmo tempo, soberbo e avesso à realidade espiritual, em sua alma. Se Deus não nos amar primeiro, nós nunca o amaremos, uma vez que a Bíblia é clara em mostrar esta impossibilidade.
Ela se dirige aos crentes como aqueles que são escolhidos previamente e sem pré-requisitos e de acordo com a onisciência e presciência de Deus: eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo, graça e paz vos sejam multiplicadas.1 Pe 1: 2.
Uma vez que Deus seja onisciente, necessariamente, Ele é presciente. Ele não é presciente apenas porque prevê o futuro, mas prevê, porque é onisciente. A presciência é atributo da onisciência eterna de Deus, portanto, se Deus previu é porque Ele sabia.
A Bíblia ensina que nós podemos saber se somos eleitos através da resposta ao evangelho: se ouvimos e cremos, somos eleitos - reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição, porque o nosso evangelho não veio até vós, só em palavras, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção... Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo... 1 Tes 1: 4-7).
Por outro lado, a Bíblia nunca ensina que Deus escolhe os homens para serem perdidos. O fato de que Ele escolhe alguns para serem salvos, não implica que Ele tenha, arbitrariamente, condenado todo o resto. Ele nunca condena os homens que merecem ser salvos (pois, não há nenhum), mas Ele salva alguns que mereciam ser condenados.
Quando o apóstolo Paulo descreve os eleitos, fala deles como sendo - vasos de misericórdia que Ele preparou de antemão para a glória. Rom 9:23. É uma seleção Divina preparada pelo próprio Deus para a glória. Deus preparou os vasos de misericórdia
Mas quando ele se volta para os perdidos, ele simplesmente diz, vasos de ira preparados para a destruição. Rom 9:22. Deus prepara os vasos de misericórdia para a glória, de antemão, todavia Ele não prepara os homens para a destruição: eles fazem isso por si mesmos por sua própria incredulidade. O pecado é do homem, a salvação de Deus.
A doutrina da eleição permite que Deus seja Deus. Ele é soberano, isto é, Ele pode fazer o que bem entender, porém, Ele nunca faz nada injusto. Se deixados sozinhos, todos os homens estariam perdidos. Deus tem o direito de mostrar misericórdia a alguns? Essa é uma das questões mais intrigantes para a nossa mente limitada, mas soberba.
Deus é soberano, mas não há injustiça em sua soberania. Ele não é obrigado a salvar ninguém; salva, sim, a todos aqueles que, mesmo não o querendo, são todos eles convencidos a recebê-Lo, por Sua graça. A salvação de Deus não é algo possível a quem queira, mas totalmente viável a todos, sem distinção, mesmo não a querendo, entretanto, foram convencidos e convertidos a querê-la, pelo poder do Espírito Santo.
Não pode ser a minha decisão caída e rebelde quem determina a vontade do Deus absoluto e soberano, mas, com toda certeza, é a vontade soberana de Deus quem determina, de modo gracioso, a minha decisão para com Deus. Sou convencido por Ele.
Há, porém, o outro lado da história. A mesma Bíblia que ensina a eleição eterna e soberana de Deus, também ensina a responsabilidade humana. Por isso, ninguém pode usar a doutrina da eleição como desculpa para não ser salvo. Sou também responsável.
Deus faz uma oferta genuína de salvação para todas as pessoas, em todos os lugares. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16.
A obra da salvação em Cristo é suficiente para todas as pessoas neste planeta, mas só será eficiente para quem crer. E, precisamos perceber; para crer são necessários: a pregação do evangelho, a vivificação espiritual pela palavra de Cristo, o convencimento do pecado por meio do Espírito Santo e os dons do arrependimento e da fé, como aceitos e correspondidos através do novo nascimento.
Qualquer pessoa pode ser salva, arrependendo-se de seus pecados e crendo no Senhor Jesus Cristo. Portanto, se uma pessoa está perdida diante da pregação do evangelho, é porque escolhe estar perdida, não porque Deus a deseja. Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus. João 3:36.
O fato é que a mesma Bíblia ensina eleição e salvação gratuita para todos os que a receberem. Ambas as doutrinas são encontradas em um único versículo: - Tudo o que o Pai me dá virá a mim, e aquele que vem a Mim de modo algum o lançarei fora. João 6:37. A primeira metade do versículo fala da escolha soberana de Deus. A última metade estende a oferta de misericórdia a todos.
Isso representa uma das maiores dificuldades para a mente humana. Não pode ser assim! Deus não pode escolher alguns e, ainda oferecer salvação, livremente, a todos os homens! Francamente, este é um mistério! Não é possível! É o grito da limitação.
Mas o mistério está do nosso lado, não do de Deus. A melhor política para nós é crer em ambas as doutrinas porque a Bíblia ensina ambas. A verdade não é encontrada em algum lugar entre a eleição e o livre arbítrio do homem, mas em ambos os extremos.
W. G. Blaikie resume: a soberania divina, a responsabilidade humana e a oferta universal e gratuita de misericórdia são todas encontradas nas Escrituras e, embora, não possamos harmonizá-las com a nossa lógica, todas elas devem ter um lugar em nossas mentes e corações, pois fazem parte da revelação divina e não podem se contradizer. Se considerarmos os dois lados como sendo de Deus, podemos anunciá-los, sem dúvidas.
Para o teólogo Eric Alexander, o plano e o propósito de Deus em salvar são tão eternos como ele próprio, mas é bom lembrar que Deus nunca salvou um espectador. Por isso Ele vivifica os mortos em delitos e pecados, pela pregação do evangelho; convence o pecador do pecado; gera a fé e arrependimento nos vivificados, para que estes creiam e se arrependam de sua auto confiança e, se voltem totalmente para a suficiência de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Porque é dEle, por Ele, e para Ele que são todas as coisas, glória, pois, a Ele, eternamente, amém. Rom 11:36.