Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - O EVANGELHO ETERNO
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O EVANGELHO ETERNO
Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo. Apocalipse 14:6.
“O Evangelho tem em si a marca registrada do céu.” Não se trata de um evento da história, ainda que se expresse na história; o Evangelho é eterno. O pecado apareceu no tempo, depois da criação, mas o Evangelho é antes de todos os tempos.
A queda aconteceu na história do ser humano, mas o Evangelho, na sua “pré-história”, nos tempos eternos e se estende por toda eternidade, sem prazo de validade. O Evangelho é atemporal, pois vai da eternidade passada, antes do princípio do tempo, até a eternidade futura, depois do seu fim. O Evangelho está centrado totalmente em Cristo.
Gosto da idéia de que “antes de Deus dizer, haja luz, Ele disse: haja cruz”. Sim, a redenção antecede a depravação. O Evangelho não é um remendo para consertar um imprevisto, mas a solução eterna de um problema histórico. A Trindade sabia da queda e providenciou, no trono eterno, a saída da crise na existência da Sua família divina.
O projeto de Deus é ter uma família. Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles. Hebreus 2:10.
Os filhos de Deus são “vistos” em Cristo na eternidade e gerados pelo Espírito Santo na história, por meio da pessoa e obra de Cristo Jesus, assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis perante ele. Efésios 1:4. Evangelho é tudo o que Aba fez e faz em favor de Seus filhos, em Cristo, e através de Cristo, desde a eternidade pretérita, mas, que se concretiza na história.
O Evangelho é eterno e totalmente gracioso. A graça é vista como um atributo eterno da Trindade. Dizemos, também, que a graça é o favor de Deus. Ora, se a Trindade é a unidade do Deus triuno, quando um ama o outro, eles se amam primeiro a si mesmos, pois são uma unidade inseparável, e ainda “quando dizemos que a grac¸a e´ um atributo de Deus, queremos dizer que Deus e´ favora´vel para consigo mesmo”.
A graça, também, consiste da operação Divina imerecida em favor do pecador indigno. É uma ação soberana, na história da raça caída, em que Deus dá e faz tudo em benefício do mais vil pecador, incrédulo e incapaz de busca-Lo, uma vez que, o pecador encontra-se morto, espiritualmente, em delitos e pecados.
Nos Artigos de fé adotados por nossa igreja lemos: “Cremos que a eleição é o propósito eterno de Deus, segundo o qual ele misericordiosamente regenera, santifica e salva pecadores; que ela, sendo perfeitamente coerente com a livre decisão do homem, inclui os meios de que Deus se serve para leva-la a efeito; que é uma manifestação por excelência gloriosa da soberana bondade de Deus, sendo infinitamente livre, sabia, santa e imutável;que ela exclui totalmente a jactância, e promove humildade, amor, oração, louvor, confiança em Deus, e uma imitação ativa da sua misericórdia; que ela nos estimula a empregar todos os meios ao nosso alcance para realizar os nossos propósitos; que ela pode ser conhecida pelos seus efeitos, naqueles que verdadeiramente creem no evangelho; que é a base da nossa confiança; e que em relação a nós mesmos devemos procurar com diligencia fazer cada vez mais firme a nossa vocação e eleição”.
O Evangelho da graça é eterno e eternamente eficaz para todos os crentes em Cristo em todas as épocas. Ele é suficiente para todos; todas as famílias, tribos, povos e nações, mas só é eficiente para todos os que creem. Por isso a ordem de Jesus foi clara: vá por todo o mundo e pregue o Evangelho a toda criatura. Quem crer e estiver batizado, será salvo. Quem não crer, estará condenado. Marcos 16:15-16. (CWSB).
Esta versão pode dar o significado do tempo verbal aoristo, na voz passiva, do verbo batizar. Parece que, aqui, não se trata tanto de quem for batizado, mas de quem já foi batizado. Não me parece que seja o batismo nas águas, mas o batismo na morte com Cristo, pois, o ladrão na cruz foi salvo sem que tenha sido batizado nas águas, enquanto Simão, o mágico, fora batizado, em água, mas não mostrava os sinais da vida de Cristo.
O batismo do pecador na morte com Cristo é efeito da inclusão deste pecador em Cristo, desde a eternidade. Não há nada de que Deus tenha feito na história, que não tenha antes sido planejado na eternidade. Ele não é imprevisível. Não há acidentes, nem improvisos no plano da redenção eterna. A Trindade não faz remendo em Seus planos.
O Evangelho não parte do homem e dele não depende, mas de Deus. Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus. Romanos 1:1. Este é um assunto Divino com propósitos da glória de Deus. Ele não visa o mero bem estar do ser humano, mas, antes de tudo, a glória do Altíssimo.
Sou daqueles que acreditam que tudo na vida dos filhos de Deus, inclusive - a salvação deles, é para a glória do próprio Deus. A salvação não visa apenas o bem estar da criatura caída, mas, a glória do próprio Criador. Não se trata da alternativa imprevista para o pecado do ser humano, mas a resposta que reflete o caráter gracioso do Criador.
O Evangelho é o reflexo eterno do amor de Deus na vida da Sua família. Paulo dizia que ele fora designado ministro de Cristo, aos gentios, para proclamar o Evangelho, que os tornariam filhos de Deus: para que eu seja ministro de Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez santificada pelo Espírito Santo. Romanos 15:16.
O pecado é do homem e é histórico; o Evangelho é de Deus e é eterno. Não há evangelho histórico para solucionar o tombo no tempo, mas o eterno Evangelho de Deus.
O tempo está dentro da eternidade e no contexto do Evangelho eterno e nunca o Evangelho dentro do contexto do tempo. O Evangelho é eterno, o tempo teve seu início na criação. Deus não providenciou a salvação porque o ser humano tivesse pecado, pois, a salvação é eterna e, antecede ao pecado. A salvação não é porque Adão tenha pecado no tempo, mas porque Deus, na eternidade, amou os Seus filhos, que vieram a cair.
A tentação é contingente à criação do ser que tem sua vontade, mas é finito. A tentação provem do querer ser o que não se é, contudo, quer ser. Só a criatura pode ser tentada a ser como o Criador. O Criador não é tentado a ser criatura e a ninguém tenta.
O pecado surgiu na criação quando a criatura quis ser como o Criador, porém o Criador já havia providenciado a redenção dos Seus filhos, antes mesmo da queda.
Paulo tinha noção quanto a origem do Evangelho e do seu amor pelas pessoas a quem anunciava as boas novas de Deus, de modo imperativo e imperioso: Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho! 1 Coríntios 9:16.
Ele estava disposto, por causa do Evangelho eterno de Deus, a dar sua própria vida para que o maior número de pessoas recebessem a plenitude do Evangelho de Deus em sua experiência histórica. Porque, vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus. 1 Tessalonicenses 2:9.
Quem recebe o Evangelho de Deus quer anuncia-lo ao maior número possível. Mas, por total impossibilidade, “não podemos levar o mundo todo a Cristo, mas podemos levar Cristo a todo o mundo”, disse, J. Blanchard. Então, vamos em frente nessa missão.
Paulo sabia de sua missão evangelizadora e foi categórico ao dizer: A mim, o menor de todos os santos, me foi dada a graça de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo. Efésios 3:8. É insondável tanto no seu conteúdo, como na sua abrangência. Ninguém consegue chegar ao seu fundo nem a sua extensão.
Como dissemos, repetidamente, o Evangelho de Deus é eterno e não se trata de expediente para solucionar um acidente, mas um projeto soberano para dar curso aos propósitos eternos da Trindade. Se o Evangelho for eterno, ele não teve um começo. O Evangelho começa e termina com o que Deus é e com o que Ele faz, não com o que nós queremos ou pensamos necessitar. Assim, nós concluímos com o pensamento de William Gurnall, o evangelho é a carruagem com a qual o Espírito desfila em triunfo quando entra no coração dos homens, e isto é, de eternidade a eternidade. Aleluia. Amém.