Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - O pecado dos pecados VII
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O pecado dos pecados VII
Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado. Romanos 14:23
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Temos trabalho aqui nesta série de estudos com a acepção do pecado apresentada por Jesus, que o define como a incredulidade em relação à sua pessoa. (João 16:9). Para Jesus, pecado é não crer nele, logo, a libertação do pecado é viver pela fé nele.
O apóstolo Paulo alegou que tudo o que não provém de fé é pecado. Portanto, tudo o que procede da fé, com certeza, não é o pecado. Ele também disse que a fé surge quando se ouve a palavra de Cristo. A fé está ligada à pessoa de Cristo, pois ele é o seu autor e consumador. Todos nós nascemos neste mundo onde a realidade é tridimensional e encontra-se contaminado pelo pecado, ateus ou incrédulos no que diz respeito a Cristo Jesus como o Salvador e Senhor do ser humano.
Alexandre MacLaren referiu-se ao tema, assim: "a fé é a visão do olho interior". Fé (do grego: pistia e do latim: fides) é a firme convicção da verdade, sem a menor necessidade ou evidência de qualquer prova, simplesmente pela irrestrita confiança que se deposita na pessoa que disse a verdade. Ainda que a fé não seja ilógica ou absurda, ela transcende os limites da lógica humana ao se firmar nos preceitos da imutabilidade do Absoluto.
A ciência precisa da sustentação dos fatos, a fim de dar sustentação aos fatos. Algo só é cientifico se for provado, comprovado e confirmado. Uma teoria não é ciência, ainda que tenha nexo em suas alegações. A fé não é uma teoria, nem uma comprovação de fatos, embora a sua convicção seja inabalável. Enquanto a ciência labora suas demonstrações no terreno físico, a fé elabora sua convicção num plano metafísico. Isto não significa que a fé seja menos real do que a ciência.
A realidade visível deste mundo é constituída primariamente por uma realidade imaterial e invisível. A matéria palpável é formada de átomos, que não podem ser vistos, nem mesmo com os mais potentes microscópios. Talvez, cientificamente, possamos dizer o mesmo que a Bíblia diz, teologicamente: Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem. Hebreus 11:3.
Os cientistas descobriram através das leis matemáticas, físicas e químicas que o átomo é formado por um núcleo de carga elétrica positiva, em torno do qual se movimentam partículas minúsculas e invisíveis de massa negativamente eletrizadas: os elétrons. No núcleo há dois tipos de partículas: prótons, que são eletricamente positivos, e nêutrons, que não têm carga elétrica.
Esta é uma teoria da física quântica comprovada pelo poder da fissura e desintegração atômicas, mas o átomo em sua estrutura nuclear não é, de modo algum, visível. Parece que, neste caso, a ciência e a fé se apóiam numa realidade invisível similar. O poder da anti-matéria é espantoso tanto para a física como para a teologia. A energia invisível do átomo ou o poder imaterial e espiritual da palavra de Deus encontram-se por trás da realidade visível da criação.
A questão básica é que no âmbito da fé não se carece de prova, enquanto a ciência subsiste sempre duvidando, em busca de uma prova. A fé é a ousadia da alma em avistar além do que é possível enxergar, porque distingue com clareza a invisibilidade do poder de Deus.
Para o crente, Cristo é o autor e o consumador da fé. O Cristo espiritual ou imaterial vivendo no Jesus histórico é a sustentação improvável da fé consistente. Assim como não podemos ver a estrutura das partículas atômicas, mas podemos constatar o poder atômico de uma bomba nuclear, assim, também, não podemos demonstrar tangivelmente o autor da fé, embora não possamos negar os seus efeitos práticos na vida dos que crêem.
A ênfase, nestes estudos, se baseia no pecado como sendo a incredulidade diante da palavra, da pessoa e da obra de Cristo Jesus. Pecado é não crer em Jesus como o Cristo. É o ceticismo diante de Javé Elohim em sua manifestação humana. É a descrença no Messias encarnado no Jesus de Nazaré. Se eu não viera, nem lhes houvera falado, pecado não teriam; mas, agora, não têm desculpa do seu pecado. João 15:22. Depois da corporificarão de Cristo, a humanidade perdeu a condição de explicar o seu ateísmo em virtude da imaterialidade divina. Deus se tornou concreto.
Se a realidade do conhecimento de todo ser humano tem que passar por algum dos seus cinco sentidos, então a materialização de Cristo, através de um homem perfeito, nos leva a admitir, logicamente, que este homem impecável tem que ser, necessariamente, o Cristo. Ora, se todas as pessoas são falhas, cometem erros morais e vivem egoisticamente, então quem vive de um modo perfeito tem que ser visto como alguém realmente fora do padrão humano comum.
As pessoas normais andam normalmente pisando no chão. Se alguém andar voando a 0,50 cm do piso, sem qualquer dispositivo extracorpóreo, temos que admitir que esta pessoa seja fora de série. Se toda gente é pecadora enquanto Jesus é impecável, não cometendo erros morais, não desobedecendo à lei divina e nem vivendo egoisticamente, então não há opção, Jesus é o Cristo.
Já que Jesus é impecável como pessoa, perfeito em tudo que disse e fez, devemos concluir como o escritor francês racionalista e ateu, Ernest Renan, quando pesquisava sobre a divindade de Jesus, ao dizer: "Rabino de Nazaré, se tu não és Deus, homem também tu não és". Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes? João 8:46.
Crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, o Salvador dos incrédulos, é um imperativo da razão e uma necessidade ontológica conclusiva. Não é possível um ser perfeito, ser apenas humano. A perfeição moral, espiritual e a saúde física integral e insuperável de Jesus apontam para um homem além das suas fronteiras humanas. Jesus é a encarnação do Messias que veio salvar a humanidade de sua mania messiânica de querer ser como Deus.
A fé em Cristo é o antônimo do pecado dos pecados. Quem vive, espiritualmente, por conta própria, vive na autonomia pecaminosa da auto-suficiência. Aquele que só depende de Cristo em sua confiança, não será julgado no tribunal divino. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. João 3:18.
Todos nós nascemos incrédulos em relação a Cristo, logo, todos nós viemos ao mundo já sentenciados e condenados ao inferno. Quem não crê já está julgado. Assim sendo, crer em Cristo é a supressão da pena e a libertação do banimento eterno, por causa da descrença.
O problema que arrasta o ser humano para o castigo eterno no inferno não é simplesmente a transgressão da lei divina, mas a incredulidade referente à pessoa de Cristo Jesus. Neste texto acima ressaltado, ninguém será julgado pelos seus atos certos ou errados, pelas suas obras boas ou ruins, pela sua conduta adequada ou inadequada, mas pela sua fé ou descrença em Cristo. Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos pecados. João 8:24. O pecado que gera os pecados é não crer que Jesus é Javé.
Eu Sou é o caráter atemporal de Cristo. Aqui não há passado, nem futuro. Jesus é o presente eterno. Ele é o Eu Sou interminável para a salvação dos descrentes, a fim de torná-los crentes permanentes nele apenas, através da fé dada por ele mesmo. Mas o que peca contra mim violenta a própria alma. Todos os que me aborrecem amam a morte. Provérbios 8:36. A Sabedoria em Provérbios é a própria essência da pessoa de Cristo.
A salvação eterna está em Jesus, o Cristo. Aquele que vive pela fé na pessoa e obra de Jesus Cristo, vive eternamente salvo do pecado dos pecados. Ele não vive mais no ateísmo, ainda que cometa algum delito, mas aquele que não crê em Jesus continua na prática do pecado duradouro. Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus. João 3:36.
Tudo o que não procede da fé é pecado. A fé decorre da audiência das palavras de Cristo. Sem Cristo Jesus crucificado não há libertação do pecado, nem a doação da fé, pois ele é o autor e o realizador da fé. Tudo o que o Pai tem para a humanidade pecadora foi proposto em Cristo Jesus, nosso Salvador. E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos. Atos 4:12.
Todo aquele que crê em Cristo de todo o seu coração, não pode viver no pecado dos pecados, pois Cristo, a semente divina da fé e da libertação do pecado, está nele, por isso, todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. 1 João 3:9.