Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - O PRINCÍPIO QUE PRINCIPIA O EVANGELHO
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O PRINCÍPIO QUE PRINCIPIA O EVANGELHO
Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. Marcos 1:1
O princípio do Evangelho de Cristo é o próprio Cristo. - Antes que houvesse a queda já havia a redenção. O Evangelho antecede ao pecado. O princípio do Evangelho é o Evangelho antes do princípio. Nada pode ser mais reconfortante do que saber que Deus já havia providenciado a cura, antes mesmo que houvesse a doença.
O Evangelho é a boa notícia do Deus que se importa com gente caída, a ponto de Seu filho se identificar com os caídos, a fim de libertar os Seus, que caíram, desse jeito caído de ser gente idealizada, que vive apenas caiada, tentando ser o que não é.
O Evangelho não é religião. Já vimos nessa série que a religião é o esforço dos seres humano, na tentativa de parecerem-se dignos para alcançar o favor da divindade. A religião está centrada no que o homem faz para ser aceito e aprovado pelos ídolos da sua crença. Mas, no Evangelho, nós somos aceitos e aprovados em Cristo, pela graça do Pai.
Religião é o que nós fazemos para a nossa aprovação. Evangelho é tudo o que Cristo Jesus fez e faz para a nossa redenção. O cristianismo, de fato, não é uma religião. As religiões são humanistas, mas não são humanas. O humanismo quer fazer do homem um ente que se baste a si mesmo, todavia, isto é desumano. Nós não somos onipotentes.
O humanismo é fruto do pecado. - Ser humano é ser uma criatura. Mas, ser um humanista é querer ser como se fosse o Criador. O humanismo é a presunção de um ser humano caído, tentando viver pela sua autodeterminação. É o absolutismo da queda.
O cristianismo é humano, só não é humanista. Deus se fez homem para salvar o homem da mania de querer ser como Deus, pois humanismo é síndrome de divino. Não há completude nesse ser caído nem condições humanas de ser perfeito e autossuficiente.
O humanismo é a tendência desumana de querer que o ser humano se baste a si mesmo, fazendo todas as coisas pela sua própria força e capacidade. Jesus entretanto, foi claro: Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. João 15:5.
O cristianismo e o humanismo têm muitas posturas em comum, embora, sejam totalmente diferentes. O cristianismo é Cristo vivendo Sua vida divina em quem crê, mas o humanismo é o homem querendo viver a sua vida deificada, como se fosse um deus.
Quando o cristão faz boas obras, esta ação tem como base a vida de Cristo em seu interior. Só uma cepa boa pode produzir bons frutos. Neste caso, ele adora, pois sabe que tudo o que é de bom nele depende do único Bom que vive nele. Quando o humanista faz alguma caridade, logo sobe à sua consciência o seu orgulho e vaidade. Ainda que os atos de bondade sejam semelhantes, quanto à aparência, eles são radicalmente opostos.
No cristianismo, é Cristo quem vive naquele que foi crucificado com Ele, porém, no humanismo, é o sujeito altivo que se propõe a dirigir a sua vida como se fosse apto. - A vida cristã é implantada pela graça, mas a humanista é uma reputação do mérito.
Para o humanismo, Deus não é necessário, já que o homem é o deus absoluto da humanidade caída. Jean-Paul Sartre dizia: “A vida não tem sentido, a priori ... até você lhe dar um significado e valor... o significado é o que você escolher.”
No humanismo vemos o ser humano ensimesmado, tentando adequar sua vida cá de baixo, como se fosse a vida lá de cima. Ele busca ser justo com sua própria justiça - maculada pelo orgulho. No cristianismo, porém, a justiça de Deus é imputada no íntimo do pecador, sem qualquer mérito de sua parte. Deus só nos justifica pela justiça de Cristo.
O humanista até se percebe humano, embora, não viva como humano. Ele vive o tempo todo querendo ser como Criador. Veja: “É estranho que, enquanto por um lado, o homem grita pedindo ajuda em sua doença desesperada, por outro ele recusa até mesmo a possibilidade de um remédio que esteja além de sua capacidade” diz Akbar Abdul-Haqq.
Para o humanismo, o homem não é só a medida de todas as coisas, como bem sustentou Protágoras de Abdera, mas, também, é a razão para todas as medidas. Se algo não poder ser compreendido e explicado, pela razão humana, não pode ser admitido.
O cristianismo não pode ser considerado humanista, uma vez que, não poderá jamais ser explicado pela razão. Nem a encarnação, nem a crucificação de Deus cabem no diâmetro da mente humana, muito menos, a ressurreição do homem - Jesus.
Quando o apóstolo Paulo anunciava a mensagem do Evangelho ao rei Agripa e a rainha Berenice, Festo, o procurador romano, na Judéia, procurando ouvir também essa pregação, gritou: Estás louco, Paulo! As muitas letras te fazem delirar! Atos 26:24b.
A loucura do Evangelho é esse Evangelho incompreensível à razão e louco de amor para com os pecadores perdidos e indignos. Nada pode ser mais ofensivo ao pódio do humanismo do que ver um perdedor subir, no lugar de destaque, como um vencedor.
Outro grande problema dos humanistas é a fé. Eles confundem a prova, com fé e a hipótese com convicção. Veja esse exemplo de Joss Whedon, ao dizer: - “Fé em Deus significa crer em algo absolutamente sem nenhuma prova. - Fé na humanidade significa crer absolutamente em algo com uma enorme quantidade de provas em contrário. Nós somos os verdadeiros crentes.” Nós quem? Na ciência não existe fé, só experiência.
Ora, se há prova não precisa de fé. Se for por fé, não há necessidade de prova alguma. Fé jamais se baseará em evidências. Veja a natureza da fé: - a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Hebreus 11:1. Desde de que haja prova, constatável, já não estamos no terreno da fé, mas no da ciência.
O princípio do Evangelho é que o Evangelho é o princípio da fé. - Ninguém vem ao mundo portando alguma dose de fé. Ela é um dom de Deus, que vem mediante o ouvir da Palavra de Deus, tendo Jesus como o Seu único autor e executivo.
Os milagres não podem gerar fé, ainda que a fé possa produzir milagres. Não é o que vejo, mas em quem creio, que causa o milagre. O primeiro milagre é a própria fé em quem creio, que me faz ver aquilo que creio. Jesus disse a incrédula Marta: Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus? João 11:40. Crer nEle é vê-Lo.
O humanismo não tem fé, mas expectativa. Não se expressa por convicções de fato, mas pela probabilidade dos fatos. É a religião do homem, sustentada pelo homem. A sua esperança termina na lápide, com diz Kurt Vonnegut, um de seus mestres. “Sendo um Humanista - significa tentar se comportar, decentemente, sem expectativa de recompensa ou punição depois que você estiver morto.” Tudo vai acabar no frio: “aqui jaz”.
Segundo Jesus, muitos não creram nele porque não eram das suas ovelhas. Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. João 10:26. As Suas são marcadas nas orelhas e nas patas: ouvem a sua voz e o seguem. Se eu creio em Jesus é porque fui capacitado pelo Espírito Santo a ouvir a voz do Supremo Pastor.
O humanismo tem coisas boas, mas acaba suprimindo o melhor. Aquele que se esforça para garantir o seu sustento, com suor, lágrimas e sangue - não tem o mesmo desfrute daquele que foi convidado para participar do banquete, porque é amigo do Rei. No cristianismo não há troca de favores, nem preocupação com recompensa ou castigo.
“Só porque eu não aceito os ensinamentos dos devotos, não significa que - eu tenha descartado uma crença no certo e errado.” Essa é a religião humanista. O bem e o mal são ramos da mesma árvore que deu o tombo na raça. Contudo, a árvore que salva é somente a da Vida. Não se trata da evolução de Adão, mas da substituição da vida caída pela vida do Alto. E só a morte com Cristo pode nos permitir receber a vida de Cristo.
Alguém já disse que o Diabo é, de fato, um humanista inveterado, porém é bom relembrar que foi Deus quem se fez homem para salvar o homem dessa mania humanista de querer ser como Deus. A religião do homem o faz meritocrático e excessivamente altivo para se manter adequado no panteão desses semideuses fajutos. Mas o bom Evangelho da graça nos liberta de toda e qualquer pretenção de autossuficiência.
O Evangelho de Deus é tudo o que Jesus realizou em favor do pecador. A dura religião do humanismo é tudo o que o ser humano faz para se tornar digno diante de Deus por meio dos seus méritos. A religião enfatiza os atos humanos - Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos, repreendeu a Pedro e disse: Arreda, Satanás! Porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens. Marcos 8:33.
Quero terminar com um pensamento de L. Nelson Bell - “Os cristãos precisam reconhecer, o fato solene, de que, o humanismo não é um aliado na busca de um mundo melhor para viver. É um inimigo mortal, pois é a religião sem Deus e sem esperança neste mundo e no próximo.” Se for Cristo fazendo, é Evangelho; se formos nós, religião. É isso.
No evangelho, Deus faz tudo o que diz respeito à redenção do caído, enquanto o caído, alcançado pela graça, reage, responsavelmente, à ação divina, arrependendo-se de si mesmo e crendo na suficiência da graça, como efeito da graça. O princípio do santo Evangelho é Cristo, Cristo, antes mesmo do princípio, principiando salvar o Seu povo com a supremacia e soberania de Sua graça plena. Aleluia. Amém.