Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - O pecado dos pecados IV
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O pecado dos pecados IV
Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza. Zacarias 13:1
.Já vimos, anteriormente, que o pecado, do ponto de vista de Jesus, é não crer nele. A incredulidade relacionada à pessoa de Cristo Jesus é de fato a muralha que nos separa de Deus, distanciando-nos dEle. Toda a humanidade encontra-se apartada de Aba e não existe nenhuma ponte que nos ligue a Ele, senão o Filho. Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. João 14:6.
O que separa o ser humano de Deus Pai é o pecado. O que o aproxima dEle é a fé na pessoa de Cristo Jesus. Todos nós viemos ao mundo, incrédulos. Desviam-se os ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo mentiras. Salmos 58:3. Por índole somos ímpios congênitos ou apartados de Deus pela descrença inata.
A raça adâmica é atéia por natureza. Do céu, olha Deus para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Salmos 53:2. Não existe interesse no ser humano espontaneamente por Deus. Somos todos descrentes instintivos.
Nenhuma criança surge neste mundo crendo na pessoa de Deus. A fé em Deus não é um atributo essencial da espécie humana. Nós nascemos com a capacidade para experimentar apenas a realidade fenomenológica. Aprendemos mediante fatos relacionados com os nossos sentidos diante destes dados fenomenais. Porém, não somos dotados de uma aptidão natural correspondente à fé natural.
O cepticismo é o aparte mais freqüente do pecado. Não crer em Deus é automático a qualquer pessoa. Crer é algo sobrenatural, pois a fé transcende à física. Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem. Hebreus 11:1.
O terreno da confiança é a espera convicta da realidade espiritual não sensória, uma vez que uma esperança concreta ou manifesta é um contra-senso à fé que se apóia na pessoa de Cristo. Como todos nós nascemos agnósticos em relação ao Deus invisível, todos nós somos incapazes de crer nos fatos que ultrapassam a realidade material. Se virmos algo, não creremos. Se viermos a crer, não precisaremos ver.
O sujeito da fé tem que ser rigorosamente visível, embora o objeto da sua fé seja inteiramente invisível. A coisa objetiva ou concreta isenta o exercício da fé. Logo, aquele que crê não necessita de nenhuma evidência, pois se houver alguma evidência não haverá a menor necessidade de fé. Onde houver constatação do fato, se constatará a falta de fé.
A fé se baseará sempre na palavra audível do Deus absconditus, quando Ele falar ao coração do ouvinte que escuta, a fim de levá-lo a não confiar em seus próprios sentidos, mas confiar no sentido sobre-humano da sua divina palavra encarnada, Cristo Jesus. E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. Romanos 10:17.
Nunca haverá fé se não houver a vivificação da palavra do Deus invisível por trás do ato de confiança do crente. O pecado nos matou espiritualmente. Somos incrédulos por constituição. Todos nós nascemos mortos para Deus. Ninguém consegue crer em Deus se primeiro não for vivificado no espírito por meio da palavra de Deus.
A história da humanidade é uma descrição do pecado de ateísmo. A Serpente levou Adão a descrer na palavra de Javé Elohim, por meio do engano de Eva. Ela foi iludida, mas Adão agiu por descrença semelhante à moda diabólica. Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. 1 João 3:8.
A principal obra do inferno é a descrença. O que separa qualquer pessoa de Deus é não crer na pessoa de Cristo Jesus. Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. Hebreus 3:12-13.
O que afasta um sujeito de Deus é o pecado. Estamos examinando o tema em que o pecado é não crer na pessoa de Javé Elohim ou, não crer no Senhor Jesus Cristo como Salvador. Os demônios até crêem que há um só Deus e tremem diante deste fato, mas não crêem em Cristo como o Redentor. Assim, eles jazem no pecado, como todas aquelas pessoas que não receberam a Cristo em suas vidas, como único Salvador e Senhor.
Quero continuar insistindo com este assunto do pecado como sendo ausência de fé relacionada com Javé Elohim. Faço aqui um paralelo entre dois episódios de pecados na vida de Davi. O primeiro, quando cometeu adultério com Berseba, assassinando depois o seu marido: Então, disse Davi a Natã: Pequei contra o SENHOR. Disse Natã a Davi: Também o SENHOR te perdoou o teu pecado; não morrerás. 2 Samuel 12:13.
Esta foi uma transgressão grave, mas Davi, em outra ocasião, achou muito mais grave um pecado que normalmente não entendemos que seja tão grave. Quando Davi mandou fazer o recenseamento do seu exército, ele percebeu que havia cometido um pecado muito sério: Sentiu Davi bater-lhe o coração, depois de haver recenseado o povo, e disse ao SENHOR: Muito pequei no que fiz; porém, agora, ó SENHOR, peço-te que perdoes a iniqüidade do teu servo; porque procedi mui loucamente. 2 Samuel 24:10.
Contar o exército é um pecado mais grave do que matar e adulterar? Os dois são seriíssimos, mas confiar na sua tropa é muitíssimo mais sério do que não confiar no Senhor. O pecado da incredulidade leva aos pecados de rebeldia e transgressão. A questão em jogo aqui no levantamento deste censo é: em quem Davi estava confiando?
O pecado dos pecados é, com certeza, a incerteza de um coração cético diante da palavra de Deus. Descrer em Javé Elohim gera separação de Deus Pai. Viver descrente em Cristo é viver no pecado ou morto espiritualmente. Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Romanos 5:12.
Vimos, em outro estudo, que o justo viverá pela fé. Sabemos que Cristo é a Vida que veio a fim de nos dar vida e vida plena. Ora, se o pecado gera a morte espiritual, Cristo nos dá a vida abundante, e, deste modo, a vitória sobre o pecado é a fé em Cristo.
O pecado de impiedade ou o descrédito da palavra de Deus determinou o afastamento do ser humano da presença do Senhor. Esta autonomia é denominada de morte, pois separa a criatura do Criador. Por isso, o Criador, querendo reconciliar o incrédulo com ele mesmo, teve que assumir as conseqüências do pecado. A morte de Cristo para o pecado em favor do pecador é o preço do pecado pago pelo Criador por sua redenção.
Cristo morreu em favor do descrente, daquele que se encontra morto espiritualmente em delitos e pecados, a fim de reconduzi-lo à comunhão com o Pai pela fé doada por Cristo. Ambrósio dizia: "se você continuar incrédulo até sua morte física, então Cristo não terá morrido por você". A isso adito: se você vier a crer em Cristo com fé dada por Cristo no milagre da revelação do Espírito Santo, sem dúvida você é um eleito do Pai.
Aba nos elegeu como seus filhos em Cristo antes da fundação do mundo. Depois da queda proveu a nossa vivificação em Cristo pelo anúncio da palavra revelada pelo Espírito, quando estávamos mortos no pecado. Assim, o Pai nos deu vida eterna em Cristo, ao fazê-lo morrer a nossa morte para o pecado e ressuscitá-lo para a nossa regeneração.
Cristo Jesus, o Deus-Homem, é a nossa salvação do pecado de ateísmo prático e, ao mesmo tempo é Autor e Consumador de nossa fé. O pecado é não crer em Cristo Jesus. A salvação do pecado é crer somente em Jesus Cristo. Desembaraçar do pecado é olhar para Jesus que nos dá vida eterna na sua ressurreição e fé para crermos nele como o nosso libertador do pecado. Dele todos os profetas dão testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados. Atos 10:43.
Todos os que crêem na pessoa e obra de Cristo Jesus recebem a vivificação espiritual mediante a proclamação da palavra de Deus, revelada pelo Espírito Santo. Todos que foram vivificados pela palavra receberam a fé que vem por Cristo para poderem crer na pessoa de Cristo. Pois, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. Gálatas 3:23.
Nós estávamos mortos no pecado. Nós éramos incrédulos por índole. Não havia possibilidade de crermos em Cristo se ele não produzisse vida espiritual em nós e não nos desse de sua fé para crermos que o Jesus histórico era o Emanuel, isto é, Deus conosco.
O pecado é não crer em Jesus como o Cristo. A salvação do pecado é crer de todo o coração que Jesus é o Cristo que morreu para o pecado, fazendo-nos morrer juntamente com ele, dando-nos a vida eterna em sua ressurreição, bem como a fé em sua pessoa, a fim de crermos nele, arrependendo-nos do nosso pecado.
Quando Filipe pregava o evangelho ao ministro do tesouro da rainha Candace, da Etiópia, chegaram a um lugar em que havia bastante água. Então, ele perguntou a Filipe o que o impedia de ser batizado. Filipe respondeu: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. Atos 8:37.
A fé concedida por Cristo é a antítese do pecado. O pecado é não crer em Cristo, logo, a salvação do pecado só poderá ocorrer através da fé legítima de Cristo dada por Cristo ao incrédulo pecador. O Pai nunca mudou sua prática da salvação. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. Gálatas 3:8.
Na pregação da palavra de Cristo, os mortos espirituais, eleitos em Cristo desde a fundação do mundo, ouvem a palavra do evangelho que os vivifica pela ressurreição de Cristo e os capacita a crer em Cristo, arrependendo-se de sua autoconfiança, a fim de viver crendo na suficiência da pessoa de Cristo. Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! Romanos 11:36.