Estudo | Glenio Fonseca Paranaguá - UMA PORTA ESCANCARADA POR CRISTO
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UMA PORTA ESCANCARADA POR CRISTO
Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: Estas coisas diz o santo, o verdadeiro, aquele que tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fechará, e que fecha, e ninguém abrirá: Apocalipse 3:7
Filadélfia significa amizade entre irmãos. Amor de irmãos. Apesar do seu caráter local de comunidade do I século, essa é uma igreja que começa no século XVIII, quando o Santo e Verdadeiro decidiu abrir a porta do avivamento que se espalhou da Europa para o mundo. Foi uma época marcante do evangelismo mundial.
Filadélfia e Smirna são as únicas igrejas que não sofreram censura da parte do Senhor, embora, nas duas, estejam fincadas as sinagogas de Satanás. Isto nos faz crer que, onde houver antagonismo à fé, haverá uma maior consistência na via sacra da peregrinação espiritual. Parece que a perseguição facilita à purificação. Isto é um fato tão marcante, que inimigos espertos da cruz de Cristo procuram não entrar nesse jogo duro.
Benjamim Fernando já disse: “esmagar a igreja é como esmagar o átomo: a energia de alta qualidade é liberada em quantidades enormes e com efeitos miraculosos”. A perseguição é um dos sinais mais valiosos para o avanço do Evangelho. Sto. Agostinho também dizia: “os mártires foram presos, amarrados, açoitados, supliciados, queimados, torturados, rasgados, cortados - e multiplicaram-se”.
Ao examinar a igreja de Filadélfia, o Senhor afirma alguns pontos chaves que precisamos ver aqui: Conheço as tuas obras - eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a qual ninguém pode fechar - que tens pouca força, entretanto, guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome. Apocalipse 3:8.
Jesus não só conhece as nossas obras, mas também as motivações que as movem. Ele sustenta que a porta escancarada da evangelização foi posta por Ele e que ninguém poderia trancá-la. Afirma ainda que esta igreja não é poderosa; na verdade ela é até impotente, mesmo assim, ficou firme na Palavra e não negou o Seu nome.
No Reino de Deus, a fraqueza é o ponto de partida do poder do Altíssimo. Paulo entendeu isto muito bem quando o Senhor lhe disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. 2 Coríntios 12:9.
A fraqueza é a marca registrada do Cordeiro e daqueles que são alcançados pela graça. Vejam que o padrão do céu na terra é a fraqueza, mas é a maior expressão do poder do alto, na igreja, sob a cruz: Porque, de fato, Jesus foi crucificado em fraqueza; porém, vive pelo poder de Deus. Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos, com ele, para vós outros pelo poder de Deus. 2 Coríntios 13:4.
Apesar de ser uma igreja sem força, acabou sendo um baluarte do poder de Deus na história do cristianismo. O mover do Espírito na antiga Morávia do Conde Nicolau Zinzendorf, atual Tchecoslováquia, pode ser o marco deste poder que se revelou sobre os entulhos de uma época de fragilidade. Talvez, por isso, em nenhum momento da história eclesiástica, a igreja tenha sido tão atuante, como o período de Filadélfia.
A igreja enfrentou o império humanista sinistro com firmeza na Palavra e o Senhor fez com que a “nobreza” deste mundo se dobrasse ante o poder da fraqueza dos pobres mendigos da graça. Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei. Apocalipse 3:9.
Talvez aqui haja uma pista do tipo dos construtores do Templo de Salomão, prostrando-se na plataforma de sustentação desse organismo vivo, a igreja. Acredito que a infiltração de arquitetos agachados possa ser uma bênção do quebrantamento daqueles membros da sinagoga, mas também, a estratégia mais sutil dos inimigos do Evangelho.
A presença de alguns maçons, transformados pelo amor de Cristo, facilitou o ingresso da turma irmã, mas do outro lado da luz, no seio da igreja. Foi aí que se deu, de novo, o velho caldeamento do pensamento caldeu. O caldo misturado do humanismo com a graça gerou a base para a sustentação do modelo de Laodicéia, que veremos depois.
Filadélfia, entretanto, foi uma igreja que sempre se pautou pela Palavra de Deus. Como disse MacLaren: “aquele que tem o Espírito Santo no coração e as Escrituras na mão tem tudo de que precisa”. Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra. Apocalipse 3:10.
Aqueles que guardam a Palavra em seus corações têm a garantia de Deus, que também serão guardados no final das contas. Como ensinava o Rev. Vance Havner: “não há diabo nos dois primeiros capítulos da Bíblia, nem nos dois últimos. Graças a Deus por um livro que elimina o diabo”! Que segurança é saber que Deus tem a Palavra capaz de banir o inimigo que apareceu no meio do processo.
A fé evangélica é dada pela graça e mantida pela perseverança sustentada através da graça, na Palavra. Não há, todavia, uma perseverança isenta de tribulação, embora, haja uma promessa a essa igreja, que a liberta da provação que vem sobre o mundo inteiro. Parece claro aqui que o Senhor vai preservar esses irmãos do sufoco.
Tudo faz crer que a família de Deus, em que os irmãos são amigos, porque são filhos do Altíssimo, não vai passar por essa dura provação global. O Senhor dá a sua Palavra: eu te guardarei da hora da provação mundial.
Porém, é bom lembrar: só o trigo será recolhido. Em todos os bons campos de cultivo vemos o trigo e o joio misturados. Observe, contudo, o que Jesus disse: Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro. Mateus 13:30. A escória é armazenada num lugar para o fogo; o trigo é retirado.
A apostasia antecede ao arrebatamento. O joio vai ser amarrado em molhos e os sistemas religiosos vão cultivar, em feixes e, com abundância essa espécie que bem se assemelha ao trigo, mas é cizânia, que apenas consiste em consistência inconsistente.
Nesse tempo de futilidade haverá uma onda glacial nas almas. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Mateus 24:12. Mas, “a apostasia nunca começa com uma forte explosão... começa de modo silencioso, sutil, vagaroso e insidioso”, diz J. Blanchard. Embora, como tiririca, toma conta do jardim.
Jesus fala algo espantoso quando se refere aos obreiros freezers que são os promotores do gelo da alma: Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade. Mateus 7:23. O que é iniquidade?
Para Jesus, a questão é a seguinte: fazer tudo isto que o texto diz, sem que Ele os conhecesse de fato. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Mateus 7:22.
Iniquidade é, portanto: chamarem-no de Senhor, profetizarem, expulsarem demônios e fazerem muitos milagres em Seu nome, embora o Senhor jamais os tenha ordenado, porque nunca os conheceu. É falar em nome de Jesus sem a procuração dEle, para promover as causas humanistas. Isto é fraude e tem um preço em labaredas.
Entretanto, o Senhor fala aos que o ouvem: Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. Apocalipse 3:11. “Se você quer fugir de Deus, o diabo lhe empresta tanto as esporas como o cavalo”, mas, se você for de Jesus e o espera com confiança, Ele virá buscá-lo, a fim de levá-lo para a Casa do Pai.
Sendo assim, é preciso que conservemos o que temos recebido dEle e não deixemos que os astutos tirem a segurança da nossa condição de realeza celestial. Mas, é bom frisar: a certeza vem da graça tanto quanto a fé e nunca será tarefa de estivador.
Quem despreza uma tapera, por causa de um palácio, não tem como falar de renúncia. Quem abdica deste mundo em virtude do vindouro, também nada pode falar de prejuízo. Esperar com paciência a vinda do Senhor é infinitamente melhor do que a maior expectativa de êxito num mundo de 50 tons cinzentos destinado às cinzas.
Ao chegar ao final desta carta temos um patrimônio eterno nos esperando. Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus, e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu Deus, e o meu novo nome. Apocalipse 3:12. Antes de tudo, quero ressaltar que a nossa vitória é em Cristo. Nós não vencemos porque lutamos, mas lutamos porque somos mais que vencedores nEle.
Vejam que Cristo é quem faz tudo. Ele nos faz como pilares no Santuário do Altíssimo, de modo permanente. Ele esculpe o nome de Deus, o nome da cidade de Deus e o Seu próprio nome, um nome novo, nos esteios do seu Templo.
O novo nome é Jesus Cristo que traz as marcas da encarnação, quando o Cristo eterno entrou em carne no perímetro humano, na pessoa de Jesus. Agora, Jesus Cristo é o Homem novo que encontra-se assentando como Deus no seio da Trindade.
Tudo isto testemunha a absoluta obra da graça de eternidade a eternidade. O triunfo eterno do Cordeiro tem o selo do amor incondicional sob o patrocínio soberano da Trindade Divina. Assim, Deus faz tudo em nós e nós também fazemos tudo o que nos diz respeito, mas planejado, promovido e suportado pela graça plena.
Agora, resta o mesmo estribilho da fé nas sete cartas: Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Apocalipse 3:13. A verdadeira igreja é como uma sociedade sem classes, mas que, com classe ouve atenta o que o Espírito de Cristo lhe fala. A fé é a graça que escuta a voz graciosa do Paracleto com o sotaque das Escrituras.
Jesus disse aos seus discípulos: As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. João 10:27-28. Quem tem ouvidos ouça. Amém!